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MINAS GERAIS

Professor denuncia Prefeitura de São Sebastião do Paraíso por corte irregular de árvores e morte de dezenas de aves

Filhotes de garças que estavam nos ninhos ficaram pelo chão, passando fome e morrendo

26 de janeiro de 2022
Patrícia Dutra (em colaboração para a ANDA)
5 min. de leitura
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Foto: Divulgação

Ministério Público, Policia Militar Ambiental, Conselho de Meio Ambiente e Coordenadoria Estadual de Defesa dos Animais (CEDA, antigo Cedef) receberam uma denúncia do professor Luiz Antônio Batista contra o prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo de Morais, “em razão de crime ambiental. No dia 11 de Janeiro de 2022, constatou conforme fotos anexas que os servidores da Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal, por ordem do Prefeito Municipal, suprimiram de forma criminosa toda vegetação constante na Lagoinha, ou seja, efetuou cortes de árvores que ali existiam há décadas, sendo que tais árvores abrigavam inúmeros pássaros (garças) que durante anos têm como sua moradia, além de destruir toda uma vegetação, repito, que levou décadas para chegar ao ponto que estava, ocasionando assim enormes danos ambientais”.

E completa: “Segundo apurado, o prefeito efetuou o corte de árvores sem justificar o comprometimento na sua vida biológica, sem sequer fazer consulta pública, licitação de qualquer projeto, ou mesmo apresentou à sociedade, ação em concreto de arborização que contemplasse sua substituição. Assim, tal desmatamento em área central ambiental que abrigava inúmeros pássaros, além da arborização, sem licença do órgão competente, ou pelo menos não apresentou à sociedade tal documento, enseja a lavratura de auto de infração e denunciação criminosa”, diz a denúncia.

“Eram dezenas de filhotes, agora restam poucos vivos. Cortaram as árvores com a desculpa de que teria que colocar uma balsa dentro da lagoa, e a árvore estava na frente. Foi mentira pois a balsa chegou totalmente desmontada, foi montada dentro do lago. Tem vídeo do prefeito falando que iria cortar e realocar a aves para outra árvore, mas isso nunca foi feito”, observou Igor Marques, estudante e protetor de animais.

O Setorial de Direitos Animais do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais postou nota em suas redes expressando repúdio e conclamando a sociedade e autoridades a se pronunciarem e tomarem as ações cabíveis.

Foto: Divulgação

“A ação da prefeitura proporciona um verdadeiro massacre a esses filhotes, ignorando a estação de reprodução dos pássaros, provavelmente para mostrar que realiza obras em ano eleitoral. As alegadas justificativas para a supressão das árvores carecem de sustentação e deixam transparecer falta de rigor técnico sobre a decisão (…) A agonia dos animais a morrer de fome e desproteção espalhados pelo chão está sendo documentada e denunciada pelos munícipes. (…) É necessário que o poder público e a população cobrem a obediência às leis ambientais e de proteção aos animais. Ninguém pode estar de fora esse compromisso. Nossa sociedade jamais se tornará mais justa com os próprios seres humanos enquanto seguirmos desrespeitando a natureza e os animais”.

Saúde única

Coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA), Adriana Araújo, questiona por que não houve manejo correto das garças, se houve estudo de impacto ambiental e alerta que, se retiraram as árvores devido às fezes, talvez o problema persista em outra árvore urbana e até se agrave.

“Aconteceu caso semelhante em Formiga e em outras cidades. Precisamos ver que a contínua destruição dos habitats é a origem da maior parte dos problemas. Ou seja, nós, humanos, somos os responsáveis por criar os problemas, e não os animais”, enfatizou.

Adriana afirmou ainda que a prática de cortar árvores para afastar animais não pode ser naturalizada. As garças, segundo ela, são animais silvestres, pertencem à fauna nativa e são protegidos pela lei de crimes ambientais.

“Elas estão migrando para o meio urbano pela destruição dos seus ambientes naturais. Deve ser responsabilidade do poder público encontrar meios éticos de mitigar esse impacto na vida desses animais, dos humanos e meio ambiente, considerando a Saúde Única. Precisamos desenvolver cidades amigas dos animais e do meio ambiente, por eles e por nossa sobrevivência”, alertou.

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