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SEM MEDIR ESFORÇOS

Busca por animais perdidos: tutores recorrem a detetives particulares, drones e câmeras com sensor de calor

5 de maio de 2024
5 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Drones, câmeras com sensor de calor, equipamento de detecção de ruído, análise de imagens de circuitos de segurança e evidências colhidas nas ruas. Pode parecer a investigação de um crime. Mas são os métodos dos “detetives de animais”, profissionais cada vez mais requisitados para buscar cães e gatos perdidos pelos seus tutores.

A médica Beatriz Perez, de 27 anos, viveu dois dias de desespero, apreensão, entrega de cartazes e apelos aos vizinhos em busca do cachorro Ronaldo, que também atende pelo diminutivo Rony. O cão escapou por uma fresta da porta quando estava na casa de uma amiga da família, cercada de terrenos baldios, durante uma viagem da tutora no Natal do ano passado. Já perdendo as esperanças, resolveu apostar na contratação do serviço profissional de busca de animais, após descobrir o serviço em uma pesquisa na internet.

“Foram três horas de procura em uma mata fechada, com um cão seguindo os rastros dele, até conseguir fazer o resgate. Eles salvaram a vida do meu neném e a minha”, conta Beatriz, que depois do episódio pôs uma coleira com rastreador no animal.

A engenheira civil Paula Semprebone, de 45 anos, contratou o serviço para localizar Nina. A gata escapou pela janela, que estava com uma grade improvisada na casa que ela havia acabado de ocupar.

“Perguntei para as pessoas na rua, andei desesperada e gritando o nome dela, divulguei nas redes sociais. Só com um cão farejador e com um drone conseguimos identificar que ela tinha entrado na casa de um vizinho”, relembra.

Familiaridade ajuda

Para se tornar um detetive de animais, é recomendável antes já ter familiaridade neste universo. Ou ter sofrido a dor dos clientes. O adestrador de cães Jorge Pereira criou a empresa Busca.Pet depois de ter perdido dois cachorros em Campos do Jordão (SP).

“Eu já treinava cães para atuarem em investigações criminais. Quando um carro bateu no portão da minha casa e o quebrou (e os animais fugiram), passei dois dias procurando meus cachorros e vi de perto como é angustiante. Foi uma das piores sensações que já tive, e percebi que poderia usar a minha experiência para ajudar outras pessoas na mesma situação”, lembra.

A empresa tem como carro-chefe a atuação dos cães farejadores. Mas também oferece mapeamento das possíveis rotas de fuga por drone, busca com câmeras com sensor de calor e movimento e até investigadores que conversam com moradores da região onde o animal desapareceu. Os serviços custam entre R$ 2,5 mil e R$ 4,3 mil por dia, de acordo com o aparato contratado.

Se falta a vivência anterior com os animais domésticos, a experiência prévia de detetive ajuda. Agências que antes atuavam majoritariamente em investigações conjugais e empresariais passaram a oferecer pacotes de levantamentos voltados para descobrir o paradeiros de animais.

O detetive Horacio Faldini, da Agência Philadelphia, que faz buscas presencialmente no estado de São Paulo, oferece consultoria à distância para tutores que procuram animais em outras localidades. O investigador alerta que há casos em que os animais são sequestrados, e não apenas fogem.

“Já atuei em um caso de um maltês que estava dentro de um carro roubado. Os criminosos largaram o veículo, mas levaram o cachorro. Tivemos que monitorar os criminosos por quatro dias até conseguirmos recuperar o animal”, detalha.

A internet se tornou uma aliada na busca por pets desaparecidos. Além de grupos no Instagram e no Facebook em que as pessoas divulgam dados sobre o bichano perdido, empresas oferecem a contratação de impulsionamento de posts, fazendo multiplicar o alcance das informações.

O empresário Eudóxio Daniel de Oliveira da Cruz, que há três anos criou o site Acaiah Localiza Pet, especializado na otimização de publicações sobre pets, diz que o serviço pode ser georreferenciado, com foco na área onde o animal foi visto pela última vez. O portal oferece pacotes de R$ 159 a R$ 795, que podem alcançar até 150 mil pessoas.

“O tempo é um dos nossos diferenciais. Como somos desse ramo específico e já atuamos há um tempo, nossas campanhas de impulsionamento têm aprovação quase imediata. Quanto mais rápido o início das buscas, maior a probabilidade de encontrar”, pontua ele, que contabiliza já ter achado 1.513 animais.

Atrás do periquito

Foi através de um post, após a contratação do disparo em massa, que a videomaker Talytha Gomes, de 22 anos, moradora de Goiânia, encontrou o periquito Max. O animal voou por uma janela aberta na residência e já estava desaparecido há dois dias quando foi encontrado, em 15 de abril.

“Começaram a divulgação na manhã de um domingo e, na segunda-feira, na hora do almoço, recebi uma ligação de um rapaz que morava a quatro quilômetros de mim contando que o periquito tinha entrado em sua casa”, lembra.

O médico veterinário Andrey Teles, assessor técnico do Conselho Federal de Medicina Veterinária, aponta que ter um animal doméstico requer cuidado e investimentos, e por isso a adoção deve ser sempre feita de forma responsável. Teles orienta os tutores a criar barreiras físicas nas residências, evitando que eles tenham acesso a portas e janelas.

O veterinário também indica que os animais sempre usem guia nos passeios e cinto de segurança próprio e caixas de transporte quando estiverem em veículos, além de portarem coleiras e chips com identificação.

“É uma vida que vai nos acompanhar por muitos anos e precisa do nosso carinho e cuidado”, ressalta.

Fonte: O Globo

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