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VITÓRIA

Juíza norte-americana cancela projeto petrolífero da era Trump no Alasca

10 de setembro de 2021
Gustavo de Marco Prado | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Uma juíza da corte federal dos EUA anulou, em 18 de agosto, a aprovação para um projeto de exploração de petróleo de larga escala na encosta norte do Alaska. A ideia do projeto foi lançada durante a administração do presidente Donald Trump, e não incluía medidas para mitigar o impacto ambiental sobre as populações de ursos polares que vivem no local.

A juíza Sharon Gleason, da corte de justiça de Anchorage, determinou em um documento de 110 páginas que as licenças de exploração da ConocoPhilips, empresa que ficaria responsável pelo Projeto Willow, fossem canceladas.

O governo Trump aprovou o projeto no final de 2020, e o governo Biden também foi a favor de sua implementação. Rebecca Boys, uma representante da gigante petrolífera ConocoPhilips, disse que a multinacional irá revisar a decisão de Gleason e “avaliar as possibilidades”.

O Departamento do Interior dos Estados Unidos, que conduziu a revisão do aspecto ambiental do projeto e deu o aval para o seu prosseguimento, não comentou sobre o assunto. Grupos conservacionistas, com destaque para o Sovereign Inupiat for a Living Arctic, descrito como um movimento de raiz ou “grassroot movement”, já haviam contestado a adequação do programa para os ecossistemas do Alasca e a revisão feita com rapidez pelo governo.

Karlin Itchoak, diretor da Sociedade da Vida Selvagem do Alasca, chamou a anulação de “um passo à frente em direção a uma melhor proteção das terras públicas, e das pessoas que seriam impactadas negativamente pela descuidada decisão de dar o aval ao Projeto Willow”.

Em outubro do ano passado, o então secretário do interior, David Bernhardt, assinou um documento que permitia à ConocoPhillips estabelecer até três sítios de perfuração de petróleo, instalações de apoio e processamento, estradas e oleodutos na encosta norte do Alasca.

Bernhardt havia dito que a decisão seria uma “importante contribuição para a indústria petrolífera”, e que “seus efeitos seriam sentidos por décadas”. O Departamento do Interior acrescentou que o projeto poderia produzir até 160.000 barris de petróleo por dia, e 590 milhões de barris em um intervalo de 30 anos. O diretor da agência governamental na época disse que 1000 empregos seriam criados durante a construção, e mais 400 durante a operação.

A juíza Sharon Gleason afirmou que a ausência de relatórios sobre emissões de gases estufa na revisão ambiental feita pelo governo foi “arbitrária”. Ela também julgou que a concessão de licenças quase ilimitadas, no que diz respeito à quantidade de óleo e gás que a ConocoPhillips pode extrair, foi contra a lei.

Gleason anulou um relatório do departamento de pesca e vida selvagem dos EUA por não apresentar medidas que mitiguem o impacto em populações de ursos polares. A agência do governo havia concluído que o projeto “não prejudicaria a sobrevivência e a continuidade da espécie, como também não resultaria em nenhuma modificação crítica no habitat do animal”.

Nicole Whittington-Evans, diretora do programa “Defensores da Vida Selvagem no Alasca”, chamou a decisão judicial de “uma vitória para as espécies que estão sob constante ameaça do aquecimento global, como os ursos polares, e para os residentes do local, que tiveram seus interesses ignorados até agora”. Ela suplicou que o governo Biden examine alternativas para esse projeto.

O governador do Alasca, Mike Dunleavy, disse em um pronunciamento que a decisão “feita por um só juiz, e que tenta terminar com um imenso projeto petrolífero em solo americano só faz uma coisa: aumenta a importação de petróleo e gás de ditaduras e organizações terroristas”.

Ele chamou a decisão de “horrível”.

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