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Competição de cães estimula a pureza das raças e a comercialização de animais

7 de março de 2014
5 min. de leitura
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(da Redação)

crufts

Crufts é o nome de uma competição anual britânica de cães de raça que testa a aparência, a agilidade e a habilidade dos participantes em alguns truques. Por que será que a RSPCA se recusa a participar do Crufts? Ou por que a BBC não transmite o show canino em nenhum de seus canais?

Animais que se reproduzem com o objetivo de apresentar características físicas exageradas, e pessoas obcecadas por linhagens “puras” que fazem familiares se acasalarem uns com os outros, não é algo apenas assustador – é uma receita para um desastre genético que provoca um enorme sofrimento para os cães. As informações são do blog do PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais).

Cães de raça são geralmente menos saudáveis ​​do que os SRDs. Eles sofrem de uma variedade de problemas de saúde hereditários, que podem fazer de suas vidas uma constante luta e muitas vezes levam a uma morte prematura. Existem mais de 500 doenças genéticas conhecidas nos cães, todas elas associadas à baixa variabilidade genética. Além disso, alguns criadores admitiram terem matado animais saudáveis, simplesmente por não corresponderem às arbitrárias exigências do Kennel Club (organização que criou o sistema de registro de raças).

Confira algumas das doenças características das raças mais notoriamente problemáticas – que são, no entanto, premiadas no Crufts todos os anos:

Basset Hound

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Seu físico estranho, com pernas curtas e corpo alongado, não é nada prático: a sua caixa torácica é frequentemente muito estreita para apoiar a sua coluna vertebral, o que torna arriscado para ele saltar ou até mesmo subir escadas, além de poder desenvolver problemas na coluna que fazem com que mesmo o menor movimento seja extremamente doloroso. Seu excesso de pele e suas orelhas longas o deixam vulnerável ​​à infecções fúngicas desagradáveis​​, enquanto os olhos excessivamente caídos podem causar irritações constantes. E isso não é tudo – bassets também podem desenvolver displasia do quadril, glaucoma e uma série de outras condições angustiantes.

Dogue de Bordeaux

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Esta raça tem umas das menores expectativas de vida comparada com qualquer outro cão: aproximadamente cinco anos. Durante a sua vida tragicamente curta, problemas dolorosos nas articulações podem deixar esses animais constantemente mancos, e eles apresentam alto risco de sofrer torção gástrica – uma torção do estômago, que pode matá-los em poucas horas. Devido aos seus focinhos curtos, eles são particularmente sensíveis a variações extremas de temperatura e podem morrer repentinamente em climas muito quentes.

Cavalier King Charles Spaniel

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Talvez a doença hereditária mais dolorosa destes pequenos cães é a siringomielia – uma condição neurológica em que o cérebro se torna muito grande para o seu crânio. A dor severa faz com que eles muitas vezes gritem e contorçam o pescoço, em um esforço para aliviar a dor, mas a doença pode levar à paralisia. Como se isso não bastasse, eles também são vulneráveis ​​à doença da válvula mitral, um problema cardíaco geralmente fatal, bem como doenças oculares como catarata.

Rhodesian Ridgeback

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Estes cães são predispostos ao câncer, apresentam alto risco de torção gástrica, além de serem vulneráveis à catarata, à doença degenerativa da coluna vertebral e à surdez. Suas costas sulcadas são freqüentemente associadas com um problema de saúde chamado sinus dermóide, que pode penetrar profundamente nos tecidos e causar dor, infecção e até mesmo a morte.

Pastor Alemão

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A displasia do quadril – uma deformidade genética em que o osso da coxa não se encaixa corretamente no soquete do quadril, e faz com que o osso se desgaste ao longo do tempo – é um risco para esta raça. Isso leva à artrite crônica, dor incapacitante e pode ser tratado apenas com cirurgia invasiva. Pastores alemães também podem desenvolver mielopatia degenerativa, uma condição neurológica semelhante à esclerose múltipla em humanos, que provoca paralisia das patas traseiras, bem como uma série de outros problemas.

Bulldog

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O Bulldog é um exemplo de como a interferência humana pode ir longe demais. Seu corpo distorcido e cabeça muito grande tornam seu acasalamento e parto quase impossíveis sem assistência de uma pessoa – na verdade, até 80% dos bulldogs nascem de cesariana. Esses cães apresentam malformação do quadril, coluna e boca;  infecções cutâneas dentro de suas rugas profundas; doenças oculares e uma longa lista de doenças respiratórias. O corpo de um bulldog é cheio de problemas potenciais.

Estes são apenas alguns exemplos de raças cuja linhagem, muitas vezes, vem com alto custo para a saúde e bem-estar do animal.

Segundo o artigo “Você faz questão de um cão de raça? Pense duas vezes”, do biólogo e ativista Sérgio Greif, a criação de cães de raça é em si um erro, porque ela produz animais que na verdade só existem para atender à futilidade e aos padrões de estética que as pessoas estipulam. Seres humanos que de fato gostam de cães não fazem distinção entre cães de raça e SRD. “Sim, a exploração de cães em canis é uma forma de exploração animal tão grave quanto qualquer outra (…) Porque o objetivo de um criador é o lucro e ele só alcança esse lucro se conseguir maximizar sua produção”, diz Greif em seu artigo.

Para que isso aconteça ele deve fazer com que seus cães se reproduzam o máximo possível. Isso significa que cada fêmea matriz deve ter o máximo de ninhadas no menor tempo possível. Essas fêmeas são “animais condicionados a viverem por toda a sua vida em gaiolas recebendo apenas água e alimentos, produzindo ninhada atrás de ninhada, até que sua vida reprodutiva acabe e seja ela mesma comercializada ou abandonada em algum local”, afirma o biólogo.

A compra de um cão de criador financia este tipo de exploração, por isso a adoção de um animal abandonado é a melhor opção.

Envie uma mensagem para o canal de TV More4 da Inglaterra e peça que ele siga o exemplo da BBC e pare de transmitir o Crufts – um show canino antiético que estimula a pureza das raças e a comercialização de animais.

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