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BELO HORIZONTE (MG)

Ativistas alegam queda de adoção de animais em abrigos

Segundo a percepção de protetores, apesar de a pandemia ter influenciado no quadro, a diminuição teria começado anteriormente e estaria relacionada à economia.

2 de setembro de 2022
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Franklin Oliveira, responsável por uma casa de passagem de animais na região da Pampulha, explica que, além da queda da quantidade de adoções, o número de abandonos cresceu. Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Ativistas e responsáveis por ONGs de animais alegam queda no número de  adoções de cães e gatos nos últimos anos em Belo Horizonte e Região Metropolitana (MG). Apesar de o período pandêmico de COVID-19 ter influenciado no quadro, a diminuição teria começado em 2018 e a causa estaria relacionada à crise financeira dos brasileiros.

Franklin Oliveira, responsável por uma casa de passagem de animais na Pampulha, explica que, além da queda das adoções, o número de abandonos cresceu no período.

“Vimos nas redes sociais pessoas tentando achar quem adotassem seus animais, pois não tinha condições de mantê-los. Também aumentou o pedido de socorro de abrigos para poder ajudar cães e gatos, como também o crescimento do abandono. Perdi a conta das vezes que eu e amigos fizemos campanha de doação de ração para tutores que queriam renunciar seus animais”.

Ele conta que os animais resgatados são tratados, vacinados, vermifugados e castrados por meio da parceria com outras clínicas, como a Cão Viver, Cães e Amigos e Hospital Veterinário Santo Agostinho. No entanto, a maior dificuldade está em encontrar adotantes.

“Ao todo, estão comigo 38 cães e 9 gatos. O problema é que alguns deles estão envelhecendo, o que aumenta a dificuldade, já que muitas pessoas preferem filhotes. Mesmo com a divulgação diária, até em meios de comunicação, não estamos tendo muitos resultados”.

Mais animais nas ruas

Para Isabela Freitas, responsável pelo Abrigo Isabela Freitas, o número de adoções influencia diretamente na quantidade de animais que estão nas ruas. Afinal, por muitas ONGs já estarem lotadas, não há vagas para outros pets que estão em condições vulneráveis.

“Se o fluxo de adoção aumentar, também cresce o nosso espaço para fazer novos resgates. Se os animais não vão embora, é muito complicado para nós protetores colocar novos, pois é humanamente impossível mantê-los. Principalmente, para abrigos lotados e que passam por dificuldades financeira, como no meu caso e de outros colegas. Precisamos diminuir o fluxo de animais, para abrir novas vagas”.

O poder público e ativistas não têm dados sobre animais soltos nas ruas da capital. Porém, de acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recolheu, de 2019 a 2021, 8.079 cães e gatos. Em 2022, já foram resgatados 913 animais.

Segundo Fernanda Braga, do Brasil sem Tração Animal, a crise financeira é um dos principais fatores que influencia no crescimento do abandono e queda nas adoções de animais.

“Mesmo com a necessidade de uma companhia no período de isolamento, com a diminuição do poder aquisitivo, as pessoas pararam de adotar, devolveram ou abandonaram seus animais. Como muitos ainda estão desempregados e tudo aumentou o preço, não houve mudança no quadro”.

Adoção como um ato de amor

Edna Gonçalves, de 62 anos, tomou a decisão de adotar a cachorrinha Lady. Ela conta que, devido aos filhos estarem crescidos, foi a maneira de encontrar uma companhia.

“Não costumo sair tanto e, por isso, ficava muito sozinha, sobretudo, depois que a minha outra cachorrinha morreu de velhice. Ela ficou 17 anos comigo, mas faleceu em 2015, então estava acostumada a sempre ter um animal por perto”.

Diferentemente do que é observado pelos protetores, a aposentada preferiu um animal mais velho, com dois anos, em vez de um filhote. “Por causa da minha idade é muito complicado acompanhar o ritmo de cachorros filhotes. Quando avistei a Lady no abrigo, já quis levar ela para casa. Ela é muito boazinha e brincalhona, lembra muito a Tita, apesar de nenhum cão substituir o outro”.
Mariza Castelli, responsável pela ONG Cão Viver BH, onde Edna encontrou a sua nova companheira, ressalta que a adoção é um ato de amor. “Quem adota, na verdade, está sendo adotado. Além de dar abrigo para um animal que, muitas vezes, foi abandonado, você recebe um carinho muito grande desses animaizinhos. Caso a pessoa não possa ser um tutor, ajudar um abrigo, por meio de doações, é outra maneira de demonstrar amor aos animais”.
Além disso, a adoção é um dos pilares principais para acabar com o abandono e sofrimento de animais. “Se não achar tutores para esses bichinhos, eles ficarão sempre trancados em abrigos, sem ter uma família ou acolhimento. Não existe um caminho melhor para a sobrevida dos animais”, frisou Franklin Oliveira.
O protetor da causa também pede que as pessoas reflitam antes de optar pela compra de cães e gatos. “Muitas vezes, é um mercado muito cruel, dado as denúncias contra canis comerciais. Por isso, se alguém gostaria de ter um animal, pense na possibilidade de adotar, afinal, estará tirando um animal da rua e oferecendo uma oportunidade de vida. Muitos animais vivem poucos anos nas ruas, pois morre sem assistência nenhuma”.

Informações para adoção em BH

Interessados na adoção podem entrar em contatos com os abrigos para conseguir mais informações, visitá-los e, até mesmo, contribuir com doações.
Grupo Núcleo Fauna de Defesa Animal 
Contato: Franklin Oliveira
Telefone: (31) 99676-0099
ONG Cão Viver
Contato: (31) 9 9166-8563
Endereço: R. 1º de Maio, 105 – Vila Boa Vista, Contagem
Abrigo Isabela Freitas
Contato: Isabela Freitas
Telefone: (31) 99675-9363
Brasil sem Tração Animal 
Fonte: EM

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