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Cadela utilizada em ação militar volta traumatizada do Iraque

3 de agosto de 2010
4 min. de leitura
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A cadela Gina tinha 2 anos quando foi levada forçada ao Iraque para servir aos militares como cão farejador altamente treinado. O pastor alemão ajudou os soldados americanos nas buscas realizadas em residências e assistiu a todos os tipos de explosões ruidosas.

Gina, a cadela do Exército americano que voltou da guerra com traumas (Foto: AP)

Ela voltou para casa, no Colorado, EUA, encolhida e com medo. Quando seus treinadores tentaram levá-la a um prédio, ela endureceu as patas e resistiu. Uma vez lá dentro, ela dobrou sua cauda debaixo de seu corpo e se encolheu no chão. Gina se esconde debaixo dos móveis ou em um canto para evitar contato com pessoas.

Um veterinário militar a diagnosticou como portadora de transtorno de estresse pós-traumático – uma condição comum entre humanos e que os peritos dizem que também pode afligir cães. “Ela demonstrou todos os sintomas e tinha todos os sinais”, disse o sargento Eric Haynes, comandante do canil na Base Peterson da Força Aérea. “Ela tinha pavor de todos.”

Um ano depois de voltar do Iraque, Gina está se recuperando. Caminhadas frequentes entre pessoas amigáveis e uma reintrodução gradual para os ruídos da vida militar a fizeram começar a superar seus medos, disse Haynes.

Trauma

O transtorno de estresse pós-traumático é bem documentado entre militares americanos que regressam das guerras no Iraque e no Afeganistão, mas a sua existência nos animais é menos clara. Alguns veterinários dizem que os animais experimentam o trauma, ou ao menos uma versão dele.

“Existe uma condição em cães que é quase exatamente a mesma, se não é exatamente a mesma, que o transtorno de estresse pós-traumático em seres humanos”, disse Nicholas Dodman, chefe do programa de comportamento animal na Universidade Tufts.

Os militares definem transtorno de estresse pós-traumático como uma condição que se desenvolve após um trauma com risco de morte. As vítimas sofrem três tipos de experiências muito tempo depois, mesmo em um ambiente seguro. Elas repetidamente voltam a experimentar o trauma em pesadelos ou memórias vívidas. Eles evitam situações ou sentimentos que os lembre do evento, e eles se sentem nervosos todo o tempo.

Gina

Quando Gina voltou ao Colorado, no ano passado, após sua passagem de seis meses no Iraque, ela não era mais o “grande filhote” que a base conhecia, Haynes lembra. Ela tinha sido atribuída a uma unidade do Exército, e seu trabalho era a busca por explosivos depois que os soldados entravam em uma casa. As tropas muitas vezes usavam métodos barulhentos, com granadas de efeito moral e derrubavam portas com chutes, disse Haynes. Além disso, Gina estava em um comboio que teve um veículo atingido por uma bomba improvisada.

Ao voltar para casa, Gina não queria nada com as pessoas. “Ela tinha se afastado da sociedade como um todo”, disse Haynes, que já trabalhou com mais de 100 cães em 12 anos como treinador. Ele disse que viu outros cães atingidos por trauma, mas nenhum tão mal como Gina.

Haynes e outros treinadores passaram a levar Gina a caminhadas, para ajudá-la a superar o trauma. “Ela começou a aprender que nem todo mundo estava tentando pegá-la”, disse Haynes. “Ela começou a atuar mais socialmente de novo.”

Infelizmente, apesar da aparente preocupação com o bem-estar da cadela, o treinador Haynes considera que Gina logo seja novamente submetida a condições de estresse, em novas ações militares.

Com informações do G1

Nota da Redação: Treinar um animal para servir a qualquer interesse humano é exploração. Submeter animais a condições estressantes configura maus-tratos. Os militares, apesar de serem responsáveis por causar danos irreversíveis a esses animais forçados a acompanhá-los nas guerras, parecem não se dar conta do quanto são cruéis: treinam novamente os animais para que se “recuperem” e, desta forma, estejam prontos para servir aos interesses militares. O que fizeram com o direito desses animais de viver em liberdade e de forma digna? Cães não existem para missões de guerra, existem para missões de paz. Por que o ser humano não aprende ao menos isso com os animais?

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