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CONSERVAÇÃO

Câmera em viaduto vegetado registra circulação de animais no RJ

O viaduto localizado no km 218 da BR-101, em Silva Jardim, RG, ganhou instalação de câmeras e tem o primeiro registro de uso por animais. Segundo a responsável pelas câmeras de monitoramento, a Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), a passagem de animais representa avanço para o projeto de viaduto vegetado pioneiro em rodovias federais do país

3 de abril de 2022
Felipe Cunha | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Andréia Martins e Divulgação Arteris Fluminense

Foi no interior do Rio, em Silva Jardim, na BR-101, que as câmeras de monitoramento da Associação Mico-Leão-Dourado registraram a passagem de animais no viaduto vegetado, inaugurado em agosto de 2020 e o primeiro construído em uma rodovia federal. O projeto é um marco de conservação da biodiversidade do país.

Assista ao vídeo do registro da travessia clicando aqui.

Segundo a associação, as câmeras que monitoram a circulação dos animais foram instaladas e uma semana depois capturou o primeiro registro de passagem dos animais, sendo dois cachorros-do-mato caminhando entre as mudas de árvores plantadas. Além disso, registrou também, em um curto intervalo de tempo, um cachorro-do-mato andando sozinho pelo viaduto.

Foto: Reprodução | Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) 

Segundo informações do portal G1, as tubulações pretas que aparecem nas imagens são do sistema de irrigação do espaço.

Uma das imagens foi divulgada nas redes sociais da entidade. Luís Paulo Ferraz, secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), disse que os registros dos animais representam um marco para o projeto.

“Estamos muito felizes! Essa é uma notícia animadora, encorajadora e que mostra que estamos no caminho certo e que esta pode ser uma alternativa muito importante para a redução de impactos ambientais em rodovias no Brasil”.

Foto: Divulgação | Arteris Fluminense

O viaduto construído pela Arteris Fluminense, concessionária que administra a rodovia e, foi colocado no km 218 da BR-101 devido ao local ser considerado, após construção de mapeamento, sensível ambientalmente e com alto índice de atropelamento de animais. O espaço também recebeu o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica.

Foto: Reprodução ICMBio e Divulgação Arteris Fluminense

A estrutura, que inclui uma cerca de condução de fauna, objetiva conectar a Reserva Biológica Poço das Antas, um dos principais habitats do mico-leão-dourado com a Área de Proteção Ambiental Rio São João/Mico-Leão-Dourado.

Segundo Luís Paulo “esse (o registro dos animais) é o primeiro indicador do possível uso dessa estrutura pela fauna. É um processo que está começando agora e vai ter muitos anos pela frente (…) Para as espécies arborícolas, como é o caso do mico-leão-dourado, nós precisamos aguardar um pouco mais porque as árvores precisam crescer para que os animais as utilizem para atravessar de um lado a outro da rodovia”.

O mico-leão-dourado está ameaçado de extinção e é uma espécie endêmica do Rio de Janeiro.

Travessia dos animais

Com o crescimento da vegetação no viaduto daqui a alguns anos, a travessia do mico-leão-dourado e de outros animais se tornará mais segura e permitirá o encontro deles com outros animais que estavam isolados em outros fragmentos da Mata Atlântica.

Saiba como funciona o sistema

– O viaduto é ligado aos dois lados da rodovia e conecta a Reserva Biológica Poço das Antas até a Área de Proteção Ambiental Rio São João/Mico-Leão-Dourado,

– A cerca de condução da fauna tem um caráter de sinalizar aos animais que o local é uma passagem segura,

– Com o crescimento das árvores plantadas no local, a expectativa é que os micos e preguiças também façam a travessia pelas árvores e se sintam seguros

– A travessia é uma solução para agravantes de infraestrutura que cindem a paisagem de conservação dos micos e outros animais, os possibilitando encontra-los com outros membros da espécie.

Luís Paulo também relata que a travessia é fundamental para a viabilidade genética das populações de mico dessa região, “para que elas não sejam barradas pela duplicação da rodovia BR-101”.

A Associação Mico-Leão-Dourado é responsável por monitorar o uso da estrutura pela fauna da região, que futuramente, deve se tornar o Parque-Mico-Leão-Dourado.

“A associação vai fazer o monitoramento da passagem dos micos e da preguiça de coleira, mas agora em agosto nós instalamos câmeras para começar a observar se já poderíamos identificar algum movimento da fauna, e fomos surpreendidos por esses animais belíssimos atravessando (o viaduto)”, finaliza Luís Paulo, secretário executivo da associação.

Foto: Divulgação Arteris Fluminense

O monitoramento é composto pelo biólogo Mateus Melo, a bióloga Priscila Lucas e o fotógrafo Luiz Thiago de Jesus. Além disso, conta com o apoio da organização holandesa DOB Ecology.

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