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Continue comendo carne e ajude a destruir o meio ambiente

4 de junho de 2020
3 min. de leitura
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Pixabay

Para quem já pesquisou sobre o impacto da agropecuária no meio ambiente, não é nenhuma novidade que o setor é um dos maiores responsáveis pelo desmatamento não apenas da Amazônia, mas de diversos biomas brasileiros. Afinal, a tradição no Brasil é criar animais para consumo em sistema extensivo, com cada animal ocupando área média de 1,5 hectare.

Com o aumento no rebanho, que hoje já ultrapassa 213,5 milhões de bois (segundo o IBGE), ou seja, número superior à população humana do país, assim como a degradação de pastagens, a tendência é a agropecuária ocupar cada vez mais terras virgens de áreas antes intocadas pela necessidade de preservação ambiental.

Agropecuária na contramão da sustentabilidade

Hoje, mais do que nunca, há farto material disponível, apontando o quanto esse segmento econômico está na contramão da sustentabilidade. Até porque, além do desmatamento, é importante considerar que cada animal libera de 30 a 50 galões de metano por dia – gás do efeito estufa considerado até 30 vezes mais potente que o dióxido de carbono.

Mas se você acha que tudo isso é exceção, é válido ponderar que esta semana o Greenpeace divulgou um relatório apontando que as maiores indústrias de carne do país compraram milhares de bois criados em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia.

Grandes indústrias financiam desmatamento ilegal

A denúncia inclui JBS, Marfrig e Minerva Foods, e talvez tenha demorado a vir à tona porque os animais criados em áreas ilegais e comprados por essas empresas, dando origem à carne que você consome, eram transportados de uma fazenda para outra, na tentativa de apagar rastros de origem e trânsito de animais.

Segundo o Greenpeace, as três indústrias que ocupam papel de destaque no cenário global de carne vermelha compraram animais transportados da Fazenda Barra Mansa para a Fazenda Paredão, situada no Parque Estadual Ricardo Franco, alvo de desmatamento. O proprietário das fazendas foi identificado como Marcos Antônio Assi Tozzatti.

No relatório, o Greenpeace conclui que nenhum frigorífico ou supermercado no Brasil pode garantir que animais criados comprados a partir da Amazônia brasileira seja livre de desmatamento. Ademais, é importante entender que ninguém desmataria a Amazônia ilegalmente para criar animais se não houvesse um mercado consumidor. Ou seja, continue comendo carne e ajude a destruir o meio ambiente.

Exploração ilegal pela agropecuária já é antiga

Em 2017, o IBGE apontou que o Brasil já contava com mais de 350 milhões de hectares ocupados pela agropecuária – mais de 40% do território brasileiro, não incluindo apenas áreas agricultáveis.

A pesquisadora da Embrapa, Sandra Furlan Nogueira, informou que à época 172 milhões dos mais de 200 milhões destinados às pastagens já sofriam as consequências da degradação associada ao mau uso da terra. Isso pode explicar o interesse cada vez mais crescente de agropecuaristas de várias regiões do Brasil pelas terras ainda virgens da Amazônia.

No entanto, tal interesse não é recente considerando que a floresta amazônica se manteve intacta só até a década de 1970, quando a quantidade de gado equivalia a um décimo do rebanho da atualidade, como observado pelo documentário “Sob a Pata do Boi”, de Márcio Isensee e Sá, de 2018.

Com o passar dos anos e a intensificação do desflorestamento, hoje encontramos uma área que pode ser comparada à extensão territorial da França desmatada. Desse total, 66% transformada em pasto – denuncia o filme.


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