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COMPORTAMENTO

Alerta para 8 de abril: animais mudam de comportamento durante o eclipse solar

27 de março de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Os seres humanos não são os únicos afetados por um eclipse solar, como o que vai ocorrer no dia 8 de abril — desta vez, o fenômeno astronômico não poderá ser visto do Brasil. A mudança entre claro e escuro, conforme a Lua “tampa” o sol, altera temporariamente o comportamento de inúmeros animais, como demonstram estudos científicos. No entanto, não é comum observar eles “surtando” ou sendo agressivos.

Os primeiros relatos sobre as mudanças de comportamento entre os animais, durante o eclipse, são dos anos 1500.

Segundo os observadores da época, os pássaros repentinamente pararam de cantar. Abelhas também retornam a suas colmeias e muitos animais ficam inativos, como se a noite estivesse chegando. Entretanto, algumas espécies de macacos podem ficar mais excitadas, dependendo do ponto em que o sol se encontra.

O que acontece no eclipse solar?

Antes de entender o que muda no comportamento animal com a chegada do eclipse solar, é preciso olhar para o ambiente. Com a redução dos raios solares que chegam até a superfície, as temperaturas costumam cair, algumas nuvens podem desaparecer e a velocidade dos ventos é reduzida.

Em especial, o mais significativo para a vida animal parece ser a redução da luz, o que afeta o ritmo circadiano, ou seja, o relógio biológico, como se fosse a hora de dormir. Desse modo, os animais diurnos dificilmente “surtam”, mas tendem a ficar mais tranquilos.

Independente da forma, é diante dessas condições novas e temporárias que os seres vivos reagem — quanto mais tempo o eclipse durar, maior tende a ser as modificações comportamentais.

Mudança no comportamento dos animais

Na Indonésia, pesquisadores da Universidade Tadulako usaram gravações de câmeras e observações diretas para entender como eclipses alteram o comportamento animal. Em estudo publicado na revista Journal of Tropical Biology & Conservation (JTBC), foram analisados os seguintes grupos:

Raposas-voadoras, que são morcegos;
Macacos do gênero Tarsius, conhecidos como társios;
Macaco-de-heck (Macaca hecki)
Aves, como o maleo;
Anfíbios.

Em relação ao ambiente, os pesquisadores explicam que “a temperatura do ar, a intensidade da luz e a velocidade do vento caíram e atingiram seu pico no auge do eclipse, enquanto a umidade aumentou”. Em resposta, “os animais apresentaram um comportamento incomum”, pontuam.

A maioria das espécies ficou inativa durante o eclipse solar, modificando temporariamente o comportamento. Por exemplo, as raposas-voadoras permaneceram encolhidas e empoleiradas. Os anfíbios também ficaram quietos, e as aves foram para o ninho ou ficaram onde estavam. Os társios continuaram quietos, como costumam ficar durante o dia.

O mais surpreendente foi a atividade do grupo de macacos-de-deck, durante o eclipse parcial. Neste instante, os machos começaram a emitir sons altos, como se emitissem um sinal ou alerta. Em pouco tempo, todos formaram um círculo em torno do macho alfa. No entanto, o mesmo comportamento não se repete no eclipse solar total.

Do outro lado do mundo, nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Utah descreverem achados semelhantes em um estudo publicado na revista Western North American Naturalist.

Neste estudo, os norte-americanos observaram como os pequenos mamíferos reagem ao eclipse solar. Segundo os autores, apenas os esquilos diurnos estavam despertos no período, reduzindo o nível de atividade — aqueles animais com hábitos noturnos não despertaram por causa da escuridão.

“Apesar de sua dominância numérica, espécies noturnas não foram detectadas durante o eclipse, talvez devido à brevidade do evento ou à maior influência dos ciclos de atividade endógena”, sugerem os autores, no artigo.

Sons durante o eclipse solar

“Está claro que os animais respondem ao eclipse”, afirma Kurt Fristrup, cientista do Serviço Nacional de Parques (NPS), nos EUA, em comunicado. No entanto, ainda não se sabe precisar o quanto isso pode alterar a paisagem acústica.

Para responder a esta pergunta, há o projeto Eclipse Soundscapes, envolvendo a ciência cidadã (feita por quem não é cientista, mas ama a ciência) e a NASA. Através da iniciativa, são coletados áudios do último eclipse solar — que aconteceu em outubro de 2023 — e do próximo, previsto para maio.

Com a análise do material, será possível observar mudanças comportamentais que poderiam passar despercebidas. Anteriormente, a iniciativa já descobriu que os grilos começam a emitir o seu som característico, quando o céu escurece devido ao eclipse solar.

Fonte: Terra

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