EnglishEspañolPortuguês

A arte da sedução nas espécies

15 de dezembro de 2009
2 min. de leitura
A-
A+

João O. Salvador
[email protected]

Na selva, o relacionamento entre os bichos também exige truques de sedução, com rituais que podem envolver uma mistura de ternura e agressividade. O macho conquistador tem que passar por provas complicadas, envolvendo-se em aguerrida batalha contra outros para conseguir a eleita do seu coração. Ele precisa ser corajoso, forte e de grande imaginação. A fêmea, por sua vez, menos disponível e disputada, se dá ao luxo de selecionar o parceiro. Quando uma leoa vê um leão forte, astuto, matreiro, destemido, o escolhe para o acasalamento, com a intenção instintiva de ter crias de mesma imponência.

Além das formas auditiva e visual de comunicação, os animais, em geral, podem emitir sinais químicos odoríferos, perfumados (feromônios) utilizados na sua paquera. Numa mesma espécie, os feromônios permitem o reconhecimento mútuo e sexual dos indivíduos, capazes de suscitar reações específicas de tipo fisiológico e comportamental em outros membros que estejam num determinado raio do espaço físico ocupado pelo excretor. É uma substância muito utilizada pelos insetos, inclusive.

Nos alados, os machos são mais vistosos, exibidos e cortejadores do que as fêmeas, sendo obrigados a cantar de forma especial ou a exibir suas belas plumagens. Em algumas espécies, na época reprodutiva, há um ritual de radiosa beleza, quando vários machos ficam próximos uns dos outros, abrem e agitam suas asas, cantam, enquanto a fêmea sobrevoa-os e escolhe seu preferido. Já, em outras, o macho constrói uma cabana decorada com plumas coloridas e flores e destroem as cabanas de outros machos.

Nos seres aquáticos, os peixes, no geral, os machos são mais coloridos que as fêmeas, e, para conquistá-las, fazem vários movimentos similares a uma dança. Já, nos anuros, as rãs são mais românticas e sexualmente liberadas. Se o macho manifestar seu desejo, deve coaxar de uma maneira especial, à espera de uma resposta no mesmo compasso, e esses encontros da espécie são sempre festivos, coloridos e coletivos.

Resumidamente, o amor é universal, presente em todo o reino animal, há relacionamentos poligâmicos, mas, também, os de união estável. Boa parte dos racionais, porém, ignora os truques de conquistas de outras espécies, e reina como se fosse a mais bela, a mais sábia e poderosa das criaturas. Ledo engano.

João O. Salvador é biólogo do Cena – (Centro de Energia Nuclear na Agricultura)-USP. E-mail: [email protected]

Fonte: Gazeta de Piracicaba

    Você viu?

    Ir para o topo