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NOVA ZELÂNDIA

Emissões de gases geradas pela pecuária leiteira atinge níveis recordes

Pedidos por mais regulamentações depois dos últimos dados da Stats NZ mostrarem que as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 3% em 2019

16 de agosto de 2021
Tess McClure (The Guardian) | Traduzido por Cibele Garcia
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

De acordo com os últimos dados, as emissões de gases de efeito estufa na indústria de laticínios da Nova Zelândia atingiram a maior alta de todos os tempos.

Dados da Stats NZ, recém lançados sobre os anos 2007-2019, mostraram que as emissões oriundas de laticínios aumentaram 3.18% em 2019, para um total equivalente a 17,719 quilotoneladas de dióxido de carbono naquele ano. Essa alta auxiliou no aumento geral por todo setor agrícola, o qual liberou quase 42,000 quilotoneladas naquele ano.

A agricultura representou mais da metade do total de emissões domésticas e da indústria medidas pela Stats NZ, com a maioria dividida entre pecuária leiteira, criação de ovelhas e gado bovino. O aumento deu continuidade a uma alta de longo prazo em emissões agrícolas da Nova Zelândia, onde as emissões cresceram 5.5% na última década.

As emissões criadas pelo sistema digestivo de 6.3m de vacas da Nova Zelândia estão entre os maiores problemas ambientais neozelandês. A agricultura é uma das maiores produtoras de gases de efeito estufa do país, que causa o aquecimento global e a crise climática.

O porta-voz do Greenpeace, Steve Abel, disse que “não era nenhuma surpresa que quando você permite que corporações e indústrias regulem a si mesmas, elas basicamente mantêm o status quo de seu perfil de poluição.”

“Você tem que intervir e regular e legislar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa,” ele afirmou.

A Nova Zelândia é um dos piores países do mundo em desempenho no aumento de emissões. Suas emissões cresceram aproximadamente 57% entre 1990 e 2018 – o segundo maior aumento de todos os países industrializados. No início desse ano, dados mostraram que as emissões neozelandesas aumentaram em 2% em 2018-19.

O presidente da Federated Farmers, Andrew Hoggard, disse: “alimento não é um item bom de ter, é uma necessidade, e os fazendeiros da Nova Zelândia estão entre os melhores do mundo em produzir alimentos com baixa pegada de carbono.”

“Para a Nova Zelândia embarcar numa cruzada de virtude para fechar seu setor agrícola, apenas para dizer ‘olha, reduzimos em muito as emissões” não resolveu nada,” ele adicionou.

O setor está esperançoso quanto a novos desenvolvimentos científicos, tais como inibidores de metano, criação de animais, e o uso de diferentes formas de alimentação continuarão a diminuir as emissões de metanos, Hoggard afirmou.

Em 2019, a Nova Zelândia aprovou uma legislação climática multipartidária estabelecendo uma meta de emissões líquidas zero de CO2 até 2050, e estabeleceu a Comissão de Mudança Climática para mapear o caminho até o objetivo. O governo está obrigado legalmente a formular uma resposta política ao relatório da comissão, o qual foi lançado em junho – mas não traçou quais medidas políticas serão essas. O relatório da comissão descobriu que parte do trabalho para reduzir as emissões de metano poderia ser feito por meio de práticas agrícolas melhoradas e a criação de animais que produzem menos gases – mas também seria necessária uma queda no número total do rebanho em 10%-15%.

Hoggard também mencionou que as emissões de metano reduziram em relação a 2006 – mesmo que dados mostrem que as emissões de metano subiram bastante naquele ano. As emissões de metano, desde 2008, têm apresentado tendência de alta.

Abel disse que os dados de quinta-feira devem ser considerados uma estimativa conservadora, uma vez que não incluiu as emissões oriundas do transporte, do carvão usado para desidratar o leite em pó, ou as emissões de palmiste importados para alimentação.

“Todas as promessas da indústria de laticínios de se autorregular e cuidar do problema obviamente não estão funcionando, e esse fato é confirmado pelos dados de emissão,” disse Abel.

“Nós necessitamos da agricultura, mas a agricultura precisa parar de ser uma indústria poluidora – ela precisa fazer a terra ser saudável, manter nossos rios saudáveis, manter nossa água fresca saudável e não ocasionar eventos climáticos extremos por meio da alteração climática.

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