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AÇÃO HUMANA

Mais de 4 milhões de quilos de microplástico são armazenados em recifes de corais

27 de dezembro de 2021
Stacy Liberatore (Dauly Mail) | Traduzido por Luna Mayra Fraga Cury Freitas
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Microplásticos são um perigo para a vida oceânica, já que a poluição marinha carrega vestígios de metais e produtos químicos tóxicos e um novo estudo revela seu impacto sobre os corais.

Uma equipe de cientistas da Universidade Giessen, na Alemanha, descobriu que até quatro milhões de quilos de microplásticos podem estar sendo armazenados em esqueletos de corais todos os anos.

E a pesquisa determinou que cerca de 3% dos poluentes tóxicos estão nas águas rasas e tropicais onde os corais costumam prosperam.

Os corais consomem microplásticos pensando que são alimentos, o que pode causar branqueamento e necrose tecidual nos organismos vivos.

Jessica Reichert, autora principal desse estudo, disse em um comunicado: “Nosso estudo indica claramente que os microplásticos são mais um fator de estresse causado pelo homem aos corais e que estes materiais são muito propensos a contribuir para uma deterioração ainda maior dos recifes de coral em nosso planeta.”

Estima-se que existam 24,4 trilhões de pedaços de microplásticos nas camadas superiores dos oceanos do mundo, com um peso combinado de até 578.000 toneladas.

E estudos anteriores mostraram que 80% do material feito pelo homem presente nos oceanos vem de apenas 1.656 rios em todo o mundo, com a Ásia e a África Ocidental em destaque como maiores produtoras.

Sabe-se que os corais são afetados pela poluição, mas o estudo da Universidade de Giessen é o primeiro a mostrar o quanto.

Reichert e seus colegas expuseram corais a microplásticos em laboratório para determinar onde os animais marinhos armazenam os pequenos fragmentos de plástico e, ainda, o quanto deste material é mantido dentro do organismo, informa a ScienceNews.

Após 18 meses de exposição, a equipe encontrou a maioria dos poluentes dentro dos esqueletos dos corais em vez de nos tecidos, de acordo com o estudo publicado no periódico Global Change Biology.

“Em nosso estudo, as partículas foram encontradas 15 vezes mais frequentemente em esqueletos de corais do que em tecidos”, diz o estudo.

Isso mostra que o tecido dos corais é provavelmente apenas um depósito temporário antes que as partículas de plástico sejam expelidas ou permanentemente estocadas no esqueleto.

Depois de contar o número de partículas presas nos organismos, os pesquisadores estimam que entre cerca de 6 bilhões e 7 quatrilhões de partículas microplásticas podem ser armazenadas permanentemente em corais em todo o mundo anualmente.

“Não sabemos quais as consequências que esse [armazenamento] pode ter para os organismos dos corais, [ou para] a estabilidade e a integridade dos recifes”, disse Reichert à revista ScienceNews. Isso pode representar uma ameaça adicional aos recifes de coral em todo o mundo.

Recifes de corais são vitais para os oceanos e para os humanos, pois os invertebrados marinhos protegem as costas de tempestades e de erosões, mas inúmeros estudos descobriram que essas criaturas estão lentamente desaparecendo da Terra.

Outro estudo recente, publicado em setembro, descobriu que a cobertura de recifes de corais diminuiu para menos da metade desde a década de 1950 devido à sobrepesca, poluição e outros impactos humanos.

A equipe constatou que a perda da cobertura dos recifes de coral levou a uma redução igual nos serviços ecossistêmicos e uma perda de 60% na biodiversidade e biomassa dos peixes.

Eles alertaram que a degradação contínua dos sistemas globais de recifes ameaçará o bem-estar e o desenvolvimento de comunidades costeiras e dependentes de recifes. A saúde de nossas famílias depende disso.

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