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FÚTIL E INCONSCIENTE

A padronização de animais domésticos em busca de beleza está prejudicando a saúde deles

É comprovado que raças de cães e gatos com características extremas, como focinho ou pernas muito curtas, sofrem diversos problemas de saúde. Entretanto essas são as raças mais populares

29 de abril de 2024
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Os animais domésticos vêm em todas as formas e tamanhos. Os humanos moldaram alguns deles para terem olhos grandes, pernas encurtadas, entre outras características através de cruzamentos seletivos. Mas alguns dos extremos de forma física, tamanho e aparência vistos em muitas raças, especialmente de cães e gatos, prejudicam sua saúde.

A intensa seleção genética para gerar características específicas, sejam físicas ou comportamentais, pode resultar em sérias consequências para os animais.

Pensando em animais domésticos, incluindo cães, gatos, coelhos, pequenos roedores e até mesmo alguns répteis, os desejos e preferências humanas levam à seleção por apelo estético. Isso está geralmente ligado ao desejo por características raras, novas e consideradas fofas. Entretanto, esse desejo está prejudicando a saúde, habilidades naturais, bem-estar e longevidade deles.

Um exemplo são os cães, gatos e até mesmo coelhos criados para terem focinhos curtos (braquicefálicos). Isso afeta sua saúde dental e sua capacidade de se alimentar normalmente. Os gatos braquicefálicos têm um sério risco de problemas de saúde que vão desde problemas respiratórios até distúrbios neurológicos.

Entre as raças de braquicefálicos estão pug, buldogue, pequinês, o shitzu e lhasa para os cães e britânico de pelo curto, persa, scottish fold, himalaio, entre diversos outros para os gatos.

Embora as raças braquicefálicas não sejam uma criação recente, com os pugs foram importados para a Europa da China no século XVI, e os persas são uma das raças de gatos mais antigas conhecidas, as versões modernas são muito mais extremas.

Para muitos cães de focinho achatado, problemas respiratórios os impedem de se exercitar. Eles também frequentemente têm dificuldade para dormir bem devido à dificuldade de respirar quando estão relaxados.

Outras características físicas, como pernas encurtadas e costas longas, como visto em dachshunds e nos gatos da raça Munchkin, podem levar a problemas na coluna.

Para conscientizar sobre os problemas de saúde que muitos animais enfrentam como resultado de sua constituição física, ONGs de direitos e bem-estar animal estão incentivando a adoção de cães e gatos com atributos mais moderados e naturais.

Isso não significa necessariamente proibir certas raças, embora alguns países estejam trabalhando para isso. Na Alemanha, por exemplo, um projeto de lei está buscando desenvolver legislação para impedir que as pessoas criem cães de uma maneira que resulte em “dor, sofrimento ou dano”.

Na Noruega, a criação de cães da raça Cavalier King Charles Spaniel foi proibida. A raça sofre de vários problemas de saúde, incluindo problemas cardíacos e syringomyelia, onde o cérebro efetivamente se projeta da base do crânio, uma condição extremamente dolorosa e debilitante.

O fim da venda de animais, principalmente os de raça, ajudaria muito com esse problema, pois a criação e cruzamento forçado é, desde sempre, a principal causa desses problemas.

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