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DADOS ALARMANTES

Brasil bate recorde histórico de mortes de baleias-jubartes com 197 casos

A desnutrição - causada pela escassez de comida em decorrência das mudanças climáticas - tem motivado a morte desses animais

21 de outubro de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Nelson Sater/Instituto Biopesca

Um levantamento realizado pelo Projeto Baleia Jubarte concluiu que 197 baleias-jubartes morreram este ano na costa brasileira. O número representa quase 1% da população da espécie, estimada em 20 mil animais, e marca um recorde histórico.

Os dados inéditos demonstram um aumento de 59% nos casos de mortes de jubartes no Brasil em relação ao ano de 2017. Tratam-se de resultados alarmantes, especialmente porque 2021 sequer chegou ao fim.

Milton Marcondes, médico veterinário e coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, explicou ao G1 que o número de mortes está relacionado ao ciclo de vida da espécie.

“Elas nascem aqui no Brasil, principalmente na Bahia e no Espírito Santo. Entre outubro e novembro migram até as ilhas Georgia do Sul e Sandwich do Sul (território britânico no Oceano Atlântico Sul) onde passam o verão se alimentando. Lá elas comem o suficiente para se manter o ano todo. Em meados de abril elas voltam para o Brasil, chegando entre maio e junho. As que acasalaram no ano anterior vem para ter o filhote e as demais chegam para se acasalar. No período que passam aqui, não se alimentam e só utilizam a camada de gordura, como reserva de energia, para se manter”, explicou.

No entanto, esse ciclo tem sido afetado pela falta de comida, o que tem levado as baleias a desenvolver quadros de desnutrição. “Nossos estudos indicam que esse ano faltou krill na área de alimentação, o que afetou principalmente os jovens. Esses indivíduos, que não estão na época reprodutiva, em vez de subirem para o banco dos Abrolhos ficaram concentrados no Sul e Sudeste do Brasil buscando sardinhas e tainhas, o que não é comum”, comentou.

Foto: Fábio Fontes/Projeto Baleia Jubarte

“Normalmente quem mais encalha são os filhotes, que acabaram de nascer, não têm o sistema imunológico bem desenvolvido, dependem da mãe e estão mais sujeitos a ataque de predadores, mas esse ano o cenário mudou. 95% dos encalhes foram de animais jovens, que já desmamaram, mas ainda não chegaram na idade reprodutiva. Provavelmente esses indivíduos, de dois a três anos de idade, são os que mais sofrem com a falta de krill. Baleias mais velhas devem ter mais capacidade de estocar gordura e mais experiência para capturar alimento”, completou.

As mudanças climáticas e o crescimento das populações de jubartes fazem parte das razões que explicam a redução dos alimentos consumidos pelas baleias. De acordo com os especialistas, atualmente há mais baleias e menos krill.

“A gente tem uma população que tá crescendo, correndo atrás de comida, e ao mesmo tempo temos um planeta sofrendo impactos do aquecimento global, afetando a oferta de alimento. Tudo isso pode ter pressionado esses animais”, concluiu.

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