EnglishEspañolPortuguês

BROTAS (SP)

Ativistas montam hospital de campanha para cuidar de búfalos

19 de novembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
4 min. de leitura
A-
A+

O caso das búfalas que foram vítimas de maus-tratos na cidade de Brotas, no interior de São Paulo, ganhou um novo capítulo nessa semana. Os animais que foram deixados à própria sorte em uma propriedade sem acesso à água ou à qualquer alimento, ganharam um hospital de campanha nessa semana.

Para atender os animais que estão em situação muito debilitada, os voluntários e profissionais que ajudam as búfalas tiveram que montar um hospital a céu aberto. As pessoas que estão na linha de frente do resgate vêm de todas as partes do país, como Patrícia Fittipaldi, que veio do Rio de Janeiro. “A gente ficou chocada com a situação quando começou a ver nas mídias sociais. Imagina, uma situação que mais de mil animais foram deixados à própria sorte para morrer agonizando de fome e sede”, contou em entrevista para o G1.

Foto: Instagram | @bufalas_de_brotas

Cerca de 27 animais foram encontrados mortos na Fazenda São Luiz da Água Sumida. A justiça multou o pecuarista, que não teve o nome divulgado, em $2,133 milhões. De acordo com a polícia, foram encontrados 667 animais, sendo 335 vacas e 332 bezerros, todos do gênero Bubalus (búfalo-asiático). Praticamente todas as búfalas estão grávidas.

O laudo divulgado pela equipe veterinária que acompanha a operação, reforça a situação precária que os animais se encontram. Algumas búfalas estavam sendo devoradas vivas por urubus.

Na quarta-feira (10), a Justiça determinou que a propriedade fosse aberta para os voluntários, médicos e servidores da prefeitura que pudessem ajudar nesse resgate. Os representantes dos animais se uniram para proporcionar silagem de cana, água potável, medicamentos, soro e afago nesse momento tão ilógico.

A justiça permitiu que as entidades de proteção animal tenham livre acesso a fazenda por somente 15 dias. Os custos até agora têm sido bancados pelos voluntários que buscam doações, fazem rifas, ‘vaquinhas’ e outras ações para continuar cuidando dos animais.

“Estamos gastando uma média de R$ 4 mil para comprar 10 toneladas de silagem por dia. Isso é o mínimo que estamos utilizando, mas precisamos aumentar para 15 toneladas, porque só assim os animais vão se recuperar de verdade”, afirmou o presidente da ONG ARA, Alex Parente.

“Nós precisamos levantá-las pelo menos duas vezes por dia, fazer massagem nas patas e deixar elas bem hidratadas, dar os medicamentos e além de tudo isso, o titular da fazenda está dificultando o nosso trabalho. Não empresta os tratores, trancou a porteira e falou que a gente não vai trazer o gado que está lá em situação bem pior, aqui pro hospital”, lamenta o veterinário Maurice Gomes Vidal.

Foto: Instagram | @bufalas_de_brotas

Foi determinado em juízo que o pecuarista colabore com os cuidados necessários pra saúde do rebanho, sob pena de multa diária de R$ 3 mil. O delegado da cidade de Brotas disse que irá investigar a conduta do proprietário em relação ao trabalho dos voluntários. “Se configurar que ele está impedindo o trato dos animais, nada impede de eu representar uma ação contra ele por associação criminosa”, declara.

Uma TV local tentou, mas não conseguiu falar com o advogado do homem, que pagou R$10 mil de fiança e está aguardando o julgamento na cidade de São Paulo, em liberdade.

O pior é que os voluntários têm se dedicado ao atendimento dos animais, mas não sabem se após o prazo de 15 dias, determinado pela Justiça, eles vão voltar para a tutela da família ou se vão poder ser doados. “Noventa por cento desse rebanho está gestante, então daqui a 3 ou 4 meses, nós não vamos ter mil búfalos, nós vamos ter 2 mil búfalos e isso pode virar um problema de saúde pública. A crueldade feita aqui, o abandono desses animais colocados à própria sorte para passar sede e morrer mesmo, serem enterrados vivos, isso não se faz. O que a gente quer é uma solução rápida. Eles podem até ser mantidos aqui, mas dentro de uma condição digna”, diz o protetor de bem-estar e direito animal, Vitor Favano.

Através das redes sociais as entidades de proteção do direito animal estão captando recursos para dar continuidade a esse árduo trabalho.

Você viu?

Ir para o topo