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O que acontece quando gatos ficam estressados?

14 de agosto de 2015
3 min. de leitura
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Divulgação
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Em todo o mundo, milhões de gatos são acolhidos em abrigos temporários – locais onde ficam os animais abandonados, perdidos ou vítimas de abusos que estão à espera de um novo lar.
Muitos desses gatos, porém, enfrentaram situações altamente estressantes e podem não se adaptar mais à vida de animal doméstico. Eles chiam, arranham e mordem quem se aproximar deles. Alguns precisam de meses de reabilitação e outros nunca chegam a perder o medo de estranhos.
A situação pode ser agravada pelo estresse de permanecer por um longo período em um abrigo, algo que pode afetar a saúde mental dos bichanos. Por isso, precisamos entender melhor como e por quais motivos os gatos ficam estressados.
Foi o que fez uma equipe de cientistas da Universidade La Trobe, em Melbourne, na Austrália, que recentemente publicou os resultados de seu estudo na revista Applied Animal Behaviour Science. Eles analisaram 20 gatos domesticados, a maioria vivendo com os mesmos tutores desde o nascimento.
Primeiro, eles avaliaram o nível de estresse de cada animal. Em seguida, monitoraram como eles se comportavam quando colocados em um abrigo comunitário.
A principal autora do estudo, a especialista em comportamento animal Lydia Rehnberg, atuou em vários abrigos e testemunhou a diferença que o trabalho dos cuidadores faz para o bem-estar dos gatos.
Padrões de comportamento
Observando-os em confinamento, a equipe descobriu que os animais estressados mostravam um padrão comum de comportamento.
“Apesar de os gatos terem acesso a uma sala relativamente grande, eles praticamente preferiam passar o tempo em um esconderijo chamado de ‘iglu’ ou empoleirados em alguns postes do lugar”, conta Renhberg.
Quanto mais estressados, mais tempo eles passavam no iglu. Já os mais seguros e relaxados ficavam horas nos postes.
“Os animais mais nervosos só queriam se esconder daquilo tudo, enquanto os menos estressados gostavam de se empoleirar e observar o local a partir de um lugar alto”, afirma a cientista.
A equipe descobriu ainda que gatos em estado de estresse agudo são extremamente passivos. Frequentemente, eles não faziam nada por horas e horas.
O comportamento contrasta fortemente com o daqueles gatos considerados com baixo nível de estresse e que se comportavam normalmente. Gatos são criaturas brincalhonas e aventureiras, e muitos buscam ativamente o contato social com humanos e com outros bichanos.
Surpreendentemente, os gatos que arranhavam ou miavam alto também eram os menos estressados.
“Muita gente acredita que aqueles animais que protestam de maneira energética estão mais afetados pelo estresse, enquanto os que se retiram para um canto estão se sentindo bem, mas, na realidade, é o contrário”, diz Rehnberg.
‘Criaturas sensíveis’
Para descobrir como os gatos poderiam se beneficiar de uma intervenção, a equipe designou cuidados extensos e interação humana para metade dos animais estudados. Aqueles que receberam essa atenção extra se mostraram menos estressados no segundo dia de confinamento.
Isso sugere que tutores e cuidadores podem aliviar o estresse do gato fazendo coisas relativamente simples, como se aproximar dele lentamente e agachar à sua altura, permitindo que ele se familiarize com seu odor antes de tocá-lo. Falar com uma voz positiva e calma também ajuda.
“Isso pode parecer óbvio, mas gatos são criaturas sensíveis capazes de absorver os acontecimentos mais sutis à sua volta”, explica a cientista.
Os gatos até conseguem se acostumar ao confinamento em um espaço restrito, mas isso é prejudicial a longo prazo. Muitos meses em um abrigo inevitavelmente afeta a saúde física e mental do animal.
A equipe de pesquisadores recomenda que o confinamento seja o mais breve possível. No entanto, isso nem sempre é viável, já que não há uma demanda suficiente para domesticar animais que estão em abrigos. Aqueles que não são adotados normalmente acabam sendo sacrificados.
Para evitar isso, Rehnberg acredita que uma boa solução é que os animais sejam castrados. “Isso reduz a chance de eles, ou sua cria indesejada, acabarem em abrigos.”
Fonte: BBC

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