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AÇÃO HUMANA

Brasil tem 1.249 animais ameaçados; anfíbio entra na lista dos extintos

9 de junho de 2022
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

O Brasil é um país megadiverso: estima-se que cerca de 20% das espécies existentes no Planeta ocorram em nosso país. Apesar de tanta vida, muitas espécies estão ameaçadas de extinção. A classificação do status de conservação da fauna é divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, de tempos em tempos, na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, que resulta da avaliação das espécies da fauna, coordenada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão ambiental do governo brasileiro.

Ontem (08/06) a lista atualizada foi publicada no Diário Oficial da União, através da portaria MMA 178. Os dados são cruciais para a criação e continuidade de projetos de conservação. O levantamento aponta que o país tem 1.249 espécies e subespécies da fauna ameaçadas de extinção, dessas, 219 foram recém-inseridas na atualização.

Nessa lista estão 257 aves; 59 anfíbios; 71 répteis; 102 mamíferos; 97 peixes marinhos; 291 peixes continentais; 97 invertebrados aquáticos e 275 invertebrados terrestres.

As 219 espécies que entram na Lista correspondem a 41 aves; 35 anfíbios; 3 mamíferos; 7 peixes marinhos; 35 peixes continentais; 24 invertebrados aquáticos e 74 invertebrados terrestres.

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A atualização também trouxe boas notícias: 144 espécies e subespécies saíram da lista, sendo 18 aves; 16 anfíbios; 9 répteis; 11 mamíferos; 9 peixes marinhos; 56 peixes continentais; 15 invertebrados aquáticos; 10 invertebrados terrestres

De acordo com Rodrigo Jorge, coordenador no ICMBio do processo de avaliações de espécies da fauna, o número está dentro do esperado, considerando que 124 das espécies que entraram na lista são de novas avaliações (espécies que nunca haviam tido seu risco de extinção avaliado).

“Espécies recém-descritas precisam passar pelo processo completo de avaliação do risco de extinção para então serem classificadas da forma correta”, explica.

As espécies e subespécies ameaçadas estão divididas nas seguintes categorias:

A perereca-buriti (Boana buriti), anfíbio endêmico do Cerrado, foi uma das espécies incluídas na listagem. O animal saiu do status de pouco preocupante, passando para a categoria Vulnerável.

A atualização dos dados indica ainda uma espécie de anfíbio que foi considerada extinta na natureza: a perereca-gladiadora-de-sino (Boana cymbalum).

Mesmo com o cenário dentro do esperado, é preciso pensar em novos projetos de conservação. Uma das espécies ameaçadas que vem sendo monitorada é o boto-do-araguaia (Inia araguaiaensis). “Ele foi descrito em 2014, mas devido às ameaças existentes já foi categorizado como ameaçado na primeira avaliação, ou seja, requer atenção e ações de conservação”, explica Rodrigo.

Vale lembrar que 8.537 espécies e subespécies da fauna foram avaliadas (com o resultado validado) entre 2015 a maio de 2021. Dessas, 7.841 foram categorizadas como não ameaçadas.

Cenário positivo

Segundo o coordenador do Centro TAMAR/ICMBio, Joca Thomé, das cinco espécies de tartarugas marinhas reavaliadas, quatro melhoraram o estado de conservação, como a tartaruga-verde (Chelonia mydas). Mas todas requerem ações de conservação.

“Esse resultado reflete um esforço de mais de 40 anos, quando começaram ações de conservação dessas espécies, incluindo a criação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas e da Biodiversidade Marinha do Leste (TAMAR/ICMBio), em 1990. É uma prova de que estratégias de longo prazo podem resultar em sucesso na reversão de riscos de extinção de espécies”, conta.

Ele ainda explica que os resultados dão mais estímulo para que o trabalho não pare. “Nosso papel é fazer com que as espécies de tartarugas-marinhas continuem alcançando patamares melhores de conservação, cumprindo com seu papel ecológico, e nisso nos referimos tanto à tartaruga-verde quanto à gigante, que requer ainda mais atenção”, explica.

Atualização anual do ICMBio

De acordo com Carlos Guidorizzi, do ICMBio, a ideia é de que a lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção seja atualizada anualmente, com base nas espécies que tiverem passado pelo ciclo completo de avaliação – que compreende uma série de etapas.

O especialista indica que a mudança de estratégia permitirá que a Lista reflita resultados mais atuais, com menor diferença de tempo entre a avaliação do risco de extinção de uma espécie e a aplicação nas Políticas Públicas de conservação da biodiversidade.

“Ou seja, está sendo publicada agora, em 2022, a atualização referente às espécies que tiveram o ciclo de avaliação finalizado entre 2015 e maio de 2021. Em 2023, teremos uma nova atualização da Lista com as espécies avaliadas entre junho de 2021 e final de 2022 e assim por diante, em todos os anos seguintes”, explica.

“Até o final de 2022, completaremos o ciclo de avaliações e reavaliações, atingindo o patamar de 15 mil espécies avaliadas”, finaliza.

Levantamento da flora

De acordo com o documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente também foram atualizados os dados da flora brasileira ameaçada de extinção. Considerando fauna e flora, 280 espécies saíram da categoria de ameaça, 131 foram indicadas para categorias de menor ameaça, 2.749 permaneceram na mesma categoria de avaliações anteriores e 1.462 espécies entraram na lista.

Fonte: G1

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