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MINAS GERAIS

Aumento dos incêndios tem causado morte de animais silvestres

30 de setembro de 2021
Kauana Kempner Diogo I Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Neste mês de setembro, há em média um foco ativo de incêndio a cada seis minutos, esse dado alarmante está surpreendendo os mineiros.

Dentre os diversos problemas gerados pelo fogo, está a morte de um número incontável de animais. Muitos acabam sendo carbonizados e desfigurados pelas chamas ao tentar fugir.

Conforme a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), espécies de baixa mobilidade acabam ficando expostas às chamas, sendo assim mais afetadas pelo efeito direto do fogo, como répteis (serpentes, lagartos), anfíbios (sapos), invertebrados e filhotes em geral. 

Não existem maneiras de saber, exatamente, quais espécies são as mais afetadas.

“Não se sabe quais as espécies que mais fogem, mais morrem ou mais param nas estradas, isso porque existem muitas variáveis e não há um estudo sobre”, disse Thiago Stehling, médico veterinário do Instituto Estadual de Florestas (IEF), que atua no Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA em Belo Horizonte (Cetas/BH).

O veterinário ainda explica que apesar da quantidade de incêndios em todo o estado de Minas Gerais, poucos animais são resgatados com vida e levados para tratamento. 

“Os animais silvestres ou são carbonizados e nem encontramos os restos mortais, pensando que a maioria da nossa fauna são de animais pequenos. Ou eles conseguem escapar. Poucos vão ser encontrados agonizando, com ferimentos ou queimados. Muitas vezes acontece de os animais estarem fugindo do fogo e serem atropelados nas estradas. Isso também é uma consequência do fogo. Mas não temos informações detalhadas do histórico dos animais que chegam de atropelamento.”

Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press- 26/10/2017)

Dificuldade de acesso aos locais

O estado de Minas Gerais, diferentemente dos outros estados, apresenta um relevo sem planícies e para acessar os locais de incêndio exige maior preparo e conhecimento das matas.

“É diferente, por exemplo, do Pantanal, que diversas pessoas falam dos animais resgatados. É cobra, onça, jacaré, sucuri. Em Minas é diferente, nosso relevo é muito acidentado. Quem consegue chegar, por vezes, são só profissionais altamente treinados para combate de incêndio florestal. Lá (Pantanal), os biólogos ou veterinários conseguem acessar alguns lugares, a composição da fauna é diferente, com muitos grandes mamíferos e répteis, formando uma concentração bem maior de animais, isso devido as características do próprio ambiente”, explica o veterinário.

De acordo com o sargento Aloísio Henrique Souza, que atua no pelotão de combate a incêndios florestais do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), certas circunstâncias realmente complicam, ainda mais, o trabalho dos militares.

“Um elemento favorável ao combate ao incêndio é quando o terreno é plano, levemente acidentado e há existência de estradas, que permitem uma resposta rápida. Porque, quanto mais rápido o incêndio for debelado, menos estragos trará. Agora, a ausência de estradas, aclives e declives, regiões montanhosas, mata densa e fechada, terrenos alagados e pântanos, são elementos desfavoráveis, que geram um tempo de resposta demorado”, explica.

Resgate dos animais

Durante o cansativo trabalho de combater as chamas e impedir que elas se espalhem pela vegetação, o resgate dos animais é feito na medida que os militares os encontram com vida. Infelizmente, a maioria dos animais acabam morrendo, antes mesmo de serem vistos pela equipe. 

A médica veterinária e soldado do CBMMG, Luana Maressa explica que não há uma equipe especializada para resgate de animais.

“Não existe uma equipe especializada em resgatá-los. A própria equipe no combate ao incêndio, que se deparar com um animal ferido, vai pegá-lo e encaminhar para atendimento. Há recomendação de usar um pano limpo, para não agarrar a pele do animal no equipamento, em seguida eles são levados para o IBAMA, em horário comercial, ou para as clínicas veterinárias mais próximas”, explica.

Ela ainda recomenda que liguem para o 193, pois na tentativa de ajudar o animal, uma pessoa pode até ser ferida, porque o animal com dor está propenso a atacar. Além disso, algumas pessoas fazem receitas caseiras para tentar melhorar a queimadura, mas não algo aconselhado.

Para onde vão os animais resgatados?

Segundo informações do portal Estado de Minas, aos que conseguem ser resgatados são levados para atendimento emergencial em clínicas ou hospitais veterinários mais próximos. 

Conforme a Semad, o recomendado é que esses animais sejam entregues nos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestre do IEF, localizados em Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros, Patos de Minas e Divinópolis. 

O veterinário Thiago Stehling, do Cetas/BH, diz que entre a chegada dos animais no Centro até a soltura no ambiente ocorrem muitas fases. Na capital apenas quatro animais deram entrada para receber tratamento nos últimos três meses, entre eles um jabuti, um ouriço-cacheiro (porco-espinho) e dois gambás de orelha branca.

“Apesar de chegarem poucos, não quer dizer que o fogo não cause problemas. Pelo contrário, não chegam tantos animais porque muitos morrem. Um animal que veio de incêndio não necessariamente está com queimadura. Às vezes ele só estava fugindo e foi resgatado. Fazemos uns exames e se ele não tem nada, podemos levar para a área de soltura”, explica.

A reabilitação

O processo de recuperação passa pelo tratamento das feridas, quando há recuperação física e reabilitação. Eles também utilizam a técnica de pegar, por exemplo, o cheiro de um predador, colocam no recinto e quando ele sente, colocam um som alto para ocorrer associação a algo perigoso. 

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