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JUSTIÇA

Ativistas pedem a criação de um santuário para acolher os búfalos de Brotas

3 de dezembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Instagram | @bufalas_de_brotas

As mais de mil búfalas grávidas abandonadas em uma fazenda na cidade de Brotas, interior de São Paulo, vêm gerando revolta e comoção desde a divulgação do caso no começo de novembro. Vídeos das búfalas em sofrimento com sede e fome alcançaram milhares de pessoas nas redes sociais e gerou o posicionamento de celebridades como a Xuxa, Luana Piovani, Bela Gil e Maria Casadevall.

As investigações do caso estão em curso e os policiais já chegaram a alguns fatos que elucidam o grave crime ambiental. O pecuarista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, proprietário da Fazenda Água Sumida, explorava as búfalas para a produção de laticínios em larga escala. Diante de uma oportunidade financeira o fazendeiro trocou o ramo de atividade da propriedade e desconsiderou totalmente os mais de mil animais que viviam ali.

A diretora jurídica da ANDA Letícia Filpi, que participou dos resgates desses animais relatou uma situação desoladora no local. “Tem algumas búfalas com hemorragia definhando no meio do pasto. Para esse homem era mais barato deixar esses animais morrerem do que os vender a preço de banana.”

A produção de leite seria substituída por plantações de soja, que estão com o preço em alta no mercado, e o responsável pelos animais começou a destruir a gramínea, que é o alimento das búfalas. Sem comida e encurralas em espaços cada vez menores, os animais começaram a morrer de inanição. Luiz Augusto tentou justificar o crime ambiental afirmando que os animais estão velhos e que estão morrendo por conta da falta de chuvas que assolam o estado de São Paulo.

Passado o abalo do primeiro impacto e várias reviravoltas na Justiça, agora as búfalas e 72 cavalos e éguas que foram encontrados na fazenda, estão sob a tutela de organizações de direito animal. Porém o desafio continua e a imensa quantidade de animais precisa de muito feno e farelo de milho para se recuperar fisicamente e seguir para uma vida serena, longe de abusos e covardia.

Foto: Instagram | @bufalas_de_brotas

Por dia, os ativistas que respondem pelos animais têm um gasto equivalente a 11 mil reais com o fornecimento de alimentação e medicamentos.

Para o presidente da Comissão Nacional de Proteção e Defesa dos Animais da OAB, Reynaldo Velloso, umas das questões que ainda não estão definidas é sobre onde as búfalas poderão viver e os gastos serão custeados, pois essa demanda tem projeção mínima em torno de uma década. Além da manutenção do espaço e gastos com alimentação, também será necessário investir em mão de obra veterinária. A melhor resolução é providenciar a criação de um santuário para as búfalas.

“A figura jurídica de um santuário não existe ainda, o que não impede de ter um habitat bom onde as búfalas possam viver. A tendência de evolução dos direitos dos animais é, em breve, criar isso”, disse Velloso.
No último domingo (28) ativistas foram até o centro de São Paulo, em frente a Bolsa de Valores (B3), protestar e consciencializar sobre o futuro das búfalas de Brotas, que em breve iram duplicar o seu número.

A publicitária e ativista Larissa Maluf, que acompanha os resgastes desde o início, é uma das apoiadoras da criação do santuário com os recursos advindos das multas ambientais aplicadas ao responsável pelos animais. “Temos o apoio da prefeitura, da população de Brotas, da polícia, e a gente imagina que essa situação deve durar um tempo. Os animais precisam se recuperar fisicamente. Espero que a gente consiga dar uma vida digna a elas e que não sejam mais exploradas como eram.”

Noventa por cento dos animais são fêmeas grávidas que têm por volta de 12 anos de idade, e que de acordo com a espécie vivem cerca 25 anos. Esses animais foram privados de suas necessidades básicas e chegaram à beira da morte. Graças ao trabalho em conjunto de ativistas, policiais, autoridades, cidadãos, médicos veterinários e advogados, hoje as búfalas podem comer, beber água e viver com o mínimo de tranquilidade, mas a única medida que realmente poderá garantir o futuro dos animais é um santuário.

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