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FAUNA

Câmeras de monitoramento do Parque das Neblinas, em Mogi (SP), fornecem detalhes de animais que vivem no local

Imagens flagram diversas espécies de animais no parque e nas redondezas da Serra do Mar. Tecnologia ajuda a conhecer a fauna local.

18 de junho de 2022
4 min. de leitura
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Armadilhas fotográficas flagraram onças-pardas na região — Foto: Parque das Neblinas

A natureza e a tecnologia podem caminhar juntas. No Parque das Neblinas, um discreto monitoramento está captando flagrantes impressionantes dos animais que habitam o local.

Um pedaço de verde fincado entre as cidades Paulistas de  Mogi das Cruzes e Bertioga vai além de um simples fragmento de Mata Atlântica. O Parque das Neblinas é o espaço de convivência de mais de mil e 200 espécies da fauna e da flora.

Com a ajuda da tecnologia, parte dessa proteção é feita por monitoramento. Tudo muito camuflado nessa imensidão de plantas e árvores. Mas nesse Big Brother da natureza, volta e meia os bichos saem da toca e dão o ar da graça para as lentes.

Em um registro dois em um, a onça parda caminha numa tranquilidade só, enquanto o morcego dá um rasante em direção à câmera. A jaguatirica até para e dá uma olhada para a lente. Já o flagra mais impressionante e raríssimo é o momento de traquinagem do gato-mourisco.

David de Almeida, supervisor de operações da Ecofuturo, comenta sobre os detalhes desses animais que são possíveis serem observados pelos flagrantes das câmeras.

“Nós trabalhamos com a instalação das câmeras ‘trap’ desde 2011. E nesse período já foram registradas mais de 15 espécies. A gente observa os comportamentos e basicamente disponibiliza para os pesquisadores, que fazem suas pesquisas aqui no Parque das Neblinas”.

Um dos lugares onde uma das imagens foi captada está em uma trilha. Tudo isso é possível graças à chamada câmera “trap”. Um total de 14 desses equipamentos estão estrategicamente espalhados pelo parque.

“Você procura saber onde é o ‘carrero’ do bicho, a pegada. Então, a gente vai por localização. Onde é pegada, eu já fico monitorando essas pegadas e ponho a câmera trap ali. Que eu sei que, quase certeza, eu vou pegar o bicho ali, né?”, disse o líder de guarda parque Ricardo Souza.

O mecanismo do aparelho não dispara o tradicional flash de uma câmera comum. Sendo assim, a luz não assusta ou incomoda os bichos, porque ela não é captada pela retina da maioria deles.

O sensor só é ativado quando os animais passam em frente à lente. O monitoramento também ajuda na fiscalização da área do Parque das Neblinas. As câmeras também já captaram imagens de pessoas sem autorização andando pelas trilhas.

“E as câmeras também registram extrativismo ilegal. Todas essas informações são fundamentais para a gestão do parque elaborar, ter uma tomada de decisão e mitigar esses impactos”, explicou David de Almeida.

Mas as imagens não são transmitidas em tempo real para uma central de monitoramento. Tudo é arquivado durante 14 dias num cartão já dentro do aparelho. Depois desse período, o arquivo é manuseado por um guarda-parque.

Oito agentes fazem o revezamento em turnos. Neste trabalho, disposição e atenção andam sempre de mãos dadas. A base da equipe fica na entrada do parque. Qualquer ocorrência nos quase sete mil hectares é de responsabilidade do guarda-parque ir até o local fazer a checagem. Histórias eles tem de sobra pra contar.

Ricardo comenta que trabalha no Parque das Neblinas há 18 anos. E, nesse tempo, já viveu um pouco de tudo no local.

“Como a gente faz fiscalização, a gente depara com palmiteiro, a gente depara também com caçador e a gente faz fiscalização, acaba atuando, desmanchando ranchos, né? Mas essas ocorrências que têm é a função do guarda-parque e a gente tem que usar a camisa, porque se a gente não cuidar, o negócio sai do controle”, conta o guarda-parque.

O prazer e o orgulho em preservar a natureza, superam os riscos da profissão. Ainda mais quando esse pessoal é surpreendido com um esturro da onça em alto e bom som.

“Trabalhar especialmente com a fauna é muito gratificante. Então, todas as vezes que a gente se depara e flagra esses animais é motivo de muito orgulho para a gente. Trabalhar com a proteção da biodiversidade é muito bom para nós”, conta David.

“A gente vê uma cena dessa e eu que trabalho com as câmeras até, é um orgulho para mim de ter um registro desse e eu poder ver um esturro desse da onça, na mata, e até a onça prenha. A gente sabe, se ela está prenha, é porque a floresta tá rica em alimentação”, finaliza Ricardo.

Fonte: G1

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