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RISCO AMBIENTAL

Colapso de circulação oceânica pode acontecer nos próximos 30 anos

A circulação termohalina — movimento da água através do globo influenciada por temperatura e salinidade — corre risco de colapso nos próximos 30 anos

20 de abril de 2023
Por Rodilei Moraes
3 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Uma consequência do aquecimento global que os cientistas temem há anos pode estar próxima de se tornar realidade: o desequilíbrio da circulação oceânica. Novos estudos apontam que o derretimento do gelo na Antártida causaria um colapso no ciclo usual da água através do globo, o que poderia causar impactos no clima em todo o planeta.

O cenário previsto, em pesquisa realizada por pesquisadores americanos e australianos, indica que — ao contrário do que era imaginado anteriormente — o colapso na circulação oceânica deve acontecer no hemisfério sul e não no Atlântico Norte. Além disso, seu prazo é bem menor do que o esperado: ao invés de chegar somente no próximo século, o desequilíbrio pode vir nos próximos 30 anos.

Ao mesmo tempo, pesquisadores suíços demonstraram que a circulação no Atlântico Norte não falhou no final da última era glacial — outra teoria que especialistas acreditavam até então — mostrando que ele é mais estável do que se imaginava. A combinação destes resultados indica que a atenção do mundo, no que diz respeito ao equilíbrio dos oceanos, deve mudar de hemisfério.

A circulação termohalina

O grande sistema de correntes através do oceano — chamado de circulação termohalina — segue um padrão regular, movimentando o líquido através de diferentes profundidades e locais ao redor do globo. Isso permite com que diversos insumos que a água carrega consigo — nutrientes, o gás carbônico que ela absorve e até o próprio calor da atmosfera — sejam transportados e dispersados.

A água superficial, mais quente, afunda no oceano em apenas dois locais no globo: no Atlântico Norte, próximo à Groenlândia, e no hemisfério sul ao redor de toda a Antártida. Nestes locais, o congelamento de parte da água deixa para trás o sal que possuía dissolvido. O excesso deste material, por sua vez, deixa o líquido restante mais denso, permitindo que ele seja capaz de descer no oceano. Enquanto isso, a água que estava anteriormente no fundo se torna, então, capaz de subir e dar continuidade ao ciclo.

São 250 trilhões de toneladas de água afundando todo ano ao redor da Antártida e um volume similar faz o mesmo no Atlântico Norte. Por milhares de anos, o ciclo permanece o mesmo mas, com menos gelo se formando anualmente, esta dinâmica está em risco.

Quebrando a corrente

Com menos gelo marinho se formando e com mais geleiras derretendo, a água que chega através da circulação termohalina está ficando menos salgada e menos densa — consequentemente, menos capaz de afundar. No caso de um colapso da circulação oceânica no Atlântico Norte, um dos efeitos possíveis é o resfriamento da Europa, que seria privada da influência da água quente da Corrente do Golfo.

Por outro lado, os efeitos e as dimensões do colapso no Oceano Antártico foram, até o momento, menos estudados. As novas pesquisas indicam um declínio de 42% na recirculação de água nesta região até 2050: mais que o dobro da taxa prevista para a região da Groenlândia. Ao redor do globo, isso deve ser em um hemisfério sul mais seco e um norte mais úmido. Além disso, a dispersão de nutrientes ao redor do oceano será totalmente comprometida, afetando a vida marinha global.

Os resultados preocupantes para a região antártica não indicam, porém, que a circulação termohalina no Atlântico Norte esteja livre de riscos, apenas que a pior situação deve estar do lado oposto do globo. Especialistas consideram necessário ainda que os modelos climáticos incorporem as novas descobertas e que seus resultados possam ajudar na melhor tomada de decisão de líderes globais a respeito das questões ambientais

Fonte: Terra

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