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Cadeira de rodas feita por impressora 3D devolve movimentos à cadela paraplégica

18 de abril de 2020
4 min. de leitura
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Lola teve sua vida transformada graças à cadeira de rodas (Foto: Cláudia Bacchi e Michelly Oda)

Uma cadela paraplégica voltou a andar após ganhar uma cadeira de rodas feita por uma impressora 3D. Um simples objeto transformou a vida da cadela, que antes precisava se arrastar para se locomover.

Lola foi abandonada em uma casa vazia em Montes Claros (MG). Resgatada pela protetora de animais Cláudia Bacchi, ela passou a receber os cuidados necessários. A suspeita é de que a paraplegia tenha sido causada por um trauma grave, gerado por uma agressão ou um atropelamento, por exemplo.

“Como os exames constataram que Lola não poderia voltar a andar, eu, que já acompanhava histórias de outros animais especiais na internet, vi um concurso para três cadeirinhas na página ‘Cão de Rodinhas” e decidi inscrevê-la. Até então, nunca tinha ouvido falar em impressão 3D”, contou Cláudia ao G1.

A cadela, então, ganhou o concurso. Com a vitória, veio a cadeirinha, doada por uma startup do Paraná de propriedade do ex-bancário Renato Ramos e de sua esposa, a técnica em mecânica e médica veterinária Nathalia Ramos.

“Quando começamos a pensar no projeto, a ideia era uma empresa que ajudasse as pessoas e que fosse voltada para o futuro”, disse Renato.

Segundo ele, as cadeiras são feitas de plásticos flexíveis de alta resistência, que são derretidos e formam camadas, permitindo que o objeto tenha três dimensões.

Renato e Nathalia (Foto: Renato Ramos / Arquivo Pessoal)

Desde 2018, várias próteses – usadas quando há a perda de um membro – e órteses – destinadas a casos em que existe uma deficiência ou o membro não funciona – foram confeccionadas pelo casal. As cadeirinhas, no entanto, não são destinadas apenas aos cães – embora já tenham devolvido a locomoção para muitos deles. Isso porque os produtos já ajudaram também a macaca Leucena e a patinha Princesa.

“As cadeirinhas são personalizadas e customizadas, essa da Lola demora de 15 a 45 dias para ser entregue. Após esse período, ainda fazemos o monitoramento para verificar se é necessário fazer algum ajuste”, explicou Renato.

“Trabalhamos para conscientizar que esse tipo de deficiência não deve ser usado como algo para tirar a vida de um animal. Pensamos que um animal especial traz algo ainda mais especial para a vida de quem cuida deles, por isso, costumo dizer que os animais especiais são destinados a tutores especiais”, completou.

A médica veterinária Priscila Cesar Caldas concorda com o ex-bancário. Ela e a veterinária Rayana Soares Ribeiro, que são sócias em uma clínica, ofereceram lar temporário para Lola no estabelecimento. Segundo Priscila, a cadeira de rodas permite que os animais realizem ações essenciais para seu bem-estar, como passeios, e evitam que eles sofram lesões ao se arrastarem pelo chão.

A veterinária Priscila deu lar temporário para Lola em sua clínica (Foto: Priscila Caldas / Arquivo Pessoal)

Além disso, a profissional explicou que, “assim como nós, os animais sentem o efeito e o trauma causado pela perda da mobilidade, que também afeta o lado psicológico deles”.

Após adquirir uma cadeira de rodas para animais, é preciso, segundo Priscila, realizar “o monitoramento do tempo que os animais ficam na cadeirinha e um trabalho de fisioterapia, de adaptação aos poucos, até o animalzinho conseguir ficar por mais tempo.”

Animais especiais

Além de resgatar Lola, a protetora Cláudia Bacchi é tutora de um cachorro cego. Bebê, como é chamado, é um dos seis cães tutelados por ela.

“Ganhei Bebê de uma amiga, quando perdi a minha companheirinha fiel, que já tinha 21 anos. A vida inteira, eu gostei de animais, herdei isso do meu pai. Trabalhei por 30 anos na saúde pública, aposentei e comecei a me dedicar mais aos animais”, relatou.

Lola e Bebê no colo de Cláudia (Foto: Cláudia Bacchi / Arquivo Pessoal)

Após dar a Lola os cuidados dos quais ela necessitava, Cláudia decidiu aumentar sua família, adotando a cadela.

“Se é difícil que um animal com as patinhas normais seja adotado, imagine um especial. Quero mostrar que esses animaizinhos têm a possibilidade de serem inclusos na sociedade, que podem ter um lar e que vivem maravilhosamente bem”, concluiu.


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