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BAHIA

Cerca de 50 mil caranguejos podem morrer de fome e calor após serem são arrastados até a praia por enchentes

6 de janeiro de 2022
Vanessa Santos | Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

As consequências das enchentes que atingiram o sul da Bahia ainda não foram dimensionadas, porém alguns efeitos já começaram a aparecer. As fortes chuvas que assolaram o município de Ilhéus, fizeram transbordar o rio Cachoeira e inundaram os mangues do entorno da cidade.

Especialistas estimam que cerca de 50 mil caranguejos foram arrastados até a Praia da Avenida Soares Lopes. “A maioria é fêmea, pois a toca delas é mais rasa e fácil de ser arrastada. Lembrando que é proibido durante todo o ano, capturar a fêmea para consumo, justamente para que a população de caranguejos se mantenha em equilíbrio”, explica Flávia Miranda, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz, UESC e coordenadora do Instituto Tamanduá.

Flávia e outros voluntários e técnicos do IBAMA trabalham sem parar para salvar os caranguejos. Cerca de 15 mil crustáceos já foram resgatados e devolvidos para o mangue. “O impacto é grande, porque aqui na praia os caranguejos estão sem se alimentar e também não tem onde se protegerem do calor forte. Segundo os técnicos que estão ajudando na operação, se não forem salvos, dentro de três dias os animais vão começar a morrer por falta de alimento”, alerta Miranda.

Foto: Arquivo pessoal | Flávia Miranda

Uma fêmea de caranguejo deposita de 100 mil até 2 milhões de ovos por vez. A diferença física entre a fêmea e o macho desses animais está no abdômen. Enquanto a fêmea tem o formato de concha, o macho possui uma forma triangular e pequena.

Os caranguejos estão procurando abrigo em uma planta chamada baronesa e em restos de substratos do mangue, que foram arrastados pela enchente. “Os animais estão tentando se esconder do sol, mas está muito quente. Na hora que maré subir esses animais vão morrer, é um impacto que não tem tamanho, não dá para descrever o que está acontecendo aqui em Ilhéus”, desabafa a pesquisadora.

As equipes de resgate estão coletando amostras biológicas para identificar se existe alguma contaminação na área.

Imagens registradas por Flávia, de uma poça na praia cheia de caranguejos, reflete o tamanho do impacto. Embora o caranguejo seja associado ao mar, essa espécie vive nos mangues e vão para a praia somente uma vez ao ano para se reproduzir. Nós encontramos várias espécies de caranguejos por aqui. Para se ter uma ideia esses maiores são caranguejos que vivem no interior e foram arrastados até aqui na praia”, explica.

A pesquisadora em conjunto com as equipes está tentando identificar as espécies afetadas. Ainda não se sabe o quanto esse desastre ambiental irá afetar a fauna local e a atividade de caça desses animais na região.

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