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Caça diminui drasticamente o número de onças-pintadas no Paraná

22 de julho de 2013
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Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação)

O Parque Nacional do Iguaçu (Paraná), considerado por biólogos um dos locais com as melhores condições de abrigar uma grande população de onças-pintadas no pouco que resta da Mata Atlântica no Brasil, sofreu uma redução de mais de 80% no número de indivíduos do final dos anos 1990 para cá. De uma média de cem onças estimadas em estudo naquele período, hoje acredita-se que só restem 18.

Os dados foram divulgados por uma dupla de pesquisadores que contabilizou os animais com armadilhas fotográficas e por meio de análises genéticas. O principal motivo para a redução é a caça – não só da onça como também de suas principais presas. Com 1,7 mil km2, o parque é muito recortado e, mesmo com 40 guardas, há dificuldade para fiscalizar a intensa atividade de caçadores e de palmiteiros ilegais.

“A queixada, que nos estudos há cerca de dez anos foi identificada como o principal alimento das onças, já foi extinta no parque. Veados e porcos-do-mato também estão sendo caçados”, diz Marina Xavier da Silva, coordenadora do projeto Carnívoros do Iguaçu. Para piorar, há muitas fazendas ao redor. “Sem as presas naturais, as onças saem em busca do rebanho e acabam sendo mortas por fazendeiros.”

Considerando o nível de ameaça, o tamanho atual da população, sua taxa de crescimento e o número de animais mortos por ano, os pesquisadores estimaram que há uma probabilidade de que em 80 anos a espécie seja extinta do parque.

“Se não conseguir eliminar as causas de declínio populacional, é o que pode acontecer”, alerta Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Lado argentino
Para Peter Crawshaw Jr., um dos maiores especialistas em onças do País e responsável pelo primeiro mapeamento dos felinos do Iguaçu, há ainda uma agravante: a perda de vegetação do lado argentino do parque – ele se estende pelos dois lados da fronteira.

“Quando fiz o estudo, o corredor verde que corta os dois países era mais íntegro do que é hoje. Há um processo de colonização da Província de Missiones, que está diminuindo a mata, aumentando a quantidade de pessoas e, por consequência, da caça às onças e suas presas. Com isso, ficamos sem o backup que nós tínhamos das matas ainda em bom estado e tamanho da Argentina”, explica.

Segundo ele, naquelas condições, se o número de onças do lado brasileiro diminuía, podia haver uma migração dos animais da Argentina para cá. O mesmo podia acontecer com as presas. Mas, com a colonização, há um processo de desmatamento para a implantação de pecuária e de troca da mata nativa por projetos comerciais, de pinus e eucalipto. “Tudo isso está reduzindo a área das onças e das presas na Argentina.”

Morato concorda e defende que os esforços para recuperar a população têm de ser binacionais. “Para a Mata Atlântica, o status da espécie é de criticamente ameaçada de extinção. É preciso agir para evitar que essas populações fiquem cada vez mais isoladas e desapareçam.”

Fonte: Estadão

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