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PROCESSO NATURAL

Área de 7,2 milhões de hectares inicia regeneração após desmate na Amazônia

Do tamanho da Irlanda, o território precisa ser protegido para que, sem sofrer novos desmates, consiga voltar a ser uma floresta totalmente desenvolvida

6 de outubro de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Natureza se regenera naturalmente em Paragominas, no Pará (Foto: Arquivo Imazon)

Uma área de 7,2 milhões de hectares está em processo natural de regeneração na Amazônia. A região, que já sofreu a ação de desmatadores, agora renasce aos poucos. É o que afirma o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que mapeou a região.

Do tamanho da Irlanda, o território precisa ser protegido para que, sem sofrer novos desmates, consiga voltar a ser uma floresta totalmente desenvolvida. Até o momento, há vegetação secundária com mais de 6 anos de idade na região.

Florestas primárias são aquelas compostas por mata original e nativa. Como nesse local, desmatadores já agiram, a fauna identificada é de origem secundária, resultante da regeneração.

De acordo com o Instituto, áreas com vegetação secundária podem representar 60% da meta assumida pelo Brasil em 2015, diante da Organização das Nações Unidas (ONU), para a restauração de 12 milhões de hectares de mata nativa até 2030. Caso isso ocorra, o país também conseguirá reduzir as emissões líquidas de carbono em larga escala.

“O contínuo avanço do desmatamento e da degradação florestal, aliados a efeitos das mudanças climáticas, podem afetar de forma severa a capacidade de regeneração natural do bioma Amazônia. Há o risco de a região atingir o ponto de não retorno em relação a sua condição florestal. Portanto, evitar a necessidade de restauração florestal, ou seja, zerar o desmatamento e a degradação são elementos fundamentais para a sustentabilidade da região”, diz o estudo liderado pelos pesquisadores do Imazon Andreia Pinto e Paulo Amaral.

Em 35 anos, a floresta amazônica teve 74,6 milhões de hectares de vegetação original desmatados, segundo dados do MapBiomas. A destruição alarmante se equivale ao território do Chile em termos de dimensão territorial.

Em relação à agricultura, que depende da terra para existir, os pesquisadores reforçam que a preservação da natureza também pode favorecer o setor. “A regeneração da floresta pode trazer benefícios para o agricultor. É possível explorar economicamente os produtos da floresta secundária. E as áreas reflorestadas podem ser aproveitadas no mercado de compensação de reserva legal (com um crédito de carbono). Nesse último caso, agricultores cujas propriedades não têm reserva (a porção de mata nativa que, por lei, deve permanecer de pé) podem pagar para que aqueles que preservam a floresta”, explicaram Andréia e Amaral.

A destruição causada pela agropecuária

Uma das atividades humanas que mais destrói o meio ambiente é a agropecuária. Em 2018, 81% das áreas desmatadas na Amazônia brasileira foram ocupadas por pastos para criar bois explorados para consumo humano, segundo levantamento realizado pela organização internacional Trase. Isso sem considerar os extensos territórios desmatados para o plantio de grãos usados na alimentação desses animais, como a soja.

Além do desmate, a agropecuária também polui o lençol freático e o solo com os dejetos dos animais, que por sua vez soltam flatulências que liberam gases de efeito estufa. Essa atividade também é responsável pelo desperdício de grandes quantidades de água – segundo dados da organização Water Foodprint, são desperdiçados 16 mil litros de água para a produção de um único quilo de carne.

Milhares de ativistas pelos direitos animais e ambientalistas alertam frequentemente para a necessidade da população mudar seus hábitos alimentares, optando pelo veganismo não só como forma de não compactuar com o sofrimento animal, mas também para proteger o meio ambiente.

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