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Homem em situação de rua e cãozinho criam laço de amor e amizade

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2 de abril de 2021
Bruna Araújo | Redação ANDA Bruna Araújo | Redação ANDA Bruna Araújo | Redação ANDA Bruna Araújo | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Arquivo pessoal

O senhor Basílio, um idoso em situação de rua, e o cãozinho Zé são uma dupla conhecida no Centro de Ubatuba (SP). Juntos, eles superam diariamente os desafios e a solidão de não ter um lar. Eles se completam e têm um forte vínculo de amizade que o destino colocou à prova. Em fevereiro, o estado de saúde de Basílio se deteriorou. Febril, ele estava dormindo em uma calçada gelada usando roupas molhadas. Resistente, ele só aceitou atendimento médico se fosse acompanhado de uma grande amiga, a advogada e ativista Jaqueline Tupinambá, um dos principais nomes do ativismo pela defesa dos direitos animais e do meio ambiente da cidade.

Ela imediatamente foi em seu socorro e precisou da ajuda da polícia e do frei Wilalba, da Capela São Francisco, para ampará-lo. O caso de Basílio é delicado. Ele tem diabetes, infecções e dor crônica em um dos pés. Ele está internado há 30 dias. Durante todo esse tempo, o cachorrinho Zé entrou em desespero. Ele saiu do ponto onde costumava ficar com o seu tutor e desapareceu por dias. O frei Wilalba conseguiu encontrá-lo e tentou levá-lo para ser vacinado, mas ele fugiu novamente. A única coisa que ele pensa é em reencontrar o seu melhor amigo. Poucos dias depois, Zé foi visto na porta do hospital onde Basílio está internado.

Foto: Arquivo pessoal

Jaqueline e Wilalba conseguiram resgatá-lo, mas ele ainda está ansioso e não aguenta com tantas saudades do seu amado amigo. “O Zé está perdido, desorientado. Não come direto e está obcecado, só quer ficar andando entre o coreto da Igreja Matriz, onde ele dormia com seu pai Basílio, e a porta do hospital”, disse a advogada em entrevista à ANDA. Ela conta também como conheceu a dupla. “Comecei um trabalho junto aos moradores se rua e seus cães, castrando, vermifugando e oferecendo orientação jurídica para as pessoas das calçadas. Entre todos eles, Basílio me chamava a atenção: o gosto apurado pela literatura e pelas indagações sobre ser ou não ser”, lembra.

E completa: “Ele é fascinado sobre as teorias da terra e seus grandes filósofos. Ele conhece senão todos, uma grande parte deles. Tem paixão por Krishnamurti, conhece todas as obras. Tem algumas restrições a Gandhi, prefere Mártir Luther King. Um amigo, sofrido, pai de uma filha que mora fora. Basílio já deu aulas em São José dos Campos (SP), lecionava sobre matérias espaciais. Hoje ele só tem o Zé e o Zé só tem a ele. O Zé só obedece ele. O Zé ama apenas o Basílio “, disse Jaqueline, que torce diariamente para que ele tenha alta e reencontre o cãozinho, que anseia pela alta do tutor. “Eu sei que os dois estão sofrendo de saudades um do outro”, concluiu.

No domingo de Páscoa, dia 04 de abril, será realizada uma tentativa de reencontro entre Basílio e Zé. Estamos todos na torcida.

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