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MEIO AMBIENTE

A árvore "mais antiga" do mundo pode revelar segredos sobre o planeta

Apelidada de “bisavô”, a espécie está presente em uma floresta do sul do Chile e ainda aguarda confirmação da ciência pelo título de mais antiga do mundo

1 de maio de 2023
Por Bruna Cezario
3 min. de leitura
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Árvore de mais de 5 mil anos pode ser a mais antiga do mundo – Foto: Twitter / @hugoesc31475407 / CreativeCommons

Em uma floresta no sul do Chile, uma árvore gigante sobreviveu por milhares de anos e está no processo de ser reconhecida como a mais antiga do mundo.

O tronco dessa árvore, com 4 m de diâmetro e 28 m de altura, também contém informações científicas que podem esclarecer como o planeta se adaptou às mudanças climáticas.

“É realmente um sobrevivente. Não há outro que tenha tido a oportunidade de viver tanto tempo”, disse Antonio Lara, pesquisador da Universidade Austral e do Centro de Ciência Climática e Resiliência do Chile, que faz parte da equipe que mede a idade da árvore.

O “bisavô” fica à beira de uma ravina em uma floresta na região sul de Los Rios, a 800 km ao sul da capital Santiago. Ele é um Fitzroya cupressoides, – tipo de cipreste endêmico do sul do continente.

Fama ao redor do mundo

A árvore encontrada no Chile pode ser 600 anos mais velha que Matusalém, a atual árvore mais antiga do mundo — Foto: Pixabay / CC0 Domínio Público

Nos últimos anos, os turistas caminham uma hora pela floresta até o local para serem fotografados ao lado da nova “árvore mais antiga do mundo”. Devido à sua fama crescente, o órgão florestal nacional teve que aumentar o número de guardas florestais e restringir o acesso para proteger o “bisavô”.

Em contraste, a localização exata de Matusalém é mantida em segredo. Também conhecido como Cipreste-da-patagônia, a Gran Abuelo é a maior espécie de árvore da América do Sul. Ele convive com outras espécies arbóreas, como coigue, pinheiro e tepa, rãs-de-Darwin, lagartos e aves, como o tapaculo-de-peito-ruivo e o falcão-chileno.

Cientistas entusiasmados

O guarda do parque Aníbal Henriquez descobriu a árvore enquanto patrulhava a floresta em 1972. “Ele não queria que as pessoas e os turistas soubessem [onde estava] porque sabia que era muito valioso”, disse sua filha Nancy Henriquez, também guarda do parque atualmente.

O sobrinho de Henrique, Jonathan Barichevich, cresceu brincando entre os Fitzroya e, atualmente, é um dos cientistas que estudam a espécie. Em 2020, Jonathan e Lara conseguiram extrair uma amostra do “bisavô” usando a furadeira manual mais longa que existe, mas não chegaram ao centro.

Eles estimaram que sua amostra tinha 2.400 anos e usaram um modelo preditivo para calcular a idade total da árvore. Jonathan conta que “80% das trajetórias possíveis mostram que a árvore teria mais 5.000 anos”. Ele espera publicar em breve os resultados.

O estudo criou entusiasmo na comunidade científica, uma vez que a dendrocronologia – o método de datar os anéis das árvores quando eles foram formados – é menos precisa quando se trata de árvores mais velhas, pois muitas têm um núcleo podre.

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