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RIO GRANDE DO NORTE

Cinco anos após resgate, Projeto Cetáceos da Costa Branca solta primeiro peixe-boi-marinho reabilitado

2 de junho de 2023
4 min. de leitura
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Foto: Vinícius Thawaann Cerqueira

Aos 5 anos e 10 meses, o peixe-boi-marinho Gabriel pesa 364,5 kg, possui 2,62 metros de cumprimento e finalmente está em liberdade na natureza.

Resgatado de um encalhe com poucos dias de vida e reabilitado pelo projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), ele foi o protagonista da primeira soltura de peixe-boi registrada no estado, na última quarta-feira (31).

Atualmente, outros 18 animais da mesma espécie estão em reabilitação nos centros do projeto Cetáceos da Costa Branca. A expectativa do grupo é de que, assim como Gabriel, outros peixes-boi possam voltar ao habitat, ao longo dos próximos anos.

Segundo os pesquisadores, a espécie é uma das mais ameaçadas de extinção do Brasil, entre os mamíferos aquáticos.

“No passado foi vítima da caça e, atualmente, sofre com a perda e alteração de habitat pela degradação de áreas costeiras, ingestão de resíduos sólidos e colisão com embarcação motorizada, sendo as causas de origem antrópica (humana) as de maior relevância à espécie”, informou o projeto.

“A alteração do ambiente natural costeiro também contribui com a separação da mãe e filhote durante a fase de cuidado parental, ocasionando o encalhe de animais recém-nascidos”.

Encalhe e reabilitação

Gabriel encalhou no dia 12 de julho de 2017, na Praia de Quixaba, no município de Aracati, Ceará, com poucos dias de vida. O animal foi resgatado pela equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) e após uma série de exames, foi mantido em recinto de quarentena com água salgada.

O animal foi transferido dias depois para o Centro de Reabilitação de Fauna Marinha do projeto Cetáceos da Costa Branca na praia de Upanema, no município de Areia Branca, no Oeste potiguar, onde deu início ao processo de reabilitação em cativeiro.

Durante o processo, Gabriel recebeu acompanhamento médico-veterinário, foi submetido a exames de rotina e foi alimentado.

Inicialmente a alimentação do filhote era constituída por um composto lácteo artificial, à base de proteína isolada de soja e suplementada por vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais.

“O aleitamento era fornecido por meio da mamadeira subaquática, e a oferta de alimentos sólidos como capim agulha e algas marinhas foi realizada de forma gradativa, respeitando o desenvolvimento do animal”, informou o PCCB, em comunicado.

Em abril de 2022 o animal foi levado para o Recinto de Aclimatação na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, em Macau, na Costa Branca potiguar. De acordo com os pesquisadores, o recinto foi construído com 690 m² em ambiente natural para melhor adaptação dos animais à dinâmica e oscilações das marés, correntes marinhas, salinidade e temperatura das águas, antes do retorno à natureza.

“Durante esse período o animal demonstrou-se bem ativo e sociável com os demais peixes-bois que chegaram posteriormente ao recinto. Foram observadas interações por contato direto com ausência de sinais e comportamentos adversos ou indesejáveis”, informou o PCCB.

Monitoramento

O animal recebeu um equipamento que permite aos pesquisadores monitorá-lo de forma remota, através de sinal VHF e satélite. A coordenação do projeto ressaltou que o rastreador pode chamar a atenção da população e dos pescadores que, podem tentar retirá-lo do animal. Por isso, um trabalho educativo é realizado com as comunidades locais para explicar a funcionalidade e importância do dispositivo.

Foto: Vinícius Thawaann Cerqueira

A etapa de monitoramento pós-soltura será realizada por cerca de um ano, a depender do comportamento do animal.

O evento de soltura marcou o início das comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, como parte da programação oficial da Semana do Meio Ambiente do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e do Mês do Meio Ambiente do PCCB-UERN.

O trabalho de resgate, reabilitação, estabilização, soltura e monitoramento de peixes-bois-marinhos são ações desenvolvidas no âmbito do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-PB), como condicionante do licenciamento ambiental federal exigida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para a realização de atividades de exploração, produção e escoamento de petróleo e gás executadas pela Petrobras na região.

O projeto é executado pelo Projeto Cetáceos da Costa Branca – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, por meio de convênio firmado entre a Petrobras, Uern e a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte (Funcitern).

Fonte: G1

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