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A vida sofrida e repleta de agressões do elefante que inspirou o filme Dumbo

23 de abril de 2020
4 min. de leitura
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Jumbo e Matthew Scott (a direita) (Foto: Wikimedia Commons)

O filme Dumbo, dos estúdios Disney, faz muito sucesso entre o público desde que foi lançado. O que poucos sabem, no entanto, é que o personagem cativante, que usa suas enormes orelhas para voar, foi inspirado em Jumbo, um animal que teve sua vida marcada pela dor.

Retirado da natureza em 1862, na Etiópia, Jumbo tinha apenas dois anos e meio quando viu sua mãe ser morta para que ele fosse capturado. Começava ali seu sofrimento, que durou longos anos. As informações são do portal Aventuras na História.

Levado para Londres, na Inglaterra, ele passou a ser explorado para entretenimento humano pelos donos do Revent’s Park. Tratado como um objeto, era forçado a carregar em suas costas inúmeras pessoas, que se aglomeravam ao redor dele. Até mesmo os filhos da rainha Vitória subiram no animal, que teve sua condição de ser senciente e seus direitos negados.

Obrigado a participar de espetáculos para gerar lucro aos seus exploradores, Jumbo era covardemente espancado à noite e vivia preso em uma pequena jaula. Uma realidade muito distante da que vivia na infância, ao lado de sua mãe, livre na natureza.

A vida de Jumbo foi marcada por exploração, dor e sofrimento (Foto: Reprodução/Aventuras na História)

Em um determinado momento de sua trajetória, Jumbo começou a conviver com Matthew Scott, seu treinador. Tão solitário quando o animal, Scott logo se afeiçoou ao elefante e passou até a dormir com ele. Traumatizado, o elefante frequentemente se mostrava bravo, como resposta a todos os maus-tratos que havia sofrido. Para acalmá-lo, Scott lhe fazia carinho, mas também dava uísque a ele.

Scott passou a ser a única pessoa que o elefante, já com 20 anos, permitia a aproximação. Jumbo se apegou ao treinador e não conseguia ficar longe dele por muito tempo. O uísque, no entanto, totalmente inadequado ao animal, passou a se tornar insuficiente. E cada vez doses mais altas eram dadas ao elefante, que vivia alcoolizado.

Como ainda era explorado pelo parque, Jumbo frequentemente recebia a visita daqueles que sustentam sua exploração através do pagamento de ingressos. Essas pessoas também colaboravam com a má alimentação do animal, trazendo tortas doces para ele. Após estudos, pesquisadores da Universidade de Leicester concluíram que os doces provocavam surtos de raiva no elefante, por serem consumidos em excesso.

Jumbo foi atropelado por uma locomotiva desenfreada (Foto: Wikimedia Commons)

Mas o terror vivenciado pelo pobre animal não acabou aí. Jumbo ainda foi vendido, como se fosse mercadoria, para o magnata circense P. T. Barnum, que pagou 2 mil libras esterlinas pelo elefante – cerca de um milhão de reais, na cotação atual.

Levado a Nova York, nos Estados Unidos, Jumbo foi exibido como um troféu na Broadway assim que chegou à cidade. A partir daquele momento, passou a ser explorado por um circo.

Mais uma vez sendo tratado como atração, o elefante e outros 20 animais da espécie eram forçados a fazer viagens cansativas para acompanhar o circo. Em 1885, em Saint Thomas, no Canadá, o circo encerrava uma turnê quando um acidente aconteceu.

Jumbo em Londres, sendo exposto pelas ruas como se fosse um objeto de entretenimento humano (Foto: Wikimedia Commons)

Apenas Jumbo e o pequeno Tom Tomb, um elefante que ainda era filhote, não tinham sido levados embora. Quando estavam sendo encaminhados aos vagões, uma locomotiva desenfreada veio na direção do filhote. Com seu coração amável e seu instinto protetor, Jumbo entrou na frente da locomotiva, usando seu corpo de sete toneladas e cerca de três metros de altura para proteger Tom. Atropelado, Jumbo morreu imediatamente, libertando-se de uma vida de sofrimento aos 24 anos.

Com a morte do animal, surgiu uma lenda, que deu origem ao livro Dumbo, escrito por Helen Aberson em 1939. A mudança no nome de Jumbo pretendia tornar o personagem mais fofo, já que Dumbo é uma alusão à palavra “dumb”, que significa “bobinho”. No entanto, a história do livro e, depois, do filme, nunca retratou a realidade do elefante, que sofreu a vida toda e conheceu o lado mais nefasto e egoísta do ser humano.


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