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EXISTÊNCIA

Como podem algumas espécies sobreviverem à mudança climática?

Os genes benéficos dos híbridos precisam existir em primeiro lugar e ser transferidos entre as espécies através dos seus cruzamentos

31 de agosto de 2022
3 min. de leitura
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Os animais híbridos são espécies que resultam do cruzamento de diferentes espécies. Este cruzamento dá origem a seres cuja aparência mistura características dos pais

De forma geral, uma espécie é definida como um grupo de organismos que se inter-relacionam e produzem crias férteis. Quando plantas e animais individuais não podem ter esta relação, o chamamos de espécies diferentes.

Os híbridos, ou organismos que contêm DNA de mais de uma espécie, eram supostamente animais reprodutivos com pais de diferentes espécies que não tinham senso comum darwiniano. Mas agora, novos dados genômicos dão provas aos cientistas de que espécies, mesmo as que não estão muito relacionadas, têm trocado genes num ato de desafio evolutivo que não é assim tão raro de desaparecer.

E como os eventos de secas, inundações e ondas de calor interferem na estabilidade ecológica da qual dependem muitas espécies, as espécies híbridas podem estar melhor preparadas para enfrentar as mudanças climáticas do que as espécies progenitoras que as criaram.

O que são os híbridos e qual a relação com as mudanças climáticas?

A hibridação tem muitas implicações para as mudanças climáticas; o Homo Sapiens é um grande exemplo disso.

Os cientistas há muito pensam que quando os humanos e os Neandertals (estes primatas surgiram há cerca de 400 mil anos na Europa e no Médio Oriente, e na Península Ibérica extinguiram-se há 28 mil anos) estavam no planeta ao mesmo tempo, a reprodução cruzada entre eles carregou para a nossa espécie importantes genes de sobrevivência que os Neandertals tinham aperfeiçoado ao longo de milhares de anos na Eurásia.

Estes genes poderiam incluir adaptações para uma melhor resposta imune e uma melhor absorção de raios UV. Genes úteis estes, visto que, à medida que migrávamos para fora da África, encontrávamos novos agentes patogênicos e tínhamos que nos ajustar aos climas eurasiáticos frios e nublados.

Graças à tecnologia genômica, sabemos que entre 2% e 4% do DNA da maioria das pessoas eurasiáticas está diretamente ligado aos Neandertals, e os genomas da maioria de nós possuem um pacote de genes não-Homo Sapiens, que trazem claros benefícios à nossa espécie.

“Ainda hoje há vestígios do DNA ligado aos Neandertals. Tudo como uma questão de adaptabilidade”.

Em vez de apenas aceitar esta flexibilidade híbrida, a evolução pode estar a conduzindo: as espécies que são capazes de obter os benefícios da hibridização com vantagens em relação à adaptação têm mais chances de sobrevivência a longo prazo, e podem lidar melhor com os novos ambientes e a crescente instabilidade que enfrentam atualmente.

Há uma pequena esperança para a resiliência da natureza

As espécies que passam por este processo de hibridação podem ser as mais resistentes; isto se o ser humano não destruir as terras selvagens, onde as espécies possam persistir e conviver umas com as outras.

Contudo, a destruição desenfreada do habitat pode já ter influenciado o destino de várias espécies, e o hibridismo não ocorre por mágica. Os genes benéficos dos híbridos precisam existir em primeiro lugar e ser transferidos entre as espécies através dos seus cruzamentos.

Este é um caminho para a sobrevivência, mas não uma garantia dela. Infelizmente, a maioria das espécies não terá tempo ou oportunidade de se beneficiar da hibridação, dado o ritmo atual das mudanças climáticas.

Mas ainda não é uma causa perdida! Tudo o que pode ser feito para amenizar as mudanças climáticas e preservar as áreas naturais poderá dar à biodiversidade uma oportunidade de se adaptar.

As ações humanas continuarão causando extinções, mas torcemos que o hábito de troca de genes proporcione uma forma para que algumas espécies se adaptem à extinção.

Fonte: tempo

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