Por Patricia Tai (da Redação)
Banksy, o artista de rua reconhecido mundialmente, está no meio de sua permanência de um mês em Nova York com uma nova instalação que se movimenta a cada dia para uma vizinhança diferente ao redor da cidade. Chamada “The Siren of the Lambs” (“A sirene dos cordeiros”), a peça é uma obra de arte móvel que utiliza um caminhão carregando animais de pelúcia, com movimentos e sons de animais amplificados para chamar a atenção às cruéis condições que os animais sofrem ao serem transportados de fazendas para abatedouros onde são mortos para servir à alimentação humana. As informações são do Tree Hugger.
Banksy postou o seguinte vídeo durante passagem pelo distrito de Meatpacking:
Também foi publicado o vídeo abaixo pelo Tree Hugger, este focaliza os olhos e expressões dos animais de pelúcia como se fossem reais:
Na porta do caminhão estão pintados os dizeres “Farm Fresh Meats” (“Carnes frescas da fazenda”). Enquanto os animais gritam, um som de alguém batendo em metal os aterroriza ainda mais – e aterroriza também o espectador sensível. Abusando do efeito lúdico representado pelos bichos de pelúcia, mesmo não usando animais de verdade, as cenas são tão impressionantes que podem ter o poder de fazer alguém deixar de comer carne.
Esta não foi a primeira vez que Banksy usou sua arte para fazer uma declaração impactante sobre o tratamento aos animais não humanos. Em 2008, sua instalação chamada “The Village Pet Store” era realmente uma loja de rua retratando animais nas mais diversas formas de exploração humana: uma onça deitada em um galho com botões no corpo como se fosse um casaco de pele respirando; aves em forma de nuggets animados e peixes no aquário em forma de empanados.
Havia também um golfinho, um macaco, um coelho e um pássaro, todos aparecendo como se estivessem dopados diante de um ambiente artificial e fútil em que os humanos os fizeram viver, além de linguiças e salsichas se movendo como se fossem os animais já em forma de comida. Segundo a reportagem, o objetivo da obra foi ressaltar a nossa relação com animais e a alimentação de sua carne, e realmente talvez nenhum outro artista tenha retratado a objetificação animal para consumo humano de forma tão criativa, clara e, como não dizer novamente, lúdica. Veja o vídeo:
Em 2010, a respeito do derramamento de óleo da BP, Banksy transformou um brinquedo infantil em forma de golfinho em uma verdadeira amostra de como o derramamento de óleo estava prejudicando esses cetáceos e outros animais marinhos.
Mas nem tudo são flores na obra de Banksy no que se refere aos animais. Em 2009, ele também explorou a elefante Tai – famosa por ter sido largamente explorada em filmes como “Água para elefantes”, sendo até filmada chorando enquanto recebia eletrochoques.
Na ocasião, ele cobriu o corpo inteiro da elefante com uma tinta estampada de modo que imitasse papel de parede.
A exposição ocorreu nos Estados Unidos e se chamou “Barely Legal”. Conforme uma reportagem do The Guardian, na noite de abertura havia cartões com os dizeres: “Há um elefante na sala. Há um problema sobre o qual nunca falamos”, e o elefante tinha por objetivo representar os “bilhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no mundo”. A obra contendo a elefante foi a mais visitada da exposição, e também apareceu no famoso documentário sobre a arte de Banksy, “Exit through the gift shop”.
Ativistas de direitos animais se enfureceram diante do uso da elefante na exposição, e até autoridades americanas chamaram a atitude de Banksy em pintar Tai de “abuso frívolo”.
Retorno meritório
Apesar do controverso uso do elefante, é preciso reconhecer que a obra de Banksy com o caminhão itinerante repleto de bichos de pelúcia é muito meritória.
O repórter do TreeHugger ficou impressionado com a peça. Ele percorreu o bairro de Williamsburg no Brooklyn e esteve exatamente em frente ao caminhão. Segundo ele, “uma longa parada no semáforo” permitiu que ele tirasse algumas fotos. Ele também confirmou que o caminhão é “realmente barulhento, impossível de se ignorar”, e que a peça certamente está chamando a atenção enquanto cruza a cidade de Nova York.
Veja a seguir as fotos tiradas pelo repórter: