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MIGRAÇÃO

Escassez de alimento provocada pela estiagem leva animais silvestres a áreas urbanas

A escassez de chuvas prejudica o ciclo reprodutivo das plantas e, com isso, muitos animais migram para as cidades devido à necessidade de encontrar alimento

31 de agosto de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Gambá em cima de muro em área urbana (Foto: Reprodução)

A presença de animais silvestres em áreas urbanas, decorrente do desmatamento, torna-se ainda maior por conta do tempo seco. A escassez de chuvas prejudica o ciclo reprodutivo das plantas e, com isso, muitos animais migram para as cidades devido à necessidade de encontrar alimento. Em meio à urbanização, ficam expostos a diversos riscos, como atropelamentos que podem ser fatais.

No Distrito Federal, as ações de resgate à fauna silvestre que migra para o ambiente urbano são realizadas pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA). Entre janeiro e julho, mais de 1,5 mil animais foram salvos, sendo a maior parte cobras, macacos, capivaras, saruês e aves.

De acordo com o comandante do BPMA, coronel Fábio Pereira, o objetivo da equipe é resgatar o animal em segurança e devolvê-lo à natureza, mas nem sempre a soltura imediata é possível, já que alguns animais são resgatados com ferimentos e, por isso, precisam de cuidados antes de serem reintroduzidos ao habitat.

“Olhamos o animal e avaliamos o estado físico dele. Normalmente, está muito arisco diante da situação”, explicou o coronel em entrevista à Agência Brasília. “Se não tem qualquer lesão, ele logo é reintroduzido ao habitat natural. Se está lesionado, encaminhamos ao zoológico para recuperação”, acrescentou.

Além dos casos de animais que migram por conta própria para o perímetro urbano, os militares resgatam também espécies alvo do tráfico que, após serem salvas, são encaminhadas ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), órgão do Ibama responsável por prestar o atendimento veterinário necessário e reintroduzir os animais à natureza após reabilitação.

“Nesta época de seca, é muito comum ver saruês andando pelas casas em busca de alimento. Ou macacos-prego que comem frutas em árvores perto do batalhão, na Candangolândia”, comentou o comandante, que mencionou ainda o resgate de um ouriço-cacheiro que foi mordido por cães em uma rua de Taguatinga. “Os animais usualmente vêm até a área urbana atrás de abrigo, alimento ou para a proliferação da espécie”, explicitou.

Pereira reforçou ainda que o resgate da fauna silvestre deve ser realizado exclusivamente por uma equipe especializada e, por isso, orientou a população a não tentar resgatar animais silvestres por conta própria e pediu que cachorros e gatos sejam mantidos longe desses animais para evitar brigas.

Para solicitar os serviços realizados pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental, basta acionar os militares através do 190. O atendimento é realizado 24 horas, todos os dias da semana.

Expansão urbana prejudica animais silvestres

Além da estiagem e do desmatamento realizado pela agropecuária, que derruba árvores para criar bois e plantar grãos usados na alimentação de animais explorados para consumo humano, há outros fatores que levam animais silvestres às cidades. Dentre eles, a expansão urbana.

Diretor de Fiscalização de Fauna do Instituto Brasília Ambiental, Victor Santos pontuou à Agência Brasília que a expansão urbana no Distrito Federal gerou a ocupação de áreas que originalmente eram povoadas pela fauna silvestre. “Isso gera impacto na vegetação nativa e prejudica muito os animais”, afirmou.

Santos incentivou ainda a existência de “cidades verdes”, que garantem habitats seguros para os animais em meio à urbanização e permitem uma convivência mais harmônia entre a fauna e os seres humanos. “É necessário coordenar melhor esse tipo de ocupação”, disse.

O ambientalista explicou ainda que o Instituto Brasília Ambiental monitora áreas de preservação e órgãos de fiscalização, como o DF Legal, que “têm o papel de retirar ocupações irregulares em locais não permitidos”.

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