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PRESERVAÇÃO

Cerca de 800 mil filhotes de cavalos-marinhos são devolvidos à natureza

2 de dezembro de 2021
Kauana Kempner Diogo I Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Projeto Hippocampus/ Reprodução Folha de SP

A bióloga Rosana Silveira saiu do Rio Grande do Sul rumo ao nordeste do país em 2001 sem imaginar a dimensão que seu projeto de introdução de cavalos-marinhos na natureza tomaria.

De acordo com a Folha de SP, a iniciativa começou em 2009, e desde então foram 863.948 filhotes liberados contabilizados. A ação recebeu o nome de Hippocampus, em alusão ao gênero (Hippocampus) dos animais.

“A primeira vez que vi o cavalo-marinho me apaixonei na hora e pensei: ‘quero estudar esse animal’. Corri atrás de livros, bibliografias, orientadores não existiam, porque não tinha ninguém que trabalhava com cavalo-marinho e acabei sendo a primeira no Brasil. E também não tinha ideia de que ele era ameaçado internacionalmente, no nosso país ainda não estava”, afirma Silveira, coordenadora do projeto.

A poluição ambiental, a pesca,  o uso para peças de artesanato e até o emprego em remédios afrodisíacos, estão dentre as ameaças à espécie.  A pesquisa iniciou em 2001 no Pernambuco, na praia paradisíaca de Maracaípe, na região de Porto de Galinhas. No ano passado, houve ampliação da iniciativa para a área do Complexo Portuário de Suape, através de um vínculo com o órgão estatal do governo de Pernambuco.

O projeto já contou com parcerias da Petrobras e prefeituras, e em 2020 com o apoio de Suape, foram reproduzidos em aquários e levados aos estuários mais de 34,4 mil filhotes dos cavalos-marinhos.

“Com esse estudo, além de contribuir com a preservação do cavalo-marinho e proteger essa espécie, que está praticamente extinta, estamos viabilizando a continuidade do instituto, que por pouco não fecha as portas em definitivo, por falta de recursos”, afirma o diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Complexo Portuário, Carlos André Cavalcanti.

Agora o maior desafio é reverter o cenário árduo que coloca os cavalos-marinhos como espécies ameaçadas de extinção, causando um desequilíbrio ecológico no ecossistema aquático.  Os filhotes descendem de casais resgatados nos estuários, sendo que 80% são introduzidos no estuário do rio Maracaípe, onde o projeto tem atuação mais antiga, e 20%, nos cursos d’água do território.

Apesar deles viverem em água salgada, conseguem ficar também sem maiores problemas em trechos de rios próximos ao mar, ou seja, nas imediações das fozes.

“Se a gente não estivesse atuando, talvez não houvesse mais cavalos-marinhos em Maracaípe. Já liberamos milhares de recém-nascidos, o que ainda não é ideal. O ideal seria liberar menores quantidades de animais de tamanho maior, porque a taxa de sobrevivência seria bem maior”, diz Silveira.

Características da espécie 

Os animais têm em média sete milímetros  enquanto são recém-nascidos, por conta disso possuem grandes chances de serem consumidos por outros peixes. Eles possuem a habilidade de mudar de cor conforme o ambiente.  Sua gestação leva entre 12 e 15 dias, sendo os machos responsáveis por carregar os filhotes em uma bolsa incubadora, onde recebem os nutrientes necessários para a prole.

Monitoramento 

O Hippocampus trabalha no monitoramento das espécies na região por meio de mergulhos, no entanto ainda não há uma técnica para investigar onde estão os filhotes gerados nos cativeiros do projeto, por causa do tamanho pequeno deles, que podem viver de cinco a sete anos.

Silveira acredita que, apesar de ações como a do projeto,  ainda falta engajamento do poder público na preservação de espécies, para além dos cavalos-marinhos.

“É preciso um olhar mais profundo para a questão ambiental, incluindo quando se trata de espécies ameaçadas. Qualquer ser vivo tem a sua importância dentro do ecossistema”, acrescenta.

Segundo a administração, o contrato atual de apoio vai até o final de fevereiro, o Complexo de Suape diz buscar a captação de mais recursos e novas parcerias, há possibilidade de renovação, com ampliação dos objetivos.

“Queremos que o projeto retome a sua origem com um centro de visitação para receber turistas, escolas e interessados, e com isso ter uma renda. Nosso desafio agora é montar esse projeto em uma área que seja turisticamente possível de receber as pessoas e que o projeto possa se desenvolver”, afirma Cavalcanti.

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