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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Clima extremo pode favorecer espécies não nativas, sugere novo estudo

Uma análise realizada na China descobriu que as mudanças climáticas estão fazendo com que animais não nativos substituam as espécies nativas na natureza

8 de novembro de 2023
Redação Um só planeta
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Um novo estudo, publicado na revista Nature Ecology & Evolution por uma equipe da Academia Chinesa de Ciências, sugere que condições meteorológicas extremas ligadas às mudanças climáticas podem ser muito mais difíceis para as espécies nativas do que para as não nativas.

À medida que o planeta aquece, os fenômenos meteorológicos extremos, como ondas de calor, secas e inundações, tornam-se mais comuns e destrutivos, e segundo o estudo, essas mudanças repentinas e violentas podem estar remodelando os ecossistemas. Em comunicado, a equipe afirmou que a pesquisa sobre os impactos das condições meteorológicas extremas nos ecossistemas, embora ainda numa fase inicial, era “extremamente importante” para a nossa capacidade de compreender os efeitos do aquecimento global sobre a biodiversidade, informa The New York Times.

Os cientistas, liderados por Xuan Liu, ecologista da Academia de Ciências, analisaram 443 estudos sobre as respostas de 1.852 espécies nativas e 187 espécies não nativas – de habitats terrestres, de água doce e marinhos – a eventos climáticos extremos, identificando que em média, as espécies não nativas tendem a apresentar respostas mais positivas ou menos negativas. Nos casos em que as espécies terrestres não nativas possam sofrer um impacto populacional devido a uma catástrofe, por exemplo, os efeitos sobre as espécies nativas podem ser mais abrangentes, com as populações nativas perdendo também distribuição geográfica e tendo que lutar para se recuperar.

De acordo com a análise, os animais terrestres nativos tendem a ser duramente atingidos por ondas de calor, períodos de frio e secas, enquanto os animais nativos de água doce são geralmente suscetíveis à maioria dos eventos, exceto períodos de frio. Os animais terrestres não nativos, no entanto, geralmente eram afetados apenas pelas ondas de calor, enquanto os animais não nativos de água doce tendiam a sofrer apenas com as tempestades. Os animais marinhos não nativos eram em grande parte indiferentes à maioria dos distúrbios.

Uma razão pela qual os organismos não nativos resistem mais facilmente a condições climáticas extremas é que as espécies capazes de estabelecer populações rapidamente em ambientes estranhos tendem a ser aquelas com altas taxas de reprodução, comportamento e fisiologia mais adaptáveis e maior tolerância a perturbações, disse Giovanni Vimercati, ecologista da da Universidade de Friburgo, na Suíça, que não esteve envolvido na pesquisa, ao jornal. Uma conclusão útil do estudo, segundo ele, é a importância de monitorar áreas recentemente atingidas por eventos climáticos extremos e de concentrar os esforços de gestão para ajudar na rápida recuperação de espécies nativas.

Outros pesquisadores externos elogiaram o estudo, mas pediram cautela em relação às suas conclusões. Embora seja um importante passo de investigação, segundo Laura Meyerson, editora-chefe da revista Biological Invasions, também destaca alguns vieses de investigação importantes, uma vez que a maioria dos estudos que a equipe examinou veio da América do Norte ou da Europa Ocidental, deixando os impactos ecológicos no resto do mundo pouco estudados.

Jeff Diez, ecologista da Universidade de Oregon que não esteve envolvido no estudo, avalia que, embora nem todas as mudanças sejam benignas ou naturais, os ecossistemas mudam constantemente e os desastres naturais muitas vezes ajudam a manter espécies abundantes sob controle, permitindo que outras espécies persistam.

Fonte: Um Só Planeta

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