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CIÊNCIA

Cientistas descobrem ecossistema a 500 metros de profundidade nas Maldivas

As análises indicam que existem grandes predadores pelágicos, incluindo cardumes de atuns e outros peixes de águas profundas bem conhecidos

23 de outubro de 2022
3 min. de leitura
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Peixe-prego observado em novo ecossistema nas Mald   Foto:Nekton Maldives Mission (c) Nekton 2022

Um vídeo realizado durante a Missão Nekton Maldives, nas ilhas Maldivas, trouxe evidências de um ecossistema marinho nunca antes visto a 500 metros nas profundezas do Oceano Índico. A expedição envolveu pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e um sistema de câmeras a bordo do submersível Omega Seamaster II.

O novo ecossistema foi batizado de “The Trapping Zone”, ou “Zona da Armadilha”, em tradução livre. O nome se deve ao fato de a região criar um oásis que aprisiona pequenos organismos conhecidos como micronektons. Esses seres são conhecidos por conseguirem andar contra a corrente e por realizarem a migração vertical, que consiste em migrar durante a noite do fundo do mar em direção à superfície e depois voltarem para as profundezas ao amanhecer.

Entretanto, por conta dos estratos vulcânicos submarinos e dos recifes carbonáticos fossilizados que formam a base dos atóis das Maldivas, é normal que se formem penhascos verticais íngremes. Essas estruturas acabam por aprisionar esses pequenos seres na marca de 500 metros de profundidade.

Imagem do submersível Omega Seamaster II que captou as imagens dos animais no oásis — Foto: Missão Nekton Maldivas (c) Nekton 2022

“Estamos particularmente intrigados com essa profundidade – por que isso está ocorrendo? Isso é algo específico a 500 metros, essa vida é ainda mais profunda, o que é essa transição, o que está lá e por quê? Essa é a pergunta crítica que precisamos fazer a seguir”, comenta em nota Lucy Woodall , professora associada de biologia marinha da Universidade de Oxford.

Pesquisador frente à frente com peixe visto na Zona da Armadilha, ecossistema nas Maldivas — Foto: Missão Nekton Maldivas (c) Nekton 2022

Por conta do aprisionamento dos animais no local, as imagens captadas mostram uma zona de predadores, como tubarões e outros peixes grandes, que se alimentam dos micronektons. As análises indicam que existem grandes predadores pelágicos, incluindo cardumes de atuns e outros peixes de águas profundas bem conhecidos. Entre eles estão: tubarões-tigre, tubarões-brancos e tubarões-tigre-de-areia.

Para ser considerado um novo ecossistema é necessário que se tenha topografia e vida oceânica nunca antes catalogada. “Isso tem todas as características de um novo ecossistema distinto”, explica Alex Rogers, professor da Universidade de Oxford, sobre o local.

Rogers passou mais de 30 horas debaixo d’água observando o novo ecossistema durante a expedição. “A Trapping Zone está criando um oásis de vida nas Maldivas e é muito provável que exista em outras ilhas oceânicas e também nas encostas dos continentes”, especula o especialista.

No momento, a análise dos vídeos e dos dados biológicos está em andamento em três lugares: nas Maldivas, na sede da empresa Nekton em Oxford e em laboratórios parceiros. A descoberta pode apresentar implicações importantes para outras ilhas oceânicas e as encostas dos continentes.

Para o presidente das Maldivas, Ibrahim Mohamed Solih, o achado é fascinante. “A descoberta de ‘The Trapping Zone’ e o oásis de vida nas profundezas que cercam as Maldivas nos fornece novos conhecimentos críticos que apoiam ainda mais nossos compromissos de conservação e gestão sustentável dos oceanos, e quase certamente apoiarão a pesca e o turismo”, declarou.

Fonte: Galileu

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