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DEVASTAÇÃO

Caatinga perdeu mais de 10% de vegetação nativa nos últimos 37 anos, aponta MapBiomas

O levantamento mostra que o bioma sofreu modificações em um quarto (25,59%) de seu território em decorrência da ação do homem

14 de outubro de 2022
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Foto de fevereiro de 2022 mostra área de desertificação causada pela devastação da caatinga   Foto: Bartolomeu Israel de Souza

Imagens de satélite revelam que a caatinga perdeu 10% da sua vegetação nativa nos últimos 37 anos (período em que o monitoramento passou a ser feito), segundo relatório divulgado pelo MapBiomas.

O levantamento mostra que o bioma sofreu modificações em um quarto (25,59%) de seu território em decorrência da ação do homem. Problemas como queimadas e perda de superfície de água têm acelerado a expansão das áreas de desertificação. A agropecuária foi a principal causa de perda da vegetação nativa.

Presente em quase 10% do território nacional, a caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro e se estende por nove estados – sendo que cinco têm mais de 50% de seu território no bioma: Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Este último é o único que fica integralmente dentro do bioma. A Bahia é o estado com a maior área de caatinga: 40,7% do seu território.

O estudo, divulgado no último dia 6, destaca que mais de 15% da área do bioma foi queimada, totalizando 13.770 hectares. Também houve perda de mais de 160 mil hectares de superfície de água, o que representa um decréscimo de 16,75%. Todos os estados, exceto o Sergipe, perderam parte da superfície hídrica.

Um dos pontos afetados com a perda de água foi o rio São Francisco, que corta o bioma. Com 2.830 km de extensão, o rio cruza os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

No mapa abaixo, ele está representado pela longa linha vermelha contínua, que se inicia mais clara a partir de Sergipe (à direita do mapa) e segue descendo até o município de Januária, em Minas Gerais (à esquerda do mapa). Quanto mais intenso o tom de vermelho, maior a quantidade de perda hídrica detectada.

Veja a redução de perda hídrica ao longo do rio São Francisco:

Todos os pontos em vermelho representam tendência de redução de cobertura hídrica. — Foto: MapBiomas

Agropecuária e pastagens

A agropecuária representou a principal causa de perda da vegetação nativa, ocupando 6,7% de território, ou 5,7 milhões de hectares.

Só no Ceará, o aumento de áreas de pastagens foi superior a 320%, ou seja, quadruplicou desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1985. Nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, as pastagens mais que dobraram (125% e 172%, respectivamente). Em Minas Gerais, a agricultura cresceu 131% no período mapeado.

“Mapeamos a região de Irauçuba, no Ceará, e detectamos a expansão de um núcleo de desertificação. Padrão semelhante foi observado em outros núcleos de desertificação, como em Cabrobó (PE), com tendência de expansão para leste, no sentido de Alagoas, e, em Seridó (RN), verifica-se expansão para o sul em direção à Paraíba”, explica Washington Rocha, coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas.

Além dos núcleos de desertificação, é possível monitorar com os dados do Mapbiomas as áreas suscetíveis à desertificação (ASDs), como Jeremoabo, na Bahia. “Este é um exemplo de como a transformação da caatinga coloca o bioma em risco”, alerta.

Foto de 2021 mostra área preservada de caatinga em São Raimundo Nonato, no Piauí — Foto: Fundação Joaquim Nabuco

A caatinga conta com 30,5% de seu território, ou mais de 26 milhões de hectares, classificados como Reserva da Biosfera. Esse termo é usado para designar áreas de ambientes marinhos ou terrestres “reconhecidos internacionalmente pelo seu valor para a conservação ambiental” e também pelo seu valor científico.

Mesmo assim, a área que é protegida legalmente teve perdas de 7,6%. Desse total, 2% foram ocupados pela agricultura e 5,6% por pastagens. Já as Unidades de Conservação ocupam 9% do bioma, ou 7,8 milhões de hectares, e perderam 3,3% de sua área.

Grupo de araras sobrevoam a caatinga baiana em foto de 2021 — Foto: Ciro Albano/Fundação Biodiversitas

Fonte: G1

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