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Ativistas querem proibição de circos que exploram animais em Milford (EUA)

10 de junho de 2013
7 min. de leitura
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Por Amanda Dall’Agnol (da Redação)

Elefantes e outros animais explorados em circos estão no centro de um debate em Milford, nos EUA, onde um morador está exigindo uma ordem para banir os circos que usam animais em suas apresentações. (Foto: Divulgação)
Elefantes e outros animais explorados em circos estão no centro de um debate em Milford, nos EUA, onde um morador está exigindo uma ordem para banir os circos que usam animais em suas apresentações. (Foto: Divulgação)

Os circos têm sido uma fonte de diversão e entretenimento para jovens e adultos de todas as idades.

Eles também têm sido um ponto de discórdia entre os ativistas dos direitos dos animais e as pessoas que realizam os shows. Debates e estudos podem ser encontrados on-line, alguns apoiando os defensores dos  direitos dos  animais, e outros defendendo a exploração de animais em circos.

O show, e o debate, estarão em destaque em Milford, onde circo Cole Brothers chega à cidade com seus elefantes, tigres e outras atrações circenses. A organização In Defense of Animals (IDA) vai estar lá também e está planejando um protesto durante as noites de apresentação do circo.

“Circo clássico, em estilo americano, com elefantes, tigres, trapezistas e acrobatas eletrizantes, mágicas e palhaços hilários” estará em Milford, no shopping Westfield Connecticut Post de segunda-feira, 10 de junho, até quarta-feira, 12 de junho, com dois shows Cole Brothers por dia, às 16:30 e às 19:30”, de acordo com o anúncio do circo.

O show apresenta a “Surpreendente atração da princesa Vicenta, com tigres brancos, elefantes incríveis e os convidados especiais, os bebês gêmeos, Val e Hugo.”

“Com show de dublês, corda bamba, cães, bala de canhão humana e palhaços”, segue dizendo o anúncio.

Do lado de fora, provavelmente  a uma certa distância, estarão pessoas segurando cartazes e pedindo aos outros para que guardarem suas carteiras e desistam de ir ao circo.

Entre os manifestantes estarão pessoas como a moradora de Milford, Lorrie Davies, que é apaixonada por animais.

“Os elefantes são espancados frequentemente com um instrumento chamado bullhook e, às vezes, até com eletrochoque”, argumentou Davies em uma carta recente ao Milford Mirror.

“O ‘treinador’ precisa dobrar a vontade do elefante, causando dor e medo, o que faz com que os pobres animais fiquem submissos”, escreveu ela.

“Os detalhes macabros são muito fortes para serem descritos, mas qualquer vídeo do Youtube vai confirmar o que realmente está acontecendo nos bastidores.”

Ela não é a única que se sente assim. De acordo com um artigo da National Geographic News, desde 2004 várias cidades proibiram apresentações circenses com animais.

Davies quer ver Milford nesta lista e argumenta que há espetáculos de circo que não usam animais e que são muito divertidos.

“Há uma alternativa para este evento cruel”, disse Davies. “O Cole Brothers tem um circo que não utiliza animais chamado Circus of the Stars. Ele inclui malabaristas, acrobatas, palhaços, outras atrações e toda a diversão do circo menos os animais. ”

No ano passado, Davies apelou aos vereadores para criar uma lei que proibisse os circos que usam animais em suas apresentações. Não houve muita comoção com o seu pedido, mas ela disse que, recentemente, vários vereadores entraram em contato para dizer que estão estudando o assunto e vão lhe dar uma resposta.

Renee Storey, vice-presidente de administração do Cole Brothers , tem uma história diferente sobre circos e seu tratamento dos animais. Ela argumenta que as pessoas tratam os animais de circo bem, porque amam e trabalham em estreita colaboração com eles. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) exige que um veterinário supervisor esteja no local para organizar um programa de saúde para os animais. E quando o veterinário não viaja com o circo, utilizam-se veterinários locais para garantir que os animais façam exames regulares e vacinas, disse ela.

