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CRISE CLIMÁTICA

Onda de calor siberiana resulta em novas emissões de metano

6 de agosto de 2021
Seon Hye Shin | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Denis Bushkovsky/Tass

A onda de calor siberiana de 2020 levou à novas emissões de metano do permafrost, segundo pesquisas.

Emissões do potente gás estufa são atualmente pequenas, disseram os cientistas, porém uma pesquisa mais extensa é urgentemente necessária.

Análise de dados de satélites indicaram que gás metano fóssil vazou de formações rochosas conhecidas como grandes reservatórios de hidrocarbonetos após a onda de calor, que atingiu o seu pico 6ºC acima da temperatura normal. Observações anteriores de vazamentos foram do solo do permafrost ou debaixo de mares rasos.

A maioria dos cientistas pensa que o risco de uma “bomba de metano” – uma rápida erupção de volumes massivos de metano causando o aquecimento global cataclísmico – é mínimo nos anos seguintes. Existe pouca evidência de emissões de metano do Ártico significantemente crescentes e nenhum sinal de tal bomba em períodos que foram ainda mais quentes que hoje ao longo dos últimos 130.000 anos.

Contudo, se a crise climática piorar e as temperaturas continuarem a subir, grandes emissões de metano permanecem como uma possibilidade ao longo prazo e devem ser melhor entendidas, disseram os cientistas.

O metano é 84 vezes mais poderoso em termos de retenção de calor, comparado com o dióxido de carbono em um período de 20 anos e tem causado cerca de 30% do aquecimento global até hoje. Sua concentração na atmosfera é atualmente de 2,5 vezes o nível da era pré-industrial e continua a subir, porém sua maioria é proveniente de exploração de combustíveis fósseis, gado, arrozais e aterros sanitários.

O professor Nikolaus Froitzheim, da Universidade Rhenish Friedrich Wilhelm de Bonn, Alemanha, e quem conduziu a pesquisa da Sibéria, disse: “Observamos um aumento significante na concentração de metano começando no último verão. Isso continuou durante o inverno, então deve haver um fluxo contínuo de metano do solo.”

“No momento, essas anomalias não são de grande magnitude, porém mostram que há algo acontecendo que não foi observado antes e o estoque de carbono [de combustíveis fósseis] é grande.”

“Não sabemos o quão perigosas [as emissões de metano] são, pois não sabemos o quão rápido o gás pode ser liberado. É muito importante saber mais sobre o assunto,” disse Froitzheim. Caso no futuro o grande aumento da temperatura global acarretem na liberação de um grande volume, “este metano seria a diferença entre uma catástrofe e o apocalipse.”

As emissões de metano tem sido consideradas um possível ponto crítico climático, no qual as emissões do gás causam um maior aquecimento, que por sua vez causam ainda mais emissões.

Entretanto, o Professor Gavin Schmidt, da Universidade Columbia nos Estados Unidos, que estava envolvido no estudo, disse que isso não tornou uma bomba de metano mais provável: “Simplesmente não há evidência para um grande feedback [para registros climáticos retrocedendo 130.000 anos], quando sabemos que o Ártico ainda era mais quente que nos dias de hoje. Se as temperaturas excedessem aqueles níveis, não haveria nenhum análogo histórico que poderíamos utilizar, porém ainda estamos próximos àqueles níveis.”

O estudo, publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, utilizou dados de satélite para examinar a Península de Taimir e seus arredores no norte da Sibéria, que foram atingidos pela onda de calor mais extrema de 2020.

As áreas nas quais as emissões de metano aumentaram coincidiram fielmente com as barreiras geológicas de formações de calcário que possuem várias centenas de quilômetros de comprimento e já são exploradas para extração de gás no final a oeste da bacia. O gás armazenado nas fraturas das rochas calcárias seria retido por uma camada sólida de permafrost. “Achamos que com isso [onda de calor], a superfície se torna instável, o que libera o metano,” disse Froitzheim.

O estudo concluiu que “o degelo do permafrost não apenas libera metano microbiológico de solos previamente congelados, mas também, e potencialmente em quantidades muito mais altas, metano [fóssil] de reservatórios mais profundos. Como resultado, a reação permafrost-metano pode ser muito mais perigosa do que o sugerido pelos estudos considerando apenas o metano microbiológico.”

Stéphane Germain, CEO da GHGSat, a empresa que produziu os dados de satélite, disse: “Lançamos uma ferramenta na esperança de que iria aumentar a conscientização e estimular discussões. Estou satisfeito com o fato de que o professor Froitzheim e seu time conseguiram fazer uso dela.”

Assim como o metano do degelo de solos e combustível fóssil, também há um grande reservatório de metano congelado com água em algumas partes dos oceanos do mundo. Entretanto, cientistas acreditam que levará um longo tempo para que o aquecimento global aqueça estas águas mais profundas. Mesmo se isto acontecer, eles esperam que grande parte do metano liberado seja dissolvido na água do mar e decomposto em CO2 por bactérias oceânicas antes que alcance a atmosfera.

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