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Tráfico de animais causa queda em populações de espécies ameaçadas

Animais comercializados para a indústrias de animais de estimação, carne de caça, medicina tradicional, marfim e uso em laboratório diminuiram populações locais em até 99,9,Animais comercializados para a indústrias de animais de estimação, carne de caça, medicina tradicional, marfim e uso em laboratório diminuiram populações locais em até 99,9,Animais comercializados para a indústrias de animais de estimação, carne de caça, medicina tradicional, marfim e uso em laboratório diminuiram populações locais em até 99,9,Animais comercializados para a indústrias de animais de estimação, carne de caça, medicina tradicional, marfim e uso em laboratório diminuiram populações locais em até 99,9,Animais comercializados para a indústrias de animais de estimação, carne de caça, medicina tradicional, marfim e uso em laboratório diminuiram populações locais em até 99,9

28 de fevereiro de 2021
Maria Luiza Santos | Redação ANDAMaria Luiza Santos | Redação ANDAMaria Luiza Santos | Redação ANDAMaria Luiza Santos | Redação ANDAMaria Luiza Santos | Redação ANDA
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Imagem de dois elefantes juntos
Pixabay

Populações de animais selvagens diminuíram em uma média de 62% em áreas onde espécies são comercializadas, levando algumas delas a beira da extinção, de acordo com um novo relatório.

A primeira análise a quantificar o impacto da comercialização legal e ilegal de animais selvagens observou 133 espécies terrestres locais e descobriu que as mais ameaçadas – as quais tipicamente tem menores populações – são as que correm maior risco, com uma média de queda de 81%. Em alguns casos isso resulta em desaparecimentos locais, com algumas populações de macacos e antas caindo até 99,9%, de acordo com um time de pesquisadores internacionais liderados pela Universidade de Sheffield.

Várias extinções locais podem levar a extinção global, diz o estudo. “Nosso artigo mostra que a comercialização de espécies silvestres causa um declínio na espécie, o que é algo muito preocupante, porque nos locais onde as espécies diminuem elas sempre correm o risco de serem extintas”, disse o pesquisador líder Oscar Morton, um estudante de doutorado na Universidade Sheffield.

Algumas estimativas sugerem que a comercialização de animais selvagens pode chegar a valer $23 bilhões de dólares por ano, com mais de 100 milhões de animais e plantas traficados anualmente. O impacto global dessa comercialização no mundo selvagem era até então desconhecido. “Nós revisamos milhares de artigos publicados, em uma grande busca por compreender toda a pesquisa já disponível. Depois nós analisamos todos esses dados sobre todas as diferentes espécies”, disse Morton.

O time estudou o comercio nacional e internacional, assim também como o comércio legal e ilegal. “Toda a comercialização leva ao mesmo resultado – remover espécies de seus habitats. Alguns comércios ilegais são sustentáveis e alguns legais são absurdamente insustentáveis. Nós queremos avaliar o impacto geral”, disse Morton.

Os principais responsáveis pelo tráfico de animais selvagens são as indústrias pet, carne de animais de caça, medicina tradicional, marfim e uso laboratorial. O estudo não inclui a caça para subsistência feita pelas comunidades locais.

Os pesquisadores descobriram que apenas 31 estudos continham informações suficientemente confiáveis sobre os impactos nas populações, de acordo com o relatório publicado na Nature Ecology & Evolution. Eles incluíam 506 dados com amostras contendo informações sobre as populações de 99 espécies de mamíferos, 24 espécies de pássaros e 10 espécies de répteis.

Pesquisadores compararam as áreas onde o comércio de animal selvagem era ativo até locais inexplorados. Eles descobriram que esse comércio estava levando a população a um declínio de 56%, inclusive em áreas de proteção. Essa pesquisa segue um estudo publicado na revista Science em 2019, o qual descobriu que 18% dos animais vertebrados terrestres mais conhecidos são traficados, 50% a mais do que as estimativas anteriores.

“Todas essas formas diversas de comercialização estão suprimindo a vida selvagem de forma muito dramática”, diz um dos autores do artigo, David Edwards, professor de ciências da conservação da Universidade de Sheffields, que descreveu as suas descobertas como uma “forma de trazer sobriedade”.

“O fato da gente ter visto tanto declínio em tantas espécies diferentes e em diferentes escalas onde acontece tráfico – eu acho que isso é uma surpresa. E eu acho que isso é algo que nós temos muito com o que nos preocupar”, ele disse.

Havia uma falta de dados suficientemente rigorosos sobre os anfíbios, invertebrados, cactos e orquídeas na análise, apesar do fato de serem partes significativas do comércio global de animais selvagens. Havia também uma “série de padrões alarmantes” na cobertura geográfica dos estudos considerados adequados, com apenas 4 deles sendo na Ásia, um na América do Norte e nenhum na Europa, descobriram os pesquisadores. A maioria dos estudos focam na América do Sul e na África.

“Muitas pessoas que leem isso no Reino Unido podem achar que não tem nada haver com eles. Mas isso tem haver com um relacionamento maior e mais abrangente com a vida selvagem, que nós enxergamos como uma mercadoria que pode ser reabastecida. Se não é comprovado que pode ser sustentável, então porque nós continuamos a manter isso?”, disse Morton.

O comércio nacional e internacional – que mostrou ser mais significante em dizimar as espécies do que a venda local – geralmente envolvem extradição e venda de espécies e alto valor comercial, como marfim de elefantes africanos, chifres de rinocerontes javaneses e escamas de pangolim vindas da Ásia e da África.

A venda local de animais selvagens que envolve a comercialização ou a extração de carne de animais de caça apoia cerca de 150 milhões de famílias. Pesquisadores dizem que há uma necessidade urgente de mais estudos quantitativos que apoiem o comércio sustentável. “Muitos caçadores já estão dispostos a seguirem práticas sustentáveis e precisamos fomentar a troca de habilidades entre eles”, disse Morton.

Os pesquisadores disseram que deveriam haver melhores medidas protetivas para as espécies ameaçadas e mais pesquisas a respeito dos impactos de espécies específicas a nível local. “Melhorias na administração, atacando tanto a demanda não sustentável quanto relatórios comerciais, deveriam ser uma prioridade conservacionista para prevenir uma queda desenfreada liderada pela comercialização”, eles escreveram no artigo.

Dr. Harry Marshall, conservacionista da Universidade Metropolitana de Manchester que não foi envolvido nas pesquisas, disse que a metodologia é robusta e que é importante falarmos sobre a falta de estudos nessa área.

“Essa pesquisa é importante e demonstra de forma quantitativa o impacto que o comércio causa nas espécies em escala global, o qual é potencialmente enorme e preocupante para certas espécies.”

Marshall diz que o impacto da comercialização no declínio das populações era previsível, mas ele se diz surpreendido sobre as descobertas a respeito do comércio legal. “O impacto da venda legalizada é frequentemente ignorado e só recentemente e começou a ser levado a sério, então é bom ver que estão cobrindo isso”, ele disse.

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