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POSSÍVEL PREDAÇÃO

Ararinha-azul que estava desaparecida é encontrada morta em Curaçá, no sertão da Bahia

Informação foi divulgada pelo projeto BlueSky Caatinga na quinta-feira (8).

9 de setembro de 2022
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Foto: Divulgação | ACTP

Uma das oito ararinhas-azuis que ganharam vida livre em Curaçá, no sertão baiano, em junho deste ano, foi encontrada morta, na quinta-feira (8), segundo informações do projeto BlueSky Caatinga.

De acordo com o projeto, a ararinha foi encontrada morta próxima ao recinto e tudo indica que ela tenha sido vítima de predação. Ainda segundo o BlueSky Caatinga, esse é um processo natural e já esperado.

O g1 entrou em contato com a assessoria do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que disse que aguarda mais informações de pesquisadores do instituto para se manifestar sobre o caso.

Na última quarta-feira (7), a ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP) informou que uma outra ararinha-azul está desaparecida.

De acordo com a ONG, a ararinha saiu do grupo e não voltou para a estação de alimentação desde a semana passada. A ONG, juntamente com o ICMBio, tentou localizar a ave de diversas formas, mas não teve sucesso.

O instituto informou que todas as ararinhas soltas usam uma espécie de coleira de identificação. No caso da ave desaparecida, há duas possibilidades: ou o aparelho está danificado ou foi destruído.

Soltura das ararinhas

As cinco fêmeas e os três machos nasceram em viveiros e foram soltas em Curaçá no dia 11 de junho deste ano. Os animais eram considerados extintos da natureza há 22 anos.

A soltura foi uma das etapas do Plano de ação Ararinha-Azul, coordenado pelo ICMBio, em parceria com a ONG ACTP e instituições privadas que apoiaram o projeto.

Com elas, foram soltas oito araras maracanãs, que também ocorrem na caatinga baiana, e que tiveram a missão de “treinar” as ararinhas-azuis dentro do viveiro para ensiná-las como sobreviver em vida livre.

Desde então, os pesquisadores acompanham a adaptação das ararinhas em vida livre por meio de um rádio colar que foi instalado em todas que foram soltas. Além disso, eles realizam o monitoramento constante área em que elas devem circular, que tem muitas árvores caraibeiras, as preferidas das ararinhas-azuis para dormir.

Uma outra soltura está programada para dezembro desse ano, quando outras 12 ararinhas-azuis que vivem na Unidade de Conservação em Curaçá devem ganhar vida livre. Até lá, os pesquisadores esperam já ter bons resultados da soltura experimental.

O projeto prevê que ararinhas sejam soltas na natureza em Curaçá nos próximos 20 anos. Para isso, elas vão continuar a reprodução em viveiros na Alemanha e no Brasil, e espera-se que logo se reproduzam no habitat natural.

Extinção na natureza

Endêmica de Curaçá, a última ararinha-azul foi vista na zona rural da cidade há mais de 20 anos, na companhia de uma fêmea de outra espécie, a arara Maracanã, e depois sumiu.

Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu com a última ararinha-azul vista em Curaçá, no sertão baiano, único lugar de ocorrência da espécie em vida livre.

Os pesquisadores atribuem a extinção da espécie principalmente ao tráfico de animais e à destruição de parte do bioma da Caatinga.

Ambientalistas e pesquisadores trabalham juntos desde 2009 no projeto de reintrodução das ararinhas na natureza. Em 2012, foi criado o Plano de Ação para Conservação da Ararinha-Azul (PAN), que inclui a reintrodução dessa rara ave brasileira no território de origem.

“É um ato simbólico que representa muita coisa. Representa um progresso muito grande de conservação, que a gente acredita que pode recuperar as espécies em extinção. Esse projeto representa o que a gente [biólogo] e os amantes da natureza fazem em prol da conservação, fazemos isso com paixão, isso é o mais gratificante”, disse Eduardo Araújo Barbosa, coordenador do PAN Ararinha-Azul (ICMBio).

O trabalho do plano de ação começou com o rastreamento das últimas ararinhas-azuis que existiam no mundo, todas em cativeiros. A maior parte dela, segundo os pesquisadores, foi encontrada no Catar.

Mais de 100 foram resgatadas e levadas para o viveiro da ONG alemã ACTP, no país europeu. Na instituição, as ararinhas passaram por um processo de reprodução natural e também reprodução artificial, para então alguns exemplares serem trazidos para o Brasil. Hoje, existem pouco mais de 200 ararinhas-azuis no mundo, a maior parte delas na Alemanha.

Fonte: G1

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