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PERTURBAÇÃO

Canadá impõe novas regulamentações no turismo para proteger baleias

Medida já tem efeitos positivos, mas também gerou discordâncias com operadores turísticos e empresas

3 de outubro de 2021
Beatriz Silva | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração|Pixabay

O Canadá atualizou sua regulamentação ligada ao turismo de baleias. Para acabar com a interação entre humanos e baleias, e não pôr ainda mais em risco animais que já estão em perigo, os regulamentos tornaram-se mais rígidos, e agora os barcos devem ficar mais distantes desses animais do que já ficavam, além da proibição de mergulho com a baleia jubarte.

Apesar da iniciativa, as medidas de proteção não foram bem vistas por todos, e algumas empresas por exemplo julgam a mudança como uma atitude excessiva. Mesmo assim, a mudança nas leis é válida e precisa ser seguida, fazendo com que os turistas precisem adaptar seu comportamento e apreciar as baleias de forma mais distante.

Os turistas podem observar as baleias de todas as 3 costas canadenses, em cidades como Vancouver, Halifax e o povoado Pond Inlet In Nunavut. Uma viagem turística a Churchill também permite observar as belugas na Baía de Hudson, e elas também se juntam a outras espécies em rios, podendo ser melhor vistas perto da cidade de Tadoussac. Cerca de 30 espécies de baleias vivem nas águas canadenses.

No entanto, muitos desses animais estão em perigo e ameaçados de extinção O número de baleias-francas do Atlântico Norte é de apenas 366, e em 2018 a situação alarmante de uma orca empurrando o cadáver de seu filhote durante 17 dias, por 1600 quilômetros, chamou a atenção para a situação. Segundo Sebastian Teunissen, diretor executivo da organização Canadian Whale Institute, a maioria dos observadores de baleia reconhece a necessidade de protegê-las e respeita as regras. Mesmo assim, um estudo de 2020 com baleias do Mar de Salish descobriu que 72% dos velejadores desconheciam as regras de observação das baleias, e 2,7% dos acidentes estavam ligados a embarcações turísticas.

A interação dos humanos com esses animais traz perigo. | Foto: Ilustração/Pixabay

Em 2006, a baleia conhecida como Luna, morreu ao se aproximar de uma hélice. Ela era conhecida por sua proximidade com os humanos e barcos em Nootka Sound. O que mostra que apesar dos regulamentos, medidas e da conscientização, a interação de humanos com esses animais é a principal causa de morte e ferimentos deles.

Por isso, agora o Canadá tornou ilegal perturbar os mamíferos marinhos. De acordo com o National Geographic, os pilotos do barco devem diminuir sua velocidade, barulho e pesca sempre que uma baleia estiver por perto. Além disso, outras medidas como as destinadas a proteger baleias que vivem no sul, garantem a suspensão de atividades como a pesca comercial e recreativa, ou a criação de santuários de baleia, por exemplo. Desde 2018, os barcos já precisavam ficar a 100 metros de distância de grande parte das baleias, e no caso das orcas no sul da Colúmbia Britânica e belugas no Quebec, essa distância é de 400 metros.

A diretora da associação Pacific Whale Watch, Erin Gless, diz que esse distanciamento pode ter efeitos negativos, pois se não for possível vigiar esses animais, não há como protegê-los. Segundo Gless, os observadores de baleia ajudam os cientistas a localizarem os animais e sobre sua saúde, além de indicarem aos velejadores onde as baleias estão, melhorando o comportamento deles.

Alguns operadores turísticos querem um diálogo entre governo e as empresas. Segundo Mike Gatherall, da Gatherall’s Puffin and Whale Watch, o objetivo é adaptar os regulamentos para que seja possível proteger as baleias e ao mesmo tempo conscientizar as pessoas através dos passeios profissionais de observação.

A atualização da regulamentação não agradou as empresas e operadores turísticos, que querem diálogo e cooperação com o governo para desenvolver as regras. | Foto: Ilustração/Pixabay

Devido a população de 55.000 baleias na Baía de Hudson, a Churchill Beluga Whale Tours Operators Association, associação dos operadores de turismo em Churchill, deseja isenção do regulamento de distância a cooperação com o governo para desenvolver regras.

Apesar das discordâncias, os efeitos positivos das medidas de proteção já podem ser vistos. No ano passado, ocorreram 3 nascimentos entre as orcas que vivem no sul, e duas das 3 baleias são fêmeas, que são importantes para o aumento da população desses animais.

Para quem quer observar as baleias no Canadá, mesmo que de longe, é necessário encontrar um operador de barco experiente e que respeite as leis de proteção. A Pacific Whale Watch Association possui uma lista com as empresas de turismo que seguem as regras. É permitido trazer binóculos e uma câmera com lente de zoom, respeitando o espaço das baleias sem o encorajamento de interações muito próximas com esses animais.

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