EnglishEspañolPortuguês

Barulho ameaça mico-estrela em Belo Horizonte (MG)

21 de fevereiro de 2011
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Thinkstock

Buzinas, carros acelerando, ônibus subindo e descendo as avenidas Afonso Pena e dos Andradas, além da circulação intensa de pessoas durante todo o dia. O barulho que cerca o Parque Municipal, no centro de Belo Horizonte, pode ser uma ameaça à sobrevivência dos micos-estrelas que encontraram abrigo na área verde da capital.

Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da PUC Minas mostra que os micos-estrelas preferem ficar nas áreas mais internas do parque, que são as mais silenciosas, apesar de as mais barulhentas possuírem maior quantidade de alimentos.

Segundo a bióloga Marina Henriques Lage Duarte, a presença ou não de alimentos é indiferente para os bichinhos.

– Os micos preferem as áreas silenciosas mesmo que elas possuam menor oferta de alimentos, o que é incomum para os animais quando levamos em conta que a alimentação é a necessidade mais básica do ser vivo.

A pesquisa identificou ainda que os micos-estrelas evitam ruídos acima de 56 decibéis, o equivalente a uma conversa entre duas pessoas, em som moderado.

A pior constatação das medições é que no parque, principalmente entre segunda-feira e sábado, há picos de ruídos de 97 decibéis, o equivalente ao som de uma casa noturna, bem acima do permitido pela legislação ambiental. A Lei Municipal 9.505, de 23 de dezembro de 2008, que trata do controle de ruídos em Belo Horizonte, estipula em 70 decibéis o nível máximo de ruído permitido em horário diurno.

Toda essa agitação tem afetado a sobrevivência dos micos porque eles dependem da comunicação para evitar os predadores naturais, como os gatos urbanos. Há pelo menos 200 deles no Parque Municipal. Marina explica melhor como eles se comunicam.

– Para escapar dos gatos, os micos-estrelas possuem comunicação vocal própria. Quando um deles vê um gato, ele avisa o grupo todo. Com tanto barulho, essa comunicação vital está sendo dificultada.

Segundo a bióloga, alguns animais podem apresentar perda de audição e não ouvir o grito de alerta dos outros. Isso tudo pode resultar em aumento da mortalidade desses animais.

Os cientistas desenvolvem um estudo que monitora o comportamento, a cadeia alimentar e a distribuição da espécie Callithrix penicillata nas áreas verdes de Belo Horizonte, como no Parque Municipal, e na Região Metropolitana. O projeto, chamado Micos Urbanos, faz parte do programa de pós-graduação em zoologia de vertebrados da universidade.

Fonte: R7

Você viu?

Ir para o topo