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VEGANISMO

Filósofo Peter Singer acredita que comer carne é apoiar crueldade contra animais

11 de outubro de 2021
Ana Cristina | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Autor do livro “Libertação Animal” e responsável por popularizar o termo “especismo” por meio de sua obra, o filósofo Peter Singer declarou em uma entrevista para a Harvard Political Review que é preciso atribuir status de consideração igualitária aos interesses dos animais não humanos.

“Mas precisamos deixar claro que, quando falamos sobre igual consideração de interesses, estamos falando sobre interesses semelhantes. Isso não significa exatamente que os interesses dos outros animais sejam iguais aos nossos”, conta.

Singer ainda conta que, diferente de nós humanos, os animais não possuem a capacidade de planejar suas vidas, mas nem por isso têm menos interesse em não sentir dor física.

Quando questionado se incentivaria os vegetarianos a se tornarem veganos, o filósofo afirmou que o veganismo é a coisa certa a se fazer, pois significa que você não é cúmplice de várias formas de sofrimento animal e que tem uma dieta que é mais sustentável para o planeta. “Não acho que seja uma questão de pureza ser vegano”, acrescenta.

Foto: Derek Goodwin

Meio ambiente

Com relação ao meio ambiente, Singer avalia que as preocupações não devem ser consideradas independentes ao bem-estar dos seres sencientes – animais com capacidade de sentir sensações e sentimentos de forma consciente.

“Se, de alguma forma, danificar o meio ambiente não afetasse nenhum ser senciente – por exemplo, um cenário de última pessoa na terra em que você era a última pessoa na terra e pensou que seria divertido queimar a floresta na ilha em que você está vivendo antes de morrer – não consigo ver por que isso seria errado. Seria uma preferência estranha, mas não acho que seria moralmente errado. Acho que essas coisas realmente dependem do impacto que têm sobre os seres sencientes para terem significado moral”.

Ainda, Tarun Timalsina, da HPR, também pediu a opinião de Singer sobre o campo da neurobiologia vegetal, que busca estabelecer as plantas como seres sencientes e conscientes.

“Não vi evidências convincentes de que as plantas são seres conscientes. A palavra ‘senciente’ é um pouco enganosa, embora seja verdade que eu a uso e é de uso popular. Mas, estritamente falando, suponho que você possa dizer, bem, as plantas são sencientes porque sentem a luz do sol e viram suas folhas em direção ao sol. Isso é o suficiente para ser senciente. E, nesse sentido, uma porta de elevador que detecta se você está com o braço no caminho também é senciente”, respondeu.

E continuou: “Mas estou preocupado com a consciência – sobre os seres tendo experiências. Existem muitas informações intrigantes sobre as plantas, mas, no meu entendimento, nenhuma delas realmente estabelece que as plantas tenham experiências conscientes.”

No entanto, o filósofo reconheceu que se um dia for provado que as plantas têm consciência, isso representará uma mudança.

“Gostaríamos de evitar que elas sofressem tanto quanto pudéssemos, mas ainda temos que comer algo, e não acho que morrer de fome e ser extinto seria o mais adequado. Então pensaríamos em minimizar a quantidade de dano que estamos causando às plantas. E certamente isso ainda sugeriria, creio eu, que devemos comer plantas diretamente, em vez de consumir animais, porque os animais comem muito mais delas. E se comemos animais, somos responsáveis ​​por um número muito maior de plantas consumidas.”

Carne vegetal e cultivada significa um progresso na indústria

De acordo com o site Vegazeta, em relação à sua posição sobre estimular um despertar moral nas pessoas ou se concentrar no aperfeiçoamento de carnes vegetais e carne cultivada, Singer apontou que o momento é de fazer as duas coisas.

Para o filósofo, embora comer carne celular não seja vegano, ele disse que não considera isso errado. “Não há nenhum animal senciente sendo prejudicado, e é provável que seja altamente sustentável”. Além disso, ele acredita que é importante desenvolver esse tipo de produto, já que possuem potencial para reduzir o sofrimento animal e as emissões de gases de efeito estufa.

Apesar disso, a preocupação volta para a necessidade das pessoas perceberem as razões éticas para consumir esses novos produtos. Ao contrário disso, poderá haver novas formas de crueldade com os animais fora do consumo. “Não faremos progresso assim”.

“Eu gostaria de ver nosso progresso na redução do sofrimento dos animais em geral, embora reconheça que criá-los para alimentação envolve, de longe, o maior número de animais e é responsável pela maior quantidade de sofrimento em relação a qualquer atividade que envolva animais”, conclui.

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