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Biólogos começam estudos sobre golfinhos em Portugal

12 de julho de 2013
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Desde a antiguidade que a imaginação humana é alimentada pela graciosidade que o golfinho transmite. O fascínio humano por estes cetáceos ajuda a compor histórias e mitos carregados de espiritualidade. Segundo os povos do Pacífico Sul, os golfinhos são mensageiros divinos e parentes próximos do Homem. Também a mitologia grega é rica em referências a cetáceos. Numa das suas lendas, Poseidon, o Deus do Mar e de todas as criaturas marinhas, escolheu um golfinho como mensageiro do amor para cortejar Afrodite, uma ninfa marinha, que passeava pelo mar.

Afirma-se que o nível de inteligência dos golfinhos encontra-se acima da de um cão. Não há conclusões evidentes, nem respostas concretas. Apenas é certo que os golfinhos são animais independentes, que devem ser respeitados. Em vez de lhes confiarmos o título de personalidades humanas ou o estatuto de deuses, devemos apreciar a sua independência e liberdade.

A navegação começou rumo ao Sul e a bordo do navio Creoula estavam biólogos da campanha Marbis Algarve 2013.  André Cid especialista em cetáceos, instrutor de mergulho e fundador da AIMM, Associação para a Investigação do Meio Marinho, embarcou nesta campanha com a missão de monitorizar os avistamentos de cetáceos e tartarugas marinhas na costa algarvia.

“Existe um interesse enorme no estudo dos golfinhos do Sado, no entanto, o conhecimento sobre as demais espécies e habitat é muito limitado. O Algarve reúne excelentes condições de mar, constitui uma rota importante de passagem e de possível residência, sobretudo para os cetáceos que frequentam o Mediterrâneo e a confluência com o Atlântico. A nossa associação cria redes de trabalho conjuntas com as empresas de Whale Whatching. Os últimos anos promoveram uma vaga sem precedentes destas empresas, infelizmente muitas operam sem conhecimentos científicos, desrespeitando os animais apenas pensando no lucro fácil”, conta André Cid.

Junto ao grupo estava Joana Castro, responsável da AIMM e que coordena a base de dados de cetáceos da costa Sul de Portugal, baseando-se nos seus habitat, georreferenciando-os, identificando a sua estrutura social e os seus comportamentos, bem como compilando a foto identificação dos indivíduos onde a barbatana dorsal serve como impressão digital.

“Existe um catálogo de foto-identificação dos indivíduos. Com o cruzamento dessas informações, conseguimos aprofundar o nosso conhecimento sobre cetáceos. Todos podem contribuir para o enriquecimento da base de dados, desde clubes de vela, às embarcações de recreio. Queremos consolidar o nosso conhecimento, partilhá-lo e sobretudo contribuir para a preservação deste recurso que facilmente se extingue se não criarmos medidas rígidas de observação e aproximação aos grupos de golfinhos. Eles são animais selvagens, a sua proximidade só continuará a ser possível se os conhecermos e não os assustarmos. Apesar da existência de regras e legislação, a falta de bom senso e fiscalização pode fazer perigar este negócio e sobretudo destruir a ponta do icebergue da biodiversidade marinha dedicada aos cetáceos. Trabalhamos em parceria ativa com as empresas de Whale Whatching e passamos a mensagem da educação e sensibilização ambiental. Há empresas que promovem saídas sem terem guias especializados com conhecimentos científicos profundos, muitas vezes nem conseguem identificar as espécies e as suas características de forma rigorosa”, explica a investigadora.

Existem empresas que promovem a natação com golfinhos, embora a legislação proíba este tipo de atividade em Portugal. Os animais ao se verem cercados por turistas com suas máquinas e gritos, ficam assustados, estressados e em desespero. Os golfinhos não são peixes, nem nadam em cardume.

A Associação para a Investigação do Meio Marinho (AIMM) revela-se como uma plataforma científica de excelência, composta por verdadeiros apaixonados pelo mar. Os investigadores observam e identificam cada grupo, falam em códigos registrando todos os dados e estão sempre disponíveis para fazer a ponte entre ciência e público.

Fonte: Visão

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