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ESPERANÇA

Filhotes de rinoceronte-de-java avistados no último reduto da espécie

25 de junho de 2021
Basten Gokkon (Mongabay) | Traduzido por Luna Mayra Fraga Cury Freitas
3 min. de leitura
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A Indonésia anunciou avistamentos de dois filhotes de rinoceronte-de-java este ano no Parque Nacional Ujung Kulon, o último lugar na Terra onde esta espécie criticamente ameaçada é encontrada.

Os novos membros levam a população estimada da espécie a 73 indivíduos; conservacionistas têm registrado pelo menos um novo filhote por ano se juntando à população desde 2012.

Apesar do crescimento populacional estável, os rinocerontes permanecem sob ameaça iminente de doenças, desastres naturais e do ressurgimento da invasão de seu habitat.

Autoridades de conservação na Indonésia relataram o avistamento de dois novos filhotes de rinoceronte-de-java, aumentando as esperanças de crescimento populacional estável de espécies quase extintas.

Foto: Indonesian Ministry of Environment and Forestry

Os filhotes, uma fêmea e um macho, foram vistos em diferentes ocasiões em março por câmeras com sensores de movimento no Parque Nacional Ujung Kulon, na ponta oeste da Ilha de Java, na Indonésia, o último habitat do rinoceronte-de-java (Rhinoceros sondaicus) na Terra.

A adição dos dois filhotes leva a população total da espécie para 73 indivíduos, compreendendo 40 machos e 33 fêmeas. Há pelo menos um novo filhote de rinoceronte-de-java recém-nascido registrado todos os anos desde 2012, de acordo com a International Rhino Foundation (IRF).

“O nascimento natural consistente dos rinocerontes-de-java no Parque Nacional Ujung Kulon indica o sucesso da política de proteção total implementada em seu habitat no parque”, disse o Ministério do Meio Ambiente da Indonésia em um comunicado emitido em 12 de junho.

O ministério acrescentou que a filhote fêmea, que tem entre 3 e 5 meses de idade segundo estimativas, parece ser a segunda filha de uma rinoceronte chamada Ambu, que era conhecida por ter dado à luz pela primeira vez em 2017. O filhote macho, de aproximadamente 1 ano de idade, foi visto com sua mãe, a quem os conservacionistas chamaram de Palasari.

A espécie um dia chegou a habitar territórios ao norte através do sudeste da Ásia continental, até o leste da Índia. Mas teve sua população detonada pela caça furtiva e pela invasão humana em seu habitat. O último porto seguro do rinoceronte-de-java é Ujung Kulon, onde a proteção rigorosa significa que não houve tentativas de caça em mais de 20 anos. Isso é graças, em grande parte, ao trabalho de equipes de patrulha conhecidas como unidades de proteção de rinocerontes.

Foto: Indonesian Ministry of Environment and Forestry

No entanto, especialistas em rinocerontes têm destacado outras ameaças ao habitat, como pesca ilegal e a captura de lagosta nas águas protegidas do parque. O governo indonésio em maio de 2020 autorizou a volta da caça de lagosta selvagem para exportação, efetivamente abrindo as fronteiras de Ujung Kulon para os pescadores.

Além disso, Ujung Kulon está localizado à beira de Anak Krakatau, parte do vulcão ativo que sobrou após a erupção histórica de 1883. Em dezembro de 2018, uma enorme erupção arrancou parte da encosta fazendo-a deslizar para o mar. Isso gerou um tsunami que atingiu Ujung Kulon e áreas próximas, matando mais de 400 pessoas, incluindo dois funcionários do parque. Os rinocerontes estavam no interior e ficaram ilesos durante o incidente.

Mas a perspectiva de um único evento catastrófico eliminando a última população remanescente da espécie, seja um tsunami ou um surto de doença advindo de rebanhos vizinhos, levou a pedidos para que se encontrasse outro habitat adequado para estabelecer uma nova população de rinocerontes-de-java. Embora esses planos tenham sido discutidos por anos, nenhum local alternativo foi escolhido, sendo que o governo indonésio, em vez disso, optou por expandir o habitat utilizável pela espécie dentro de Ujung Kulon.

Há uma década, a população de rinocerontes-de-java era estimada em menos de 50 indivíduos. Acreditava-se que a última das espécies fora de Java vivesse no Vietnã, mas foi declarada extinta lá em 2010 devido à caça ilegal.

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