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REFÚGIO

Animais ameaçados de extinção encontram abrigo em templo

3 de agosto de 2022
4 min. de leitura
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Macacos ocupam o Templo Bayon em Angkor Wat. O complexo tem trazido de volta animais que foram caçados no passado

O canto melódico das famílias de macacos ameaçados ecoa na selva ao redor do complexo do templo de Angkor Wat, um sinal de renascimento ecológico depois da caça de animais selvagens dizimar o local do Camboja. O primeiro casal de gibão-preto-cristado-oriental foi libertado em 2013 como parte de um programa conjunto entre a organização conservacionista Wildlife Alliance, a administração florestal e a Autoridade Aspara, uma agência governamental responsável pelas ruínas do século 12.

“Já soltamos quatro casais de gibões na floresta de Angkor e eles procriaram, sete bebês já nasceram”, disse à AFP Nick Marx, diretor do programa de resgate e cuidados da Wildlife Alliance.

Um gibão “na hora do lanche” em uma das árvores de Angkor Wat Imagem: TANG CHHIN SOTHY/AFP

“Estamos recuperando o patrimônio natural do Camboja em sua mais bela herança cultural”, acrescentou. Globalmente, os gibões estão entre as famílias de primatas mais ameaçadas, e o gibão-preto-cristado-oriental está em perigo de extinção. Marx diz que sua equipe resgata cerca de 2.000 animais por ano, muitos outros em breve estarão indo para a selva de Angkor. Espera-se que quando os jovens gibões atingirem a maturidade sexual, em cerca de cinco a oito anos, eles também possam acasalar. “O que esperamos para o futuro é criar uma população sustentável de animais em Angkor”, explica Marx.

“Grande vitória” As autoridades cambojanas comemoram o boom de nascimentos que começou em 2014. “Isso representa uma grande vitória para o nosso projeto”, diz Choy Radina, da Autoridade Aspara, acrescentando que os turistas também poderão ver grandes calaus voando sobre Angkor Wat novamente. O programa liberou mais de 40 espécies de animais e pássaros, incluindo langures, cervos, lontras, leopardos e civetas. Todos resgatados de traficantes, doados ou nascidos em cativeiro no santuário de vida selvagem Phom Tamao, perto da capital Phnom Penh.

Uma lontra se alimenta de peixe em julho de 2022 em Angkor Wat Imagem: TANG CHHIN SOTHY/AFP

O Parque Arqueológico de Angkor, com as ruínas de várias capitais do Império Khmer — entre os séculos 9 e 15 —, contém algumas das florestas tropicais mais antigas do Camboja. É também o destino turístico mais popular do reino asiático. Desde que Angkor Wat foi declarado Patrimônio da Humanidade em 1992, sua selva, que abrange mais de 6.500 hectares, passou a ter maiores proteções legais e físicas. Espera-se que o avistamento de espécies selvagens gere interesse turístico e aumente os esforços de conservação e educação.

Ameaças constantes A caça, a perda de habitat pela extração de madeira, a agricultura e a construção de barragens despojaram a floresta tropical cambojana de grande parte de sua vida selvagem. No ano passado, as autoridades removeram 61 mil armadilhas, segundo o porta-voz do ministério do Meio Ambiente, Neth Pheaktra, acrescentando que o governo lançou uma campanha para desencorajar a caça e o consumo de animais selvagens. Mas a pobreza deixa muitas famílias sem escolha a não ser caçar proteínas em suas dietas. Os animais também são caçados para a medicina tradicional ou como animais domésticos.

Gibões comem frutas e brincam nas árvores de Angkor Wat no Camboja na temporada de verão de 2022 / Imagem: TANG CHHIN SOTHY/AFP

De acordo com o Global Forest Watch, de 2001 a 2021, o Camboja perdeu 2,6 milhões de hectares de cobertura florestal, um declínio de 30%. Os interesses comerciais superam os esforços de proteção em algumas áreas. Até o zoológico e centro de resgate Phnom Tamao enfrenta ameaças de um projeto de desenvolvimento. De volta a Siem Reap, cidade que dá acesso a Angkor Wat, o aldeão Moeurn Sarin vai ao mercado comprar bananas, melancias e peixes para alimentar as famílias de gibões e lontras. “Estamos felizes em preservar esses animais”, afirma o homem de 64 anos, que gosta de assistir os gibões brincando pendurados nas árvores. “No futuro, esses animais terão bebês para as gerações futuras verem”, acrescenta.

 

Fonte: Uol

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