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SOFRIMENTO

Loja é criticada por condenar peixe gigante “a viver enclausurado” em aquário

10 de junho de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Nativo da Amazônia, um pirarucu explorado para entretenimento humano tem vivido em um pequeno aquário no qual nada em círculos.

Foto: Arquivo pessoal

Uma loja tem sido criticada nas redes sociais por manter um pirarucu gigante em um pequeno aquário apenas para entreter os clientes. Para a ativista pelos direitos animais Greice Maciel, de 36 anos, é inaceitável que o peixe viva nessas condições.

“Retiram um animal de 2,5 m e 150 kg da bacia amazônica e o condenam a viver enclausurado em um espaço minúsculo para atração do público!”, afirmou a ativista ao criticar a loja localizada na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Em uma publicação que viralizou nas redes sociais, Greice relata que, até então, não sabia que o peixe era tratado como atração para o público. Ela cita também um incêndio ocorrido em 2013 que matou animais que viviam no aquário e lamenta o fato dos clientes da loja considerarem normal o aprisionamento do pirarucu em um pequeno espaço.

“Algumas pessoas têm alegado que o animal, muito provavelmente, nasceu em cativeiro e que é legal. O meu questionamento é até que ponto, mesmo que seja legal, é eticamente aceitável você explorar um animal que não pertence aquele ambiente, que é minúsculo?”, disse a ativista ao propor uma reflexão sobre direitos animais.

Greice criticou ainda a retirada de animais de seu habitat para que sejam confinados em aquários “para o nosso egoísmo e capricho”. “A gente tem que questionar quais direitos esses animais têm e que estão sendo negligenciados até mesmo pela forma da legislação”, reforçou.

Imagens feitas na loja mostram o peixe nadando em círculos no pequeno aquário, condenado a viver uma vida miserável. Na opinião de Greice, esse tipo de situação ainda é recorrente porque “as pessoas são acostumadas a certos tipos de atitudes que acontecem na nossa sociedade e acabam vendo isso como normal. Já faz parte da cultura, já vem de anos, e às vezes não se questionam”.

O sofrimento do cativeiro

Tenham o mar ou os rios como habitat, quaisquer peixes dispõem de espaço imensamente maior para viver do que os tanques de água e aquários. Por maiores que sejam, eles ainda serão pequenos.

Assim como zoológicos, esses estabelecimentos são criados para gerar lucro. E mesmo que outras alegações sejam feitas para justificar a existência deles, não há nenhuma razão que sobressaia o lucro. Se não fossem lucrativos, eles sequer existiriam.

Os animais – sejam silvestres ou marinhos, de água doce ou salgada – só devem viver em cativeiro caso não existam condições de mantê-los na natureza (como é o caso de animais resgatados em condição de debilidade que os impede de retornar ao habitat). Ainda assim, o lugar adequado para recebê-los são santuários – que devem ser criados pelos governos e por empresas e pessoas físicas realmente comprometidas com o conservacionismo, que tenham a intenção de realizar iniciativas visando única e exclusivamente o bem-estar animal, sem foco no lucro.

Os aquários, no entanto, não existem com esse propósito. O objetivo deles é o lucro, como também ocorre com os zoológicos. E se ainda existe alguma dúvida sobre isso, basta imaginar uma condição na qual os sócios desses estabelecimentos, por qualquer que seja a razão, parassem de ganhar dinheiro explorando animais para entretenimento. Se manteriam abertos? Zoológicos pelo mundo já deram a resposta fechando as portas quando os lucros não chegaram – muitas vezes, inclusive, matando os animais num ato que chamaram de sacrifício, mas que na verdade é assassinato.

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