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DESAMPARO

Abrigos para animais sofrem com superlotação e falta de recursos na Ucrânia

28 de fevereiro de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Reprodução | @gostomel.shelter

A invasão russa obrigou milhares de ucranianos a fugirem do país. Muito tiveram a consciência e a compaixão de levarem seus animais, mas, infelizmente, muitos cães e gatos foram deixados para trás pelos tutores que cruzaram a fronteira apenas com suas bagagens e filhos. A capital do país, Kiev, se tornou o principal ponto de concentração de ucranianos em busca de abrigos.

Estações de mêtro se tornaram abrigos antibombas e muitos tutores levaram os seus animais para lá. Imagens que viralizarem em todo o mundo mostram pessoas agarradas aos seus animais queridos, sem saber o que o futuro lhes reserva. Além do abandono e da abusca por acolhimento, muitos tutores deixaram seus animais aos cuidados de abrigos, que já sofrem com a superlotação.

Nastya Aboliesheva, que trabalha no abrigo Happy Paw, com sede em Kiev, disse à Newsweek: “Nosso trabalho agora é importante e necessário, porque os animais não entendem o que está acontecendo e também precisam de ajuda e tratamento. A principal coisa que as pessoas podem fazer agora é não deixar seus animais ao acaso, mas estar perto deles ou levá-lo durante a migração”.

Foto: Reprodução | @gostomel.shelter

Alguns países vizinhos, como Polênoa, Romênia e Eslováquia afrouxaram suas normas e regulaentos de fronteira permitindo que refugiados ucraniaos passem pelas fronteiras sem a documentação veterinária obrigatória para transporte de animais. No entanto, os animais que continuam no país precisam emergencialmente de comida, remédios e cuidados.

Abrigos da Ucrânia estão enfrentando uma crise sem precedentes, pois suprimentos de alimentos e medicações de uso veterinário estão acabando. Com a guerra, não há perspectiva de abastaecimento. Ativistas e voluntário estão arriscando a própria vida para cuidar dos animais que foram deixados para trás. No país, há cerca de 50 mil animais em situação de rua.

Abrigos estão correndo contra a tempo para resgatar e acolher animais sem lar temendo que eles sejam atingidos por bombas ou estilhaços. Daqui a poucos dias não hevará mais alimento em nenhum abrigo ucraniano. Todos fazem um apelo por ajuda internacional. Confira abaixo uma lista, organizada pela Plant Based Treaty, de abrigos que estão recebendo doações:

Happy Paw – @happy_paw
Uanimals – @uanimals.official
Shelter Ugolyok – @shelther_ugolyok
Sirius – @sirius.shelther
International Animal Protection League – @international_animal_rescue

Entenda

Dezenas de ucranianos que fugiram em direção à Polônia após ataques russos deixaram seus animais domésticos para trás. Refugiados que estão chegando a diversos países da União Europeia deixaram seus cães e gatos sozinhos no país que está sendo bombardeado, como Olga Pavlusik, que cruzou a fronteira acompanhada do seu namorado, Gohdan Begey, e confessou ter abandonado seu cachorro, deixando-o na casa que moravam no oeste da Ucrânia, sem saber se ele receberá cuidados ou ficará em segurança.

Todos que deixaram o país levaram apenas bagagens. Há muitas crianças, mas nenhum animal. O mesmo cenário ocorreu em 2015, poucos meses após o início do conflito russo-ucraniano. Centenas de pessoas deixaram a região dos conflitos e abandonaram os seus animais. Voluntários e ativistas se arriscaram para proteger e resgatar cães e gatos que vagavam famintos, feridos e assustados em meio aos escombros das casas onde viviam com os seus tutores.

A ativista Alyona Havryushyna acolheu dezenas de animais abandonados em seu pequeno apartamento desde o início dos confrontos. “Eu os levei porque sabia que era isso que precisava ser feito. Os animais não são os culpados. Nós somos os culpados, tanto pelos nossos problemas quanto pelos deles. Alguém tem que assumir a responsabilidade. Precisamos ajudá-los. Como pode ser de outra forma?”, disse em entrevista à Radio Free Europe.

A protetora Olena Tymoshenko salvou gatos, cachorros e até mesmo uma tartaruga. Ela mantém uma boa relação com os soldados ucranianos, para que eles a avisem se encontrarem animais em situação de vulnerabilidade. “Crianças e animais – eles são os primeiros a sofrer. Eles não conseguem entender por que seu mundo mudou de repente, por que eles foram deixados para trás”, explica ela, que usa uma correte de amigos e familiares para conseguir adotantes para os animais.

Ela também critica todos que partem e abandonam seus animais. “Por que essas pessoas não levam seus animais de domésticos? Eu não sei. Você leva um cobertor, um saco de batatas, uma frigideira, seus filhos… leva seu cachorro! É seu amigo, é aquele que nunca o abandonaria. Mas eu tento não culpar essas pessoas, há casos e casos. Você nunca sabe quais eram as circunstâncias delas no momento da fuga”, refletiu a protetora

A voluntária Natalia Mykhaylova, que não é vinculada a nenhuma organização, cedeu sua casa como abrigo temporário para um cãozinho sem lar. “Ele é grande e muito bonito. Nós o alimentamos e ele está engordando. Seus tutores o trouxeram aqui e depois o entregaram, dizendo que não tinham como cuidar dele. Claro, ele estava terrivelmente magro e assustado. Agora ele é muito bonito, apenas um cachorro de ótima aparência”, contou.

Milhares de animais foram abandonados na zona de guerra desde 2014, deixados à própria sorte contra o clima de inverno e o combate armado. “Eles estavam com medo e famintos quando chegaram aqui. Eles comiam constantemente e nunca pareciam ficar cheios. Mas agora eles se acostumaram com a nova situação e se comportam como animais domésticos comuns. Eles são até exigentes com a comida”, finaliza Havryushyna.

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