“Ao viajar com os animais, aumentamos a consciência sobre as espécies ameaçadas de extinção”, disse Storey. “Nós fazemos as pessoas se preocuparem com os elefantes e os tigres. Não há nada como ver os animais de perto.”

O Cole Brothers não usa um bullhook para controlar os elefantes, disse ela, mas sim um ankus, que é um guia de elefante. Fontes on-line referem-se ao ankus como um gancho para elefante e mostram uma estaca de metal com um acessório pontiagudo curvo. Storey descreveu-o como uma “ferramenta de prevenção”, utilizada da mesma forma como os “freios e rédeas” são usados em um cavalo.

“Você não pode colocar uma coleira e uma trela em um elefante”, Storey disse, explicando a necessidade do ankus.

Uma cerca elétrica mantém os elefantes do Cole Brothers fechados em uma área, e Storey disse que o sistema funciona nos mesmos moldes das cercas elétricas que as pessoas usam para manter cães em seus quintais e que as empresas agrícolas usam para proteger bovinos.

Os animais estão felizes, ela disse, fazendo referência a um estudo realizado pelo Dr. Ted Friend, da Universidade Texas A & M. Friend estudou animais de circo e determinou que a viagem não os deixava estressados e que ficavam agitados quando não faziam as apresentações com os outros animais, segundo Storey.

Friend, professor do Departamento de Ciência Animal da Universidade Texas A & M em College Station, realizou vários estudos comportamentais sobre elefantes de circo, incluindo um sobre os efeitos do transporte, de acordo com um artigo publicado on-line na National Geographic News de 2004.

“Uma câmera de vídeo com intervalo de tempo foi usada para registrar o comportamento dos elefantes, durante viagens em reboques e vagões”, afirma o artigo. “Os animais pertenciam a quatro operadores de circo: Clyde Beatty (agora chamado Cole Brothers), Hawthorn Corporation, Ringling Brothers and Barnum & Bailey, e Carson & Barnes.”

Os elefantes foram frequentemente observados tecendo – transferência de peso de um lado para outro. Enquanto isso, eles também comiam, jogavam feno nas costas, e olhavam para fora da janela, segue o artigo.

“O estudo de 2001 concluiu que tecer durante o transporte não pareceu ser um indicativo de desconforto, porque os elefantes estavam envolvidos em outras atividades e não em um estado de transe”, de acordo com o relatório.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

No entanto, o artigo também menciona alguns dos abusos a que Davies se referia. Nele observa-se que, em 2004, os animais de circo foram removidos de uma empresa de Illinois por causa de maus-tratos. Dos dezesseis elefantes, dois testaram positivo para a tuberculose.

Davies espera que os vereadores de Milford sigam as restrições aos circos. Ela, ao menos, gostaria que o uso de bullhooks fosse proibidos na cidade, o que já seria um começo.

Storey disse que gostaria de ver as pessoas do circo e do grupo de direitos dos animais se reunirem e discutirem questões objetivamente. Ela diz que o Cole Brothers não tem nada a esconder, e as tendas estão abertas para as pessoas que queiram entrar e ver como os animais são tratados.

Vereador Frank Smith, de Milford, disse que a Comissão de Lei Municipal está olhando para o problema e trabalhando em um decreto-lei que proíbe bullhooks e o uso de animais em apresentações. Ele espera que isso possa levar a uma reunião de todo o conselho para que alguma atitude ocorra nos próximos meses.

Nota da Redação: Qualquer circo que tem animais os maltrata. Um animal que tem uma natureza selvagem ou um temperamento silvestre não se submeterá através do bom trato. O animal tem tanto medo do seu domador, que chega a enfrentar temores inatos e naturais, como o fogo, que os afasta por instinto de sobrevivência. Imaginemos o terror que lhe mete o domador para que ele prefira ir ao fogo a desobedece-lo, e no que pode acontecer se estes animais não obedecem. Circo legal não tem animal.

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