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Chimpanzé que passou 35 anos sendo explorada em pesquisas, agora vive como rainha em santuário

10 de junho de 2014
5 min. de leitura
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Por Walkyria L. Rocha (da Redação)

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Não há dúvida de que Negra é uma chimpanzé especial. Ficar apenas alguns minutos em sua presença permite-lhe entender porque seus cuidadores referem-se a ela como a Rainha do Santuário de chimpanzés de Northwest (EUA). Como o membro mais velho de seu grupo de companheiros resgatados (o santuário estará comemorando seu 41º aniversário em 13 de junho), e como uma chimpanzé que sabe claramente o que quer e quando quer, ela impõe respeito. As informações são do site One Green Planet.

Infelizmente, demorou mais de 30 anos e uma vida inteira de sofrimento antes que ela tivesse a chance de ter a admiração e o respeito que tanto merece.

Capturada na África

Como muitos chimpanzés de sua idade que agora vivem em cativeiro, a vida de Negra começou nas florestas da África. Ela poderia ter crescido em um grande grupo familiar que cuidava de seus jovens, ensinando-os a usar ferramentas, a conseguir alimentos, e fazer ninhos.

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Em vez disso, em 1973, quando Negra era ainda muito nova, foi roubada de seu lar. Sua mãe já estava provavelmente morta e sua carne vendida, ou simplesmente deixada na floresta para apodrecer, enquanto Negra era enviada para os Estados Unidos para ser usada em testes biomédicos.

Décadas em Investigação Biomédica

Negra passou os 35 anos seguintes sendo usada como uma ferramenta pela indústria de testes biomédicos. Ela ficou completamente desconhecida durante esses anos. Embora tenha sido dado o nome Negra por seus captores, ela era provavelmente mais conhecida pelo número tatuado em seu peito: CA0041.

Ela foi usada como reprodutora – produzindo mais cobaias chimpanzés para o laboratório. Dois de seus três bebês foram retirados dela imediatamente após deixarem seu ventre, e um terceiro, permaneceu com a mãe apenas cinco dias antes de ser também levado para ser criado no berçário do laboratório.

Negra também foi usada na pesquisa da vacina de hepatite. Esse teste exigia que ela fosse sedada várias vezes para exames de sangue e cirurgias para biópsias hepáticas. Em 31 de março de 1986, os técnicos de laboratório informaram que Negra tinha uma doença infecciosa suspeita, e um veterinário ordenou que ela fosse colocada em isolamento. Enquanto esteve no laboratório biomédico durante muitos anos Negra nunca viveu em um grande grupo de chimpanzés; ela ficava alojada perto de outros chimpanzés e, por vezes, em uma gaiola com um companheiro. Mas a partir da primavera de 1986 a início de 1988, Negra ficou em completo isolamento. Os resultados dos testes concluíram que ela nunca teve uma doença infecciosa.

Esperança

Embora os primeiros 35 anos de sua vida tenham sido de tédio e medo, Negra está deixando o passado para trás. Em 13 de junho de 2008, juntamente com seis outros chimpanzés – Annie, Burrito, Foxie, Jamie, Jody, e Missy – ela chegou a um lugar como nenhum outro que já tivesse visto antes. Este novo lugar era seguro e cheio de coisas que ela amava. Foi a primeira casa de verdade que experimentou desde que fora arrancada de sua terra natal africana.

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Agora Realeza

Os funcionários, os voluntários e financiadores do Santuário de chimpanzés Northwest , assim como sua família chimpanzé, agora a honram corretamente como Rainha. Negra agora ganha, como gosta, muitos cobertores para fazer enormes e confortáveis ninhos ​​ e cobrir sua cabeça e seus ombros. Ela recebe sua comida favorita – amendoim – a primeira coisa pela manhã e como parte do ”lanchinho” no final do dia.

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Todos os chimpanzés no santuário adoram os lanchinhos, que também incluem sementes, frutas secas, e às vezes pipoca ou outras guloseimas saudáveis. Negra sabe muito bem que os lanches chegam após o jantar e, muitas vezes, bate palmas rapidamente para informar a seus cuidadores que ela gostaria de um serviço mais rápido que servisse sua parte favorita da refeição. Seus cuidadores, é claro, rapidamente atendem.

Não há dúvida de que Negra é uma chimpanzé especial. E assim são todos os chimpanzés. De certa forma, Negra representa uma era que felizmente passou. Não muito tempo depois de seu sequestro, tornou-se ilegal capturar os chimpanzés na natureza. Esta decisão internacional não foi mantida com tanto vigor quanto deveria ser, e os chimpanzés selvagens enfrentam a extinção devido à destruição do seu habitat e à caça ilegal, mas pelo menos os Estados Unidos colocaram um fim à importação de chimpanzés oriundos de seu habitat natural.

O uso de chimpanzés em testes biomédicos também está chegando ao fim, porém, seu fim é frustrantemente lento. Há ainda cerca de 900 chimpanzés nos Estados Unidos que estão presos para serem usados em pesquisa. O Instituto Nacional de Saúde, uma agência federal do governo, está trabalhando para libertar todos, dos 50 chimpanzés que pertencem ou são financiados com dinheiro do contribuinte.

Laboratórios privados, universidades e empresas possuem quase a metade dos chimpanzés restantes deste país que estão sendo usados para testes. Eles estão em uma espécie de limbo agora, já que uma lei deverá ser oficializada em breve pelo Fish and Wildlife Service que classificará corretamente todos os chimpanzés como ameaçados de extinção (e não apenas aqueles em estado selvagem), e poderá até impactar a consideração legal de usar chimpanzés para a pesquisa invasiva nos EUA.

Há ainda mais Negras lá fora esperando pelo santuário que tanto merecem. O Santuário de chimpanzés Northwest gostaria de dar um lar para mais chimpanzés que precisam dele. Você pode ajudar a alcançar esse objetivo, fazendo uma doação, seguindo o blog e partilhando a página do Facebook.

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