Em um momento em que a crise climática e os impactos da má gestão de resíduos se agravam, a compostagem surge como uma resposta prática, acessível e urgente. De 4 a 10 de maio, o Brasil participa da Semana Internacional da Compostagem (ICAW – International Compost Awareness Week), uma mobilização global que destaca os benefícios ambientais, sociais e sanitários dessa prática. Coordenada no país pela Associação Brasileira de Compostagem (AB|Compostagem), a iniciativa chama atenção para o papel transformador da compostagem — que vai da regeneração dos solos à proteção da vida animal, passando pela redução de gases de efeito estufa.

O problema do lixo orgânico vai muito além da poluição visual ou do mau cheiro. Descartado em vias públicas, terrenos baldios ou lixões, animais em situação de rua, aves e até mesmo espécies silvestres que buscam alimento, se expõem a riscos de contaminação por substâncias tóxicas e resíduos impróprios. Em áreas rurais e periféricas, a situação se agrava com a presença de porcos e outros animais pastadores que fuçam o lixo em busca de comida, ingerindo materiais plásticos e químicos perigosos.

Uma das situações mais preocupantes nesse cenário é o chamado “lavageiro” — a utilização de restos de alimentos coletados em feiras, supermercados e restaurantes para alimentar porcos.

Apesar de comum em muitas regiões, essa prática é irregular e insalubre: entre as sobras orgânicas, frequentemente estão plásticos, sacolas, papelões e até embalagens Tetra Pak, que vão parar diretamente nos cochos.

Os danos à saúde animal podem ser graves, levando a infecções, intoxicações e até morte. Além disso, esse ciclo de contaminação representa risco à saúde pública e ao meio ambiente.

Segundo Felipe Pedrazzi, presidente da AB|Compostagem, é preciso enxergar a compostagem além da técnica: “A compostagem não é só uma forma ambientalmente correta de tratar o lixo. É uma solução segura, sustentável e ética, que protege pessoas e os animais